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Com novas regras e cidades escolhidas, Mundial de Clubes abre leque para novos negócios nos EUA

Fifa abre possibilidade inédita para contratações aos 32 clubes participantes

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 4 de outubro de 2024 às 18h13.

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A Fifa vai promover algo inédito e abrir uma nova janela de transferências visando a disputa do Super Mundial de Clubes, que acontece de 15 de junho a 13 julho de 2025, nos Estados Unidos. O período vigente será entre 1 e 10 de junho, com objetivo de movimentar as negociações dos 32 clubes envolvidos na disputa e a possibilidade da renovação dos contratos que possam expirar durante a realização da competição.

A nota diz que essa medida serve para “encorajar os clubes e jogadores cujos contratos estão expirando para que encontrem uma solução apropriada que facilite a participação dos mesmos, e proporciona as melhores condições possíveis para que todos os 32 times e os melhores atletas do mundo brilhem no mais alto nível.”

A adesão desta novidade, no entanto, vai ficar sob a responsabilidade de cada associação membro da Fifa, caso as federações locais adotem a medida - no caso do Brasil, quem escolhe é a CBF.

“Medidas que favoreçam a competitividade é sempre um ponto de crescimento dentro do cenário do futebol. Esta nova janela visa promover ainda mais o Mundial de Clubes e gerar um equilíbrio maior entre as equipes que vão disputar", afirma Claudio Fiorito, CEO da P&P Sport Management Brasil, empresa especializada no gerenciamento da carreira de atletas.

Entre os times brasileiros, os três últimos campeões da Conmebol Libertadores já estão confirmados: Palmeiras, Flamengo e Fluminense. Atlético-MG e Botafogo, que estão na semifinal da edição deste ano, ainda possuem chance de participarem caso ganhem a disputa.

"É uma competição que justifica qualquer esforço para que estejam nela o maior número daqueles que são tidos como os melhores do mundo. É uma mobilização de ordem comercial, mas que vai gerar também um benefício técnico para o torneio, sem dúvidas. Será um momento único para muitos clubes, e não faltarão patrocinadores dispostos a financiar contratações de um patamar que esses clubes nuca fizeram antes. Medida acertada", afirma Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil, empresa de entretenimento norte-americana, comandada pelo cantor Jay-Z, que gerencia a carreira de centenas de atletas.

O Super Mundial vai marcar um novo formato para a competição a partir de meados de 2025, e será disputado de quatro em quatro anos, com 32 clubes divididos em oito chaves de quatro equipes. Nesta semana, a Fifa anunciou os 12 estádios que vão receber os jogos do torneio, que estarão localizados em, 11 cidades estadunidenses distintas. A decisão será no MetLife Stadium, em Nova York, mesmo local da final da Copa do Mundo de 2026.

Estados Unidos podem ser o novo centro do futebol? Especialistas analisam

Nos próximos três anos, a começar por 2024, os Estados Unidos vão receber alguma das principais competições do planeta quando o assunto é futebol. Ainda neste mês de julho, o pontapé inicial se deu com a Copa América, que terminou com a Argentina campeã. Em meados de 2025, será a vez da realização do Super Mundial de Clubes, já citado acima, e em 2026, será a vez da Copa do Mundo, tendo alguns estados norte-americanos como as sedes principais.

“Antes citado no meio esportivo apenas por conta da NBA e da NFL, os EUA agora vivem uma crescente na valorização do futebol, em parte impulsionada por eventos de grande porte. É uma agenda que não apenas atrai atenção internacional, mas também catalisa investimentos em infraestrutura, mídia e publicidade, além de criar diversas oportunidades de negócio para o mercado, como a hospitalidade e o oferecimento de um serviço premium para os torcedores. A movimentação da FIFA para Miami também é um reflexo da aposta de longo prazo no crescimento do futebol nos EUA. As grandes ligas americanas, como a NFL e NBA, continuarão a desempenhar papéis centrais, mas o futebol está cada vez mais presente no cotidiano esportivo do país e isso é inegável”, pontua Joaquim Lo Prete, country manager da Absolut Sport no Brasil, agência multinacional de experiências esportivas e que possui escritório nos EUA.

Em meio a tudo isso, os principais jogos que envolvem a NBA e a NFL vão continuar acontecendo, movimentando ainda mais o cotidiano dessas cidades e, consequentemente, fazendo a alegria dos turistas que estarão pelos locais durante esses eventos.

Para se ter uma ideia desta expansão, a FIFA, desde 2023, vem movimentando seus negócios para Miami, levando em conta os investimentos feitos pela principal liga do país, a Major League Soccer (MLS), principalmente após a ida de alguns craques para o país, casos de Lionel Messi e Luis Suárez no Inter Miami.

"Estamos diante da consolidação do país no cenário do futebol mundial. Devido ao volume de investimentos em estádios, clubes, contratações de jogadores de alto nível, como Lionel Messi, esse era um caminho natural a seguir. O americano trabalha com planejamentos de longo prazo, então, pode-se dizer que essa é uma construção que vem desde os anos 90, quando eles sediaram a Copa do Mundo de 1994. Os frutos estão sendo colhidos agora, com maior notoriedade, marcas, patrocinadores grandes e representatividade dentro do país. Antes, o 'soccer' era só mais um esporte, mas hoje vem ganhando cada vez mais adeptos, sobretudo no futebol feminino, modalidade em que o país já é referência há muitos anos", aponta Jorge Duarte, gerente de marketing e esportes da Somos Young, empresa que realiza o atendimento a sócios-torcedores de clubes de futebol

Mais de 100 funcionários da entidade máxima do futebol mundial se transferiram da sede na Suíça para Coral Gables, local que vai receber o departamento jurídico, de auditoria, conformidade e gestão de riscos da organização.

Será que com tudo isso, os Estados Unidos podem ser o novo centro do futebol? Especialistas em gestão e marketing esportivo opinaram sobre o assunto e colocaram seus pontos de vista sob a ótica dos negócios.

"Os Estados Unidos, há anos, vem sendo um grande centro do futebol. Liga sólida, organizada e virou destino não somente de superatletas como também de talentos que despontam em vários países do mundo. Como tudo que fazem no esporte, estes eventos vão levar mais audiência para seus produtos; não tenho dúvidas que crescerão após este período. Além disso, esse movimento só faz com que o mundo todo perceba o quanto são profissionais e cresça o interesse de todos stakeholders em estar próximos aos EUA, atletas, profissionais do esporte e público em geral", opina Renê Salviano, CEO da Heatmap e especialista em marketing esportivo, e que faz a captação de contratos entre marcas envolvendo profissionais do esporte.

"Acredito que as marcas podem tirar grande proveito da exposição e das oportunidades oferecidas por grandes eventos esportivos nos Estados Unidos até a Copa do Mundo de 2026. Ao adotar uma abordagem integrada e criativa, aproveitando patrocínios, parcerias estratégicas, campanhas de engajamento e experiencias interativas com os consumidores as marcas podem aumentar sua visibilidade, fidelizar consumidores e alinhar-se a valores positivos, garantindo um impacto duradouro e significativo", afirma Wagner Leitzke, diretor de digital da agência End to End, que complementa.

“Depois de diversas tentativas históricas de popularizar o futebol na terra do Tio Sam, a crescente influencia da cultura latina, combinação de sediar grandes eventos e ter estrelas de primeira grandeza jogando a liga local tem se mostrado uma receita vencedora para mudar de patamar a importância desse esporte no mercado mais competitivo do mundo. Disputar atenção com as outras quatro grandes ligas já estabelecidas é um desafio e tanto mas o futebol tem tudo para consolidar sua presença dessa vez", analisa Ivan Martinho, professor de marketing esportivo pela ESPM.

Para Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports e especialista em marketing esportivo, e que faz a captação de contratos entre marcas envolvendo profissionais do esporte, "ainda é cedo afirmar que os EUA seja o novo centro do futebol". Segundo ele, "o país já tentou por algumas vezes emplacar o crescimento do futebol masculino na cultura americana, mas sem grande sucesso". Ainda assim, é inegável falar de tudo o que o país pode proporcionar em termos de grandes eventos. "O país é uma potência esportiva, logo é natural que desejem o crescimento do maior esporte do mundo por lá. O americano é muito profissional no quesito planejamento e organização, com uma cultura esportiva muito enraizada".

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