Redação Exame
Publicado em 6 de março de 2025 às 12h03.
A Fifa anunciou a criação do Mundial de Clubes Feminino a partir de 2028, em encontro virtual do conselho da entidade realizado nesta quarta-feira, 5, entre dirigentes de todo o mundo. Além disso, foi anunciada também a disputa anual da Copa das Campeãs, com previsão para 2026.
O formato do torneio vai reunir 16 clubes, com cinco vagas diretas da Europa, duas da América do Sul, duas da África, duas da Ásia e duas da Concacaf. As outras três vagas devem sair de jogos realizadaos entre os classificados de cada confederação, por meio de uma fase preliminar.
De acorco com anúncio, as 16 equipes dividirão em quatro grupos com quatro equipes, com as duas melhores se classificando às quartas de final, seguindo em confrontos eliminatórios até a grande final. O país-sede da primeira edição ainda não decidido.
Já a Copa das Campeãs, que será anual -com exceção de quando acontecer o Mundial de Clubes, vai reunir as vencedoras dos seis continentes presentes, com previsão de início para 28 de janeiro de 2026. O representante da Conmebol entra diretamente na semifinal e disputa contra uma equipe da Concacaf a classificação para a final.
"Iniciativa interessante, e não só comercialmente, mas para incentivar o investimento nos elencos no hemisfério sul, principalmente. Antes de gerar novas obrigações para os clubes, é preciso gerar momentos de interesse pela modalidade, mais intercâmbio. Com oportunidades como essa, mais público será formado, isso atrai mais patrocinios, e a dependencia das imposições diminuirá", explica Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil, empresa de entretenimento norte-americana, que gerencia a carreira de centenas de atletas.
Em dezembro de 2025, a Fifa anunciou as datas da Copa do Mundo feminina de 2027 no Brasil, com início para 24 de junho e término em 25 de julho (domingo). Por enquanto, a definição das cidades sedes ainda não foi definida. Belém, Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Fortaleza, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo foram os locais inspecionados, com avaliações para estádios, mobilidade, aeroportos e infraestrutura técnica. Devem ser escolhidas entre oito e dez cidades, e o anúncio oficial deve ocorrer no início do próximo ano.
O Brasil já está garantido na competição por ser sede. A Conmebol terá um total de quatro vagas. A Uefa ficará com a maioria, 11, enquanto Concafaf e Confederação Africana de Futebol terão quatro cada uma. Já a Confederação Asiática de Futebol terá seis. A Confederação de Futebol da Oceania ficou com uma vaga. Outras três posições serão definidas por meio de um torneio playoff com 10 equipes.
“Realizar a Copa do Mundo Feminina no Brasil será uma ótima oportunidade para desenvolver a modalidade no país. Nós teremos um grande investimento em várias frentes e isso beneficiará o ecossistema como um todo desde que o dinheiro seja bem empregado", afirma Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports e membro do comitê organizador da Brasil Ladies Cup.
"A Copa do Mundo é o ápice para todo o ecossistema do futebol. Ser sede do torneio, em um momento de aceleração do desenvolvimento e afirmação como um grande produto no mercado brasileiro, faz com que o futebol de mulheres amplie seu alcance e engajamento do torcedor. É uma oportunidade de massificação da modalidade, já que a Copa do Mundo atinge públicos diversos e traz novos fãs para acompanharem", diz Danielle Vilhena, diretora de projetos e operações de marcas da agência End to End, com liderança em projetos estratégicos e produção de conteúdo para o COB e o Time Brasil durante Paris-24.
Apesar de ainda estar em desenvolvimento dentro do campo, os últimos anos têm sido animadores para o Brasil fora dos gramados. Na Copa do Mundo de 2023, o país bateu recorde de audiência com mais de 60 milhões de pessoas acompanhando a competição, além de constantes recordes de público nos estádios durante os campeonatos nacionais.
"O crescimento do futebol feminino nos últimos anos é um reflexo claro do aumento de interesse e de investimento”, comenta Renê Salviano, CEO da Heatmap, empresa especializada em marketing esportivo.
“Receber a Copa do Mundo Feminina no Brasil é um marco que reflete o crescimento da modalidade no país. O evento não só inspira uma nova geração de meninas a sonharem com o futebol, mas também aproxima o esporte feminino do nível de paixão que o brasileiro já tem pelo futebol masculino. Além disso, o impacto econômico é inegável, com movimentação de diferentes setores e geração de empregos, enquanto reposiciona o Brasil no radar global como um país-sede de grandes eventos esportivos. É uma oportunidade de ouro para fortalecer o legado esportivo e social do país", opina Ivan Martinho, professor de marketing esportivo pela ESPM.
Para Sergio Schildt, presidente da Recoma, uma das maiores empresas especializadas em infraestrutura esportiva da América Latina, a realização da Copa do Mundo Feminina tende a ser mais fácil do que a masculina, não devido à comparação do tamanho da competição, mas sim à infraestrutura consolidada pelo país após sediar a Copa de 2014.
"Isso torna a tarefa mais simples, uma vez que o país já possui todas as ferramentas necessárias para a organização de um grande evento. A abordagem para a realização de uma Copa do Mundo passou por melhorias em vários aspectos, incluindo a qualidade da infraestrutura, a capacidade de cativar os torcedores e as condições de hospedagem. Nesse sentido, o Brasil destaca-se por ter recentemente organizado tanto uma Copa do Mundo quanto uma Olimpíada, e reúne todos esses requisitos, posicionando-se como um forte candidato para sediar o torneio. Comparado à maioria dos países do mundo, com exceção daqueles que também sediaram eventos nos anos seguintes aos nossos, o Brasil demonstra estar mais qualificado”, endossa
Ser o palco de uma competição desta magnitude tende a gerar impactos para o país também em outras frentes, tanto dentro, como fora das quatro linhas. Com uma notoriedade maior a cada ano, a modalidade tem atraído mais por parte de jovens e crianças, que desejam ingressar na modalidade. Para isso, é fundamental que se forneça as condições necessárias para que estas atletas se desenvolvam desde a base, e consequentemente elevem a qualidade do futebol feminino praticado no país nos próximos anos.
"Um evento como esse possui um enorme potencial de transformação da modalidade no país. Nos últimos anos, o Brasil já tem observado uma significativa evolução da modalidade, porém, sediar a Copa do Mundo irá potencializar ainda mais esse processo, o que por consequência deve trazer saltos expressivos no consumo e mudanças culturais mais concretas", comenta Camila Estefano, General Manager do Em Busca de Uma Estrela, projeto social que oferece assistência médica, odontológica, nutricional e psicológica, para meninas que sonham em atuar profissionalmente.
Assim como a seleção principal, a equipe feminina sub-20 não vem de grandes destaques no mundo, mas continua absoluta na América do Sul. No início de maio, as comandadas de Rosana dos Santos conquistaram o decacampeonato do Sul-Americano Sub-20, e garantiram vaga no Mundial da categoria, que será disputado entre agosto e setembro, na Colômbia.
Uma curiosidade da conquista foi o número de jogadoras beneficiárias do Programa Bolsa Atleta. Das 22 convocadas na ocasião, 12 recebem o auxílio do governo - representando 54% das selecionadas. Criado pelo Ministério do Esporte em 2005, o programa é considerado o maior do mundo em patrocínio esportivo individual, e visa dar o suporte necessário para que atletas se dediquem exclusivamente aos treinamentos.
“É muito positivo a Seleção Feminina com tantas atletas contempladas por este tipo de incentivo. O Bolsa Atleta torna-se muito positivo em um cenário em que o futebol feminino, por muitas vezes, não garante uma remuneração digna para as jogadoras, principalmente nas categorias de base. Por meio do programa, mais talentos poderão ser formados e posteriormente alterar o panorama da modalidade no país”, comenta Vanessa Pires, CEO e fundadora da Brada, startup que conecta empresas e investidores com projetos de impacto positivo.
Além de confirmar a dominância no continente, o resultado ainda foi extremamente significativo por marcar a estreia da técnica Rosana dos Santos em uma competição oficial. Com uma nítida evolução do futebol feminino de base no país, o próximo objetivo da seleção sub-20 será superar sua melhor posição em Copas do Mundo: bronze nas edições de 2006 e 2022.
“Gradativamente, as mulheres têm conquistado cada vez mais espaço no meio esportivo. Desta vez, a presença de uma treinadora no futebol de base da seleção brasileira exemplifica a mudança e reafirma a evolução da modalidade. Com maiores investimentos e atenção para as categorias inferiores, a tendência é que a equipe sub-20 se torne cada vez mais forte e importante para a seleção principal”, analisa a Dra Flávia Magalhães, especialista em medicina esportiva e que acumula convocações para a Seleção Brasileira Feminina desde 2015.
Outra curiosidade é o número de jogadoras beneficiárias do Programa Bolsa Atleta. Das 22 convocadas na ocasião, 12 recebem o auxílio do governo - representando 54% das selecionadas. Criado pelo Ministério do Esporte em 2005, o programa é considerado o maior do mundo em patrocínio esportivo individual, e visa dar o suporte necessário para que atletas se dediquem exclusivamente aos treinamentos.
“É muito positivo a Seleção Feminina com tantas atletas contempladas por este tipo de incentivo. O Bolsa Atleta torna-se muito positivo em um cenário em que o futebol feminino, por muitas vezes, não garante uma remuneração digna para as jogadoras, principalmente nas categorias de base. Por meio do programa, mais talentos poderão ser formados e posteriormente alterar o panorama da modalidade no país”, comenta Vanessa Pires, CEO e fundadora da Brada, startup que conecta empresas e investidores com projetos de impacto positivo.
"Um evento como esse possui um enorme potencial de transformação da modalidade no país. Nos últimos anos, o Brasil já tem observado uma significativa evolução da modalidade, porém, sediar a Copa do Mundo irá potencializar ainda mais esse processo, o que por consequência deve trazer saltos expressivos no consumo e mudanças culturais mais concretas", comenta Camila Estefano, General Manager do Em Busca de Uma Estrela, projeto social que oferece assistência médica, odontológica, nutricional e psicológica, para meninas que sonham em atuar profissionalmente.