Desde o dia que o crime foi relatado até a prisão do jogador, a polícia catalã, conhecida como Mossos d'Esquadra, investiga as evidências que apontam que os eventos da noite ocorreram conforme os relatos da vítima (Eric Verhoeven/Getty Images)
Agência O Globo
Publicado em 11 de fevereiro de 2023 às 14h19.
Em janeiro de 2023, a prisão de Daniel Alves foi decretada em Barcelona, cidade onde uma jovem de 23 anos denunciou que foi estuprada pelo jogador em uma boate em 30 de dezembro de 2022. Desde o dia que o crime foi relatado até a prisão do jogador, a polícia catalã, conhecida como Mossos d'Esquadra, investiga as evidências que apontam que os eventos da noite ocorreram conforme os relatos da vítima.
Mulher em prantos é abordada por seguranças da boate Sutton, que acionam o protocolo de violência sexual: Em 30 de dezembro, uma jovem de 23 anos foi vista em uma discoteca em Barcelona em estado fragilizado, o que levou a profissionais que trabalham no local a iniciarem uma série de medidas para proteção de pessoas que sofreram algum tipo de abuso sexual. A mulher foi conduzida para o Hospital Clínic, referência nesses tipos de caso, e realizou exames de corpo delito.
O primeiro exame realizado pela mulher indicou a presença de sêmen nas roupas da jovem e lesões no corpo. Um hematoma no joelho corrobora com a narrativa da vítima, que relatou ter caído no chão no banheiro da discoteca durante o crime.
A perícia no local onde ocorreu o crime encontrou material genético da vítima na caixa de descarga do banheiro da boate. De acordo com a justiça catalã, não haveria motivo para a mulher ter encostado no objeto se a vesão dos fatos contada pelo jogador fosse verdadeira. As imagens da câmera do local também mostram o trajeto até o banheiro, e revelam que o jogador e a vítima ficaram 15 minutos dentro do local, o que corrobora com a narrativa da mulher. Anteriormente, a defesa alegava que o atleta havia ficado cerca de dois minutos no banheiro.
Duas outras mulheres que estavam presentes na boate no dia 30 de dezembro relataram em depoimento que o jogador as assediou sexualmente. O juíz que ouviu os depoimentos avisou que elas também poderiam prestar queixa contra o jogador.
Quando as primeiras notícias sobre o caso começaram a surgir, o jogador gravou um vídeo afirmando que não conhecia "aquela mulher", se referindo à vítima. Depois, em um depoimento quando já estava preso, afirmou que a vítima fez sexo oral nele, mas de maneira consensual. Entre outras incongruências, quando foi perguntado sobre seu salário, afirmou que era 10 vezes menor do que o valor real.
O resultado dos exames periciais realizados na noite do crime trouxeram um novo elemento que confirma a versão relatada pela vítima.
Foi encontrado na amostra de sêmen presente na roupa da mulher o material genético do jogador, o que levou a uma nova versão dos fatos narrados por Daniel Alves: Depois do resultado do teste de DNA, o jogador mudou pela terceira vez seu relato sobre o que aconteceu na noite de 30 de dezembro.
Em novo depoimento, o lateral admitiu que houve penetração vaginal — e não sexo oral, como havia declarado anteriormente —, mas mantém a narrativa de que a relação foi consensual.
Todos esses fatores foram suficientes para que o Ministério Público da Espanha não acolhesse o pedido da defesa de Daniel Alves para que o jogador respondesse o processo em liberdade. A juíza designada para o caso já havia afirmado que havia "indícios suficientes" de uma agressão sexual, e a prisão foi mantida. Os advogados do atleta ainda apresentam recursos.