Endrick, jogador brasileiro (Juan Manuel Serrano Arce/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 23 de janeiro de 2025 às 17h43.
Última atualização em 23 de janeiro de 2025 às 17h55.
O poder das categorias de base do Palmeiras não está refletido apenas no desempenho dentro de campo, com dezenas de conquistas em diferentes categorias. Em revelações de novos craques e vendas, o clube acumula recordes e, hoje, é visto por executivos do mercado como a principal potência do país.
Em dez anos, entre 2015 e 2025, período que culminou com a reconstrução alviverde na base, com a chegada do diretor-executivo profissional João Paulo Sampaio e uma nova filosofa de transição com o time profissional, o Palmeiras soma mais de R$ 2 bilhões somente em vendas de atletas. Além disso, nunca na história o clube teve tantos atletas vindos da base na equipe principal, com mais de dez entre os anos de 2023 e 2025.
O clube ultrapassou a marca de R$ 2 bilhões justamente nesta semana, com a negociação de Vitor Reis para o Manchester City, da Inglaterra, por 37 milhões de euros (R$ 232,77 milhões, na cotação atual), a maior de um zagueiro brasileiro em toda a história.
"Essa negociação representou tudo aquilo que sempre sonhamos e desejamos para o Vitor Reis, indo ao encontro do objetivo da nossa empresa, que é a construção de um trabalho que vai além das quatro linhas e envolve gestão e o direcionamento para a formação do ser humano como um todo", afirma Claudio Fiorito, CEO da P&P Sport Management, que atende o jogador desde os primeiros passos, que complementa:
"O Vitor sai engrandecido do Palmeiras, estava lá desde criança; um clube que tem como premissa a capacitação por completo do profissional desde a base, e agora chega a uma das maiores instituições do mundo como uma das principais vendas globais de um defensor. É esse exemplo que queremos levar a outros profissionais que estão conosco, e tenho certeza que é apenas o início do surgimento de várias novas histórias."
As maiores negociações aconteceram recentemente com a ida do atacante Endrick para o Real Madrid, por valores que podem chegar a 72 milhões de euros e se transformar na maior venda do futebol brasileiro da história. Já um outro atacante, Estêvão, foi vendido para o Chelsea por 61,5 milhões de euros e embarca para a Inglaterra após a disputa do Super Mundial, em meados de 2025.
"O que o Palmeiras conseguiu recentemente com os nascidos em 2006 remete ao que vimos com os nascidos em 1992, que teve, juntos, na seleção Sub-20, Neymar, Coutinho, Alisson e Casemiro, que logo despontaram para se destacar nos principais clubes do mundo. O Palmeiras conseguiu captar e desenvolver vários expoentes dessa geração, que é também brilhante, e que já se transferiram para os principais clubes e ligas do mundo. É um momento ímpar", aponta Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil, empresa de entretenimento americana, que gerencia a carreira de centenas de atletas, entre eles, do próprio Endrick e de Vinicius Jr.
A primeira grande negociação desta nova era alviverde aconteceu lá atrás, ainda em 2016, com a ida de Gabriel Jesus para o clube ingês Manchester City, por 33 milhões de euros.
Além dele, outros quatro jogadores renderam excelentes lucros, casos do meia Luís Guilherme, que partiu para o West Ham-ING (30 milhões de euros), o volante Danilo, que seguiu para o Nottingham Forrest (20 mi de euros), o meia-atacante Artur, vendido ao Zenit (18 mi de euros), e o atacante Kevin, que seguiu para o Shakhtar Donetsk (15 mi de euros).
“Ser vendido ao City e com uma exigência de apresentação imediata a pedido do Guardiola. É difícil pensar em cenários que agregariam mais à imagem do Vitor nesse momento. Mérito do atleta e do Palmeiras, que realizou um trabalho de base fora da curva”, afirma Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports e especialista em marketing esportivo, e que faz a captação de contratos entre marcas envolvendo profissionais do esporte e a gestão de imagem de atletas, entre eles do próprio zagueiro Vitor Reis, do meia Luis Guilherme e do atacante Endrick.
Além destes citados acima, o lateral-esquerdo Vanderlan também despertou o interesse do Benfica, por uma proposta que chegava a 18 milhões de euros, mas o Palmeiras optou por nao negociá-lo em razão da lesão do titular Piquerez.
No atual elenco palmeirense, também vieram da base o zagueiro Naves, o volante Fabinho, o lateral direito Garcia e o atacante Luighi, que inclusive chegou a fazer gol no Campeonato Brasileiro de 2024, diante do Flamengo, no Maracanã.
Nesta temporada, quatro outros atletas, além de Luighi, subiram para o time principal, e alguns deles já atuaram nas primeiras partidas do Paulistão: o zagueiro Benedetti, os meias Allan e Figueiredo, e o atacante Thalys, este autor do gol de empate contra o Noroeste, por 1x1, na última rodada.
"A base é um dos principais pilares que uma instituição desportiva pode ter, dentre os vários pontos positivos podemos citar a conexão com a torcida, a transformação social, que é uma das principais pautas do ESG e, além de tudo, uma gigante forma de monetização. O Palmeiras é um dos exemplos que, se a gestão for profissional e bem planejada, os retornos técnico e financeiro podem mudar o futuro de toda a instituição", acrescenta Renê Salviano, CEO da Heatmap, agência de marketing esportivo que atua na área de patrocínios e gestão de talentos do esporte.