Corinthians: 95% dos times da Série A do Brasileirão possuem patrocínios com casas de apostas. (Agência Corinthians/Divulgação)
Repórter da Home e Esportes
Publicado em 19 de janeiro de 2024 às 11h23.
Última atualização em 19 de janeiro de 2024 às 11h25.
Nos acréscimos do calendário parlamentar, o Congresso aprovou, em dezembro, a regulamentação das apostas esportivas no país. Atualmente, o Brasil é o terceiro maior mercado de consumo de casas de apostas do mundo, atrás apenas de Estados Unidos e Inglaterra, sendo o primeiro em número de acessos a sites de apostas.
A falta de regulamentação, até então, inibia o crescimento mais acelerado do setor. Com a regulamentação, as empresas apostam em um aumento exponencial de receita e usuários, além de presença em — literalmente — todos os lugares.
Esse aumento teve um impacto notável em uma das maiores paixões do Brasil: o futebol. Dentro da Série A do Campeonato Brasileiro, 95% dos times são patrocinados por empresas que fazem parte do setor de apostas esportivas do país, sendo 75% a nível máster. Apenas o Cuiabá não conta com o patrocínio de uma 'bet'.
No último domingo, 7, o Corinthians anunciou o maior patrocínio do futebol brasileiro com a plataforma Vai de Bet. O acordo irá prever valor recorde de R$ 120 milhões anuais para os cofres alvinegros, pelo período de três temporadas.
O Timão não é o único com patrocínio milionário nesse mercado. O Flamengo e o São Paulo também fecharam novos contratos de patrocínio master para 2024, com valor bem maior que em 2023.
O Rubro Negro, segundo maior contrato do Brasil, assinou com a Pixbet que renderá R$ 85 milhões anuais. Anteriomente o patrocínio master pertencia ao banco BRB, que rendia R$ 45 milhões.
O São Paulo fechou com a Superbet com valor de R$ 52 milhões anuais. Esse é o terceiro maior patrocínio máster no futebol brasileiro.
Rene Salviano, CEO da Heatmap, acredita que a sinergia entre as instituições e o ramo de futebol, são determinantes na busca por patrocínios.
"Há cinco anos temos notado uma crescente nos valores das propriedades negociadas com o mercado de apostas e isso não é por acaso. As arenas, as instituições desportivas e tudo que envolve o esporte tem total sinergia com este mercado, o que acaba fazendo total sentido para essas empresas estarem no esporte, seja o futebol ou o vôlei, que são os dois esportes mais praticados no país. Além desta conexão, usar o esporte como plataforma de comunicação é uma estratégia muito forte. Comunicar esporte é comunicar saúde, energia e vários outros elementos que facilitam o engajamento com a marca patrocinadora, destacou.”
Além das marcas nas camisas, as casas de apostas cercam o futebol brasileiro de outras formas. Naming rights, parceria de investimentos e apoio às torcidas são algumas das ações vistas. A Fonte Nova, por exemplo, estádio utilizado pelo Bahia, agora em 2024 se chamará Casa de Apostas Arena Fonte Nova. Um contrato válido por quatro temporadas e com o valor de R$ 52 milhões, abrangendo as partidas de futebol e shows no local.
Grêmio e Esportes da Sorte fizeram uma parceria que auxiliou com os custos da estrela uruguaia Luis Suárez. Além de frutos fora das quatro linhas, o retorno esportivo foi imediato. O centroavante deixou o tricolor gaúcho ao término do último ano anotando 29 gols e servindo 17 assistências, números que renderam a ele o prêmio Bola de Ouro do campeonato.
Outro envolvimento de empresas de apostas no futebol é com torcidas organizadas. O Galera.bet apoia as principais do país e auxilia com bandeiras, viagens e até ações sociais. Marcos Sabiá, CEO da plataforma, enxerga semelhanças entre os dois nichos.
“As organizadas são alvo de preconceito, assim como as casas de apostas. As torcidas desempenham um papel social em suas comunidades e nossas parcerias são um sucesso. Os torcedores são imprescindíveis para o espetáculo, os grupos têm relevância política grande, transcendem o futebol”, aponta Sabiá.
Com a lei da regulamentação das apostas esportivas em vigor no país, a tendência é de que o mercado enxugue, reduzindo o número de empresas que atuam em território nacional devido aos impostos e taxas previstos. No entanto, de acordo com Fernando Paz, diretor comercial da Absolut Sport, agência de marketing esportivo, não deve ter reflexo para os clubes de futebol.
“A regulamentação do setor vai ter impacto positivo. Todos os envolvidos no cenário terão mais segurança, até para investir. Os clubes também possuem respaldo jurídico para firmar essas parcerias, então devem estar resguardados para possíveis imbróglios futuros”, comenta Paz.