Redação Exame
Publicado em 18 de setembro de 2024 às 17h20.
Nos últimos anos, a experiência de assistir a um jogo de futebol passou por uma revolução, impulsionada pelo avanço tecnológico. De realidade virtual à transmissões interativas, as empresas estão adotando novas tecnologias para transformar a maneira como torcedores vivenciam o consumo do esporte. Esses investimentos na imersão dos fãs têm sido feitos tanto nas transmissões de maneira remota, quanto in loco nos estádios em dias de jogos.
A realidade virtual (VR) e a realidade aumentada (AR) têm desempenhado papeis pioneiros na transformação da experiência esportiva. Com a VR, os torcedores podem ter a sensação mais próxima de estar em um estádio a partir do sofá de suas casas. Esse tipo de transmissão vem ganhando mais adeptos desde o período da pandemia, em que os torcedores não podiam frequentar as arenas. Outro momento determinante para o desenvolvimento da tecnologia foi a Copa do Mundo do Qatar em 2022, no qual grandes emissoras do mundo todo, como Fox Sports e BBC fizeram parcerias com empresas de óculos VR para transmitir os jogos da competição.
“Durante a pandemia, experiências que eram capazes de simular interações tiveram um momento bastante propício para florescer. Nesse sentido, a adoção de tecnologias de VR em transmissões foi o caminho para as experiências imersivas. Com restrições de viagem e distanciamento social, muitas empresas recorreram a VR para criar eventos virtuais, emulando a sensação de presença física. Para o cérebro, isto serviu como uma espécie de alívio, oferecendo um simulacro da realidade. É possível dizer, inclusive, que a pandemia catalisou a integração dessas tecnologias nos comportamentos de consumo e moldou o que temos visto nas transmissões e no próprio marketing digital,” analisa Edmar Bulla, fundador e CEO do Grupo Croma de design de inovação e futuros, graduado pela ESPM, com especialização em Marketing Digital por Harvard.
Já a realidade aumentada utiliza de elementos virtuais para complementar a transmissão e têm sido usada no esporte principalmente para mostrar estatísticas das partidas e em mesas táticas por comentaristas para explicar alguma jogada. A Globo é pioneira no uso de AR em transmissões esportivas no Brasil. Para os últimos Jogos Olímpicos, a emissora investiu pesado em um estúdio com projeções 3D ultrarrealistas e paineis de LED que, com mais de 150 m², simulavam o interior da Torre Eiffel.
"Esse conjunto de tecnologias tende a criar uma nova forma de interação e de experiência para os torcedores. Já temos a entrada de algumas dessas ferramentas em serviços de streaming, como a NBA, que utiliza a realidade virtual, por meio de óculos de realidade aumentada, para gerar imersão ao indivíduo, colocando-o virtualmente próximo à quadra, com visão 360 graus em transmissões ao vivo ou oferecendo até mesmo a possibilidade de acompanhar estatísticas e participar de enquetes e outras interações por meio do aplicativo. Além disso, essas soluções também tendem a modificar o comportamento de consumo", destaca Renan Borges, Diretor de Tecnologia da End to End, empresa que conecta o torcedor à sua paixão e é um hub de soluções e engajamento para o mercado esportivo.
Transmissões de futebol via streaming também têm crescido muito no gosto do brasileiro, principalmente com a revolução do formato proposto pela CazéTV na Copa do Mundo de 2022. A empresa, que tem como proprietários o influenciador Casimiro Miguel e a companhia LiveMode, já se consolidou, mesmo em pouco tempo, como uma das principais emissoras esportivas do país. Esse sucesso abriu as portas para outras instituições investirem na aquisição de direitos esportivos, desde grandes nomes do mercado digital como a Amazon, com o Prime Vídeo, até novos players que surgiram após esse movimento, como o Canal Goat.
"A chegada da CazéTV e outros players fizeram o mercado se movimentar. As TVs abertas são gigantes no Brasil, mas o público pede novas formas de interação e as marcas patrocinadoras também querem conectar de uma forma mais customizável para vender com mais facilidade. Tudo isso gera a necessidade de inovação no mercado", destaca Renê Salviano, CEO da Heatmap e especialista em marketing esportivo.
Outro ramo que lucra bastante com transmissões esportivas é o de bares e restaurantes, que passam os jogos em seus estabelecimentos. Recentemente, viralizou nas redes sociais um Sport Bar dos Estados Unidos, que inovou ao transmitir a rodada da Premier League em um painel de LED de 26 metros, trazendo uma imersividade total, na qual o torcedor aparentava estar praticamente dentro do campo, mesmo estando do outro lado do mundo.
No Brasil, alguns estádios têm experimentado novas formas de proporcionar experiências inesquecíveis aos torcedores durante os jogos. Um exemplo é o camarote FielZone, localizado na Neo Química Arena, casa do Corinthians. Administrado pela empresa Soccer Hospitality, o espaço da Choperia funciona como um restaurante nos dias sem jogos. O local se tornou um ponto de referência na Zona Leste de São Paulo, sempre atraindo um público numeroso. O ambiente também oferece televisões para os fãs assistirem aos replays, aumentando a imersividade, além de pontos para carregar o celular e áreas de lazer com videogames, pensando na hospitalidade do torcedor.
“Sabemos que a mística do futebol vai além do próprio jogo. Por isso, sempre buscamos oferecer a melhor experiência possível aos fãs. Se o torcedor deseja almoçar, jantar ou simplesmente relaxar enquanto aprecia a vista do campo, essas são opções que disponibilizamos. Acreditamos ser essencial explorar os espaços da melhor forma, sempre visando a satisfação dos nossos clientes”, afirma Léo Rizzo, CEO da Soccer Hospitality.