O que o torcedor do Corinthians prefere? (Pedro Consoli/Exame)
Publicado em 7 de setembro de 2024 às 19h21.
Última atualização em 7 de setembro de 2024 às 19h48.
Receber um jogo da National Football League (NFL) no Brasil foi a realização de um sonho para os 41 milhões de fãs de futebol americano no país. A partida, que terminou com vitória para os Eagles por 34 a 29 sobre os Packers, levou mais de 47 mil pessoas ao estádio do Corinthians, em Itaquera, na noite da última sexta-feira, 6. Ninguém ficou mais feliz, no entanto, do que o corinthiano que gosta do esporte da bola oval.
André Udlis, sócio-torcedor do Corinthians e fã do Tampa Bay Buccaneers, ficou orgulhoso que a NFL escolheu e promoveu a NeoQuímica Arena para o mundo – e o estádio fez bonito. “O que a NFL entregou aqui, eu nunca vi igual. O Corinthians nunca fez nada igual” disse ele, que frequenta a arena do clube semanalmente, à EXAME. “Pelo que o organizador do evento fez, foi disparado a melhor experiência que eu já tive aqui.”
André explicou que sentiu a energia desde a saída da estação de metrô mais próxima da NeoQuímica Arena, a Corinthians-Itaquera, da Linha 3-Vermelha. Todo mundo vestiu sua melhor roupa, a camisa do seu time do coração, e realizou um sonho em conjunto de ver um jogo da NFL no Brasil pela primeira vez. Ninguém conseguia conter os ânimos.
“Jogo do Corinthians é menos emocionante, um pouco menos na pele, porque quase todo mundo já foi assistir pelo menos uma vez,” conta. “No metrô, foi todo mundo conversando, especulando como seria em um clima totalmente amigável.”
Para quem era neutro, o espetáculo foi perfeito, as torcidas realmente estavam unidas. Isso, claro, não acontece em jogos do Corinthians – nem de qualquer outro clube ou estádio do Brasil. “Todo mundo comemorava todos os touchdowns. Estava todo mundo lá, tranquilo,” falou. “Eu nunca pensei que veria isso no Brasil: torcedores de vários times convivendo pacificamente.”
Outro ponto que chamou a atenção do público foi a simulação das famosas festas de “tailgate” da NFL. Nos Estados Unidos, tradicionalmente, os torcedores chegam cedo ao estádio, montam churrasqueiras e ficam comendo e bebendo no estacionamento antes do jogo começar. No Brasil, a Liga providenciou food trucks, ativações, lojas e uma experiência de livre circulação no estádio, algo que também não acontece no futebol brasileiro. Isso fez com que os torcedores chegassem até quatro horas antes do jogo começar, em comparação com os tradicionais 15 ou 30 minutos em partidas do Brasileirão, por exemplo.
André não está sozinho em sua opinião. Allan Souza, também corinthiano, jogador de futebol americano no Brasil (FABR) e ex-atleta do Corinthians Steamrollers, não deu chances para o futebol da bola redonda. “Eu vim sendo corinthiano e jogando por seis anos no Corinthians do futebol americano. Ver o esporte acontecendo aqui é surreal,” conta Apolo, como gosta de ser chamado.
Parece que jogar FABR é um ponto fraco para o fiel torcedor que estava na Arena. Guilherme Falcomer foi campeão brasileiro de futebol americano em 2013 pelo Jaraguá Breakers, de Santa Catarina. Ele não conseguiu escolher qual amor era maior, então, ficou em cima do muro.“O coração fala mais alto pelo futebol americano, mas a vibe de ver jogo do Corinthians aqui também é muito legal,” confessou.
Por outro lado, teve quem não deu nem chances para a NFL. Breno, torcedor do Timão e morador de São Paulo, de 20 anos, entrou no estádio com uma camisa do Corinthians escondida por debaixo de um casaco preto. Achou a experiência do futebol americano “ótima”, mas, para ele, não há comparação. “Aqui é Corinthians acima de tudo, dane-se a NFL,” brincou.
Para Natália, que já assistiu vários jogos na Arena do Corinthians, nem a vitória dos Eagles, seu time de futebol americano, foi o suficiente. "Viver isso aqui foi muito legal, mas ver um jogo do Corinthians é impagável."
Carolina Souza, torcedora do New England Patriots, concorda. A maior diferença para ela foi a energia da torcida no pré-jogo. “Se isso aqui fosse jogo do Corinhians, já estaria fervendo,” comentou à EXAME, pouco depois de cantar, sozinha, músicas do Corinthians junto à Bateria Ritimão, que fez várias apresentações ao longo da partida.
Matheus Frederico, o Fred, ficou indeciso e não falou qual experiência era a melhor. Mas, sobre a melhor torcida, ele não deixou dúvidas. “Se colocar a Gaviões aqui por um minuto, os Eagles entenderiam por que o jogo deles está sendo aqui. Tinha que ser aqui.”