Dani Olmo, destaque do Barcelona, pode sair sem custos devido à crise financeira e ao rigor da LaLiga. (FC Barcelona/Divulgação)
Redator na Exame
Publicado em 6 de janeiro de 2025 às 10h20.
O FC Barcelona, um dos clubes mais vitoriosos do futebol mundial, enfrenta uma crise financeira que pode custar não apenas milhões de euros, mas também a saída de um dos seus principais reforços da temporada, o meia Dani Olmo.
A LaLiga, entidade que organiza o campeonato espanhol, removeu Olmo e Pau Victor do registro oficial do clube após o Barça falhar em cumprir o prazo de 1º de janeiro para registrar os jogadores. As informações são da Bloomberg.
A exclusão ocorre devido ao rigoroso regulamento de fair play financeiro da liga, que limita o gasto com salários de acordo com a receita, a dívida e os prejuízos das equipes. No caso de Olmo, o Barcelona corre o risco de perder o jogador sem compensação financeira, mesmo após pagar €50 milhões (R$ 308 milhões) para contratá-lo em agosto. Além disso, o clube poderá continuar responsável por seu salário, que vai até 2030, enquanto ele joga por outra equipe.
A situação atual é o capítulo mais recente de uma crise financeira que se arrasta há anos. Desde que assumiu a presidência em 2021, Joan Laporta tentou implementar diversas manobras financeiras para manter o clube competitivo, muitas delas baseadas em receitas futuras. Entre os acordos estão a venda de 25% dos direitos de transmissão da LaLiga para a Sixth Street Partners, a negociação de 24,5% do estúdio de conteúdo Barça Studios e um contrato de naming rights com o Spotify, que rebatizou o estádio como Spotify Camp Nou.
Mesmo assim, a gestão de Laporta não conseguiu convencer a LaLiga a aceitar novos acordos para garantir o registro de jogadores. O clube argumenta que terá renda futura suficiente, incluindo a venda de assentos VIP no estádio reformado, mas a liga não considera essas projeções como garantia viável.
A exclusão de Olmo e Victor do registro oficial da LaLiga não afeta apenas as finanças do Barcelona, mas também seu desempenho esportivo. Olmo era visto como uma peça-chave no meio-campo do clube, capaz de liderar a equipe em competições importantes. Além disso, a situação pode gerar um impacto significativo na reputação do clube, afastando futuros investidores e patrocinadores.
Sem conseguir registrar Olmo, o Barcelona ainda terá que lidar com as consequências financeiras de um contrato milionário que pode não gerar retorno esportivo. Isso também expõe a fragilidade das estratégias de Laporta, que depende de recursos futuros para aliviar a pressão sobre os cofres do clube.
Apesar das dificuldades, o Barcelona ainda busca alternativas para contornar a crise. Entre as opções está a venda de mais ativos e o refinanciamento de dívidas. No entanto, o mercado europeu, já saturado, pode dificultar novos negócios e limitar a capacidade do clube de negociar melhores condições financeiras.
O caso do Barcelona destaca a severidade das regras de fair play financeiro da LaLiga, que são algumas das mais rígidas do mundo. Diferentemente de outras ligas europeias, onde as punições são mais brandas, a LaLiga exige que os clubes operem dentro de limites rígidos, o que tem pressionado equipes tradicionais como o Barça a se adaptarem ou enfrentarem consequências severas.
Enquanto isso, a reforma do Spotify Camp Nou, estimada em €1,5 bilhão (R$ 9,3 bilhões), continua drenando recursos do clube. O projeto, embora necessário para modernizar o estádio e aumentar receitas futuras, tem contribuído para o aumento das dívidas de curto prazo.
O FC Barcelona agora se encontra em uma encruzilhada. Resolver seus problemas financeiros e esportivos será crucial para preservar sua posição como um dos maiores clubes do mundo e evitar que situações como a de Dani Olmo se repitam.