NFL no Brasil: saiba mais sobre os jogos (Nelson ALMEIDA/AFP)
Redação Exame
Publicado em 19 de outubro de 2024 às 10h15.
O sucesso da National Football League (NFL) no Brasil, após o jogo disputado entre Philadelphia Eagles e Green Bay Packers, durante o mês setembro, na Neo Química Arena, deve fazer com que a cidade de São Paulo volte a ser a prioridade em uma eventual nova disputa da competição para 2025. Pelo menos foi o que declarou Peter O'Reilly, vice-presidente executivo internacional de eventos e negócios das franquias da NFL.
"É uma grande parceria com a cidade São Paulo e o Corinthians, então ela (Neo Química Arena) seria nosso foco, considerando nossos aprendizados, o sucesso e os pontos fortes daquele estádio", declarou, em entrevista concedida nesta quinta-feira, 17.
De fato, os números da NFL no país foram considerados um sucesso. Recentemente, de acordo com dados da Prefeitura de São Paulo, o faturamento com a partida foi de R$ 337,7 milhões, superando a expectativa inicial, que era de R$ 327,4 milhões. Os números, por exemplo, foram maiores do que na Cidade do México, que tradicionalmente recebe esses jogos desde 2016 e tem movimentado, anualmente, R$ 246 milhões. A projeção extraoficial para 2025, caso se confirme o retorno, é de quase meio bilhão em receitas.
"O sucesso da primeira partida da NFL na América do Sul credencia São Paulo novamente como sede. Farta malha aérea e hoteleira, e cidade que recebe muitos estrangeiros para turismo e negócios são diferenciais da cidade. Além, é claro dos aprendizados da organização com o primeiro evento realizado", aponta Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports e especialista em marketing esportivo.
Antes de realizar o primeiro jogo oficial da história na NFL no Brasil, os organizadores também analisaram outros estádios na capital paulista, casos do Allianz Parque, do Palmeiras, e o Morumbis, do São Paulo. No Rio de Janeiro, o Maracanã foi realizado, e nos bastidores comenta-se que esse seria o principal concorrente da Neo Química para 2025, visto que o RJ também é visto como uma das prioridades.
Além disso, a NFL é considerada uma das principais ligas esportivas do mundo, com um valuation de R$ 803 bilhões, e o Brasil é o segundo país com a maior base de fãs da liga fora dos Estados Unidos, atrás apenas do México. Não à toa, todos os 47 mil ingressos colocados à venda, incluindo camarotes de luxo, que variavam entre R$ 5 mil a R$ 30 mil, se esgotaram em poucos minutos, com 1/3 de estrangeiros presentes no evento.
De acordo com números divulgados, os turistas gastaram R$ 3.355,73 em média, e ficaram três dias na cidade. Também foi confirmado um aumento de 133% na emissão de passagens aéreas dos Estados Unidos.
“Foi uma oportunidade incrível poder contar com um evento tão grande quanto a NFL em nossos espaços, além de ter sido uma oportunidade excelente do ponto de vista financeiro. O jogo da NFL no Brasil provou ser um produto mais rentável que final da Libertadores. Por isso, fizemos o nosso melhor para oferecer experiências únicas ao público”, comenta Léo Rizzo, CEO da Soccer Hospitality, que no jogo contou com o Camarote FielZone, que contou com espaços premium no jogo da NFL, com jacuzzi, cardápio especial de chefs com estrela Michelin e show exclusivo.
Outro dado extremamente relevante é a NFL foi o segundo evento que mais movimentou dinheiro em São Paulo, ficando atrás apenas da Fórmula 1, que movimentou 1,2 bilhão de reais. Carnaval, com R$ 201 milhões, e Réveillon, com 140 milhões, ficaram para trás.
Joaquim Lo Prete, country manager da Absolut Sport no Brasil, agência que comercializou pacotes de viagem para o duelo entre Philadelphia Eagles e Green Bay Packers, e que também atua com serviços de hospitalidade para o GP São Paulo de Fórmula 1, a vinda inédita da NFL para o Brasil já era muito esperada pela comunidade esportiva há alguns anos.
"Como já se previa, o evento realizado na cidade de São Paulo foi um sucesso em todos os sentidos. Houve uma aproximação com os fãs brasileiros e, com certeza, novos públicos foram alcançados. É uma estratégia que expande o alcance da competição e gera milhões para a economia local. Diante dos resultados alcançados, a expectativa é grande para que o país receba partidas anuais da NFL, seja na capital paulista ou em outras praças”, pondera.
Inegavalmente a National Football League (NFL) é considerada a maior liga do mundo. Pelo menos nos números, o total de receitas obtidas com a competição em 2023 foi de 18,7 bilhões, de acordo com dados da Deloitte Annual Review of Football Finance. As que mais se aproximam, ainda que distantes, são outras duas ligas norte-americanas: a Major League Baseball (MLB) e a National Basketball Association (NBA), ambas com 10,9 bilhões.
"Imagine que além da NFL, temos ainda outras duas ligas americanas, de baseball e de basquete. De alguma forma, é um recado para o futebol que ainda existe a necessidade de mudança, pois outros esportes criaram ao longo dos anos uma forma de entretenimento superior, isto é inegável, e consequentemente, resulta em uma receita infinitamente superior", aponta Renê Salviano, CEO da Heatmap e especialista em marketing esportivo, e que faz a captação de contratos entre marcas envolvendo profissionais do esporte.
A primeira e única liga de futebol que aparece no Top-5 é a Premier League, da Inglaterra, com receitas de 7,4 bilhões, a frente da National Hockey League (NHL), com 6,9 bi. Por outro lado, as quatro principais ligas de futebol do mundo, somadas, não superam a NFL. Bundesliga, da Alemanha, teve receitas em 2023 de 4,1 bi, seguido pela La Liga, da Espanha, com 3,8 bi, e Série A Italiana, com 3 bi.
"A NFL, faz algumas décadas, deixou de ser um liga esportiva somente. Cada um de seus jogos é visto pelos norte-americanos como uma celebração de cultura competitiva. É a principal atração da mais rica e próspera economia do mundo, e seguirá sendo a mais valiosa liga do planeta, no mínimo, por mais algumas décadas", explica Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil, empresa de entretenimento norte-americana, comandada pelo cantor Jay-Z, que gerencia a carreira de centenas de atletas.
Deste montante da liga de futebol americano, que chega ao Brasil nesta semana para a realização de seu primeiro jogo de uma competição oficial no país, US$ 2,35 bilhões foram arrecadados em receitas somente com patrocínio nesta temporada, um aumento de 15% em relação à campanha anterior, de acordo com um estudo da SponsorUnited.
"As condições para o jogo e para o público foram as melhores possíveis. O estádio do Corinthians é lindo, funcional e permite diversas atividades. É uma nova alternativa de esporte em um lugar bem projetado, um palco excelente para receber um evento desta magnitude e uma grande oportunidade para aprender com quem mais sabe fazer marketing esportivo", afirmou o presidente da Recoma Sergio Schildt, atualmente parceiro oficial dos esportes olímpicos do Corinthians.