Eduardo Torso herdou objeto de tio que o criou, presente no Maracanã em 1971 (Giuseppe Cacace/AFP/Getty Images)
Agência O Globo
Publicado em 2 de janeiro de 2023 às 18h41.
Última atualização em 2 de janeiro de 2023 às 18h46.
A história é conhecida em Itatiba, município do interior de São Paulo, já saiu até em um jornal da cidade. O ano era 1971 e um grupo de cerca de 30 torcedores locais, fãs de Pelé, decidiram encarar a estrada para ver a partida em que o rei do futebol se despediria da seleção brasileira.
Mais de 400 km depois, chegaram ao Rio de Janeiro. Foram até o Maracanã e conseguiram ingressos para o amistoso contra a Iugoslávia, disputado no dia 18 de julho. Entre os 140 mil torcedores que lotavam o Maior do Mundo para um último adeus ao Maior de Todos os Tempos, estava o itatibense Goteira.
O jogo acontecia normalmente até que uma bola foi chutada na direção das cadeiras do Maracanã. Goteira, apelido de Luiz Antônio Hercules, viu a redonda voar na sua direção e não hesitou. Fez a defesa, mas não recolocou a bola em jogo. Colocou debaixo do braço e a levou para casa.
Cinquenta e um anos depois, a bola está à venda. Goteira faleceu em 2009 antes de conseguir rifá-la e doar o dinheiro para uma instituição de caridade, seu plano original. Ele deixou a relíquia para o sobrinho, criado por ele desde pequeno. Eduardo Torso tenta encontrar um comprador para a bola que Pelé chutou na última vez que vestiu a camisa amarela da seleção.
De 2009 para cá, manteve a bola guardada como uma recordação do tio. Mas a necessidade de dinheiro falou mais alto.
''Hoje, devido a grandes problemas, preciso da venda dessa raridade do nosso rei do futebol, para conseguir pagar uma dívida da casa onde morro atualmente com minha esposa. E tem nosso herdeiro que está a caminho'', explicou Torso.
A esposa, Ana Paula Giovaneli, está esperando um bebê. Foi ela quem teve a iniciativa de contar a história da bola da despedida de Pelé. A comoção pela morte do camisa 10 também motivou a tentativa. O casal teve sorte porque Goteira teve cuidado e guardou outra relíquia, que dá veracidade à história: o ingresso da partida.
''Há pouco tempo descobrimos que corremos o risco de perder nossa casa. Portanto, gostaríamos de vender essa raridade da seleção brasileira para quitar a dívida'', explicou Ana Paula.
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