Aramco: petrolífera vem trazendo investimentos milionários ao esporte também por meio de outros patrocínios, como a Fórmula 1, a Premier League de Críquete da Índia, o Ladies European Tour de golfe (Ahmed Jadallah/Reuters)
Repórter da Home e Esportes
Publicado em 19 de novembro de 2023 às 09h00.
Apesar de ainda não ter sido oficializado, a Fifa fechou acordo de patrocínio com a Aramco, petrolífera estatal da Arábia Saudita. De acordo com o jornal The Times, o valor vai ser de 92 milhões de euros (R$ 485 milhões) por ano, válido por dez anos, até a Copa do Mundo de 2034. Caso os valores se confirmem, será o maior contrato de patrocínio existente na história da Fifa.
A Aramco, por sinal, vem trazendo investimentos milionários ao esporte também por meio de outros patrocínios, como a Fórmula 1, a Premier League de Críquete da Índia, o Ladies European Tour de golfe, além de ser parceira principal da Aston Martin
"Já ficou claro com a escolha do Qatar como sede da última Copa, ao invés dos Estados Unidos, que o mais importante critério para definição de quem vai sediar o torneio é o montante de dinheiro que cada candidato consegue mobilizar para o receber. Direta e indiretamente. O patrocínio da Aramco não é fruto da escolha da Arábia Saudita como sede, mas um dos elementos apresentados pelos sauditas para garantir que sediassem o torneio. Nada surpreendente, já que, dada a ausência de tradição e público no futebol, somadas as várias restrições ao turismo com as quais o país conviveu por décadas, exigiriam uma compensação financeira nunca vista para receberem a mais importante e valiosa do planeta", explica Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil, empresa de entretenimento norte-americana, comandada pelo cantor Jay-Z.
“A Arábia Saudita entrou com toda a força no mercado do futebol e vai despejar nos próximos anos quantias que ainda não havíamos visto para criar uma liga nacional forte e sediar as principais competições do mundo, como a Copa. O passo inicial foi o contrato estratosférico com o Cristiano Ronaldo, mas não vai parar por aí. Grandes jogadores estão foram contratados e outros mais chegarão na próxima temporada. O governo local está fazendo uma privatização dos clubes e colocou os quatro principais sobre o guarda-chuva do seu fundo soberano, que tem 600 bilhões de dólares em caixa. Portanto, ainda vamos ver muita ação dos Sauditas nos próximos anos, já que o projeto que pretendem estabelecer no futebol é grandioso”, analisa o advogado Eduardo Carlezzo, que é especialista em direito desportivo e sócio do Carlezzo Advogados.
"Vender patrocínios é entender todos os lados do negócio, de quem vende, quem compra e os objetivos de cada um. A marca é gigante e tem feito investimentos em outros projetos gigantescos, e a Copa do Mundo é apenas um deles. E se a Copa será na Arábia Saudita, faz todo sentido estarem presentes com a forma que este megaevento traz", aponta Renê Salviano, CEO da Heatmap e especialista em marketing esportivo.
Apesar de ainda não ter uma confirmação, a Aramco supera financeiramente marcas mais antigas e tradicionais da Fifa, como a Coca-Cola e a Adidas, e se torna a principal parceira visando a Copa do Mundo de 2034, que será disputada na Arábia Saudita. O país foi candidato único, e a decisão oficial será sacramentada em maio de 2024, durante Congresso da entidade máxima.
“É normal que grandes corporações locais patrocinem eventos desse porte, não só pela projeção combinada da imagem do país e de suas empresas que o evento proporcionará para o mundo todo, mas em especial como aspecto fundamental para viabilizar financeiramente a realização do maior palco do futebol por lá”, complementa Ivan Martinho, professor de marketing esportivo pela ESPM.
"Com a aproximação da Fifa junto à Arabia Saudita, onde será a Copa do Mundo de 2034, vejo com naturalidade que grandes empresas do país se aproximem da entidade. É o caso da Aramco, que fechou um contrato enorme, superando inclusive marcas mundiais que tem uma relação de décadas com a Fifa", corrobora Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports e especialista em marketing esportivo.
Já Tiago Pinheiro, sócio-diretor da AMP Propaganda, especialista em branding e diretor de marketing do Goiás Esporte Clube, chama a atenção para outros aspectos importantes que vêm à tona quando uma empresa se associa a um evento esportivo de grande porte.
“O esporte é uma plataforma de comunicação muito eficaz. Ideal para gerar awareness. Por meio de patrocínio a uma determinada competição, as marcas ganham um destaque no cenário midiático que antes não conseguiriam. Se não fosse o acordo com a FIFA, quem hoje, no mundo de marketing e patrocínio, estaria falando da Aramco? As cifras de investimento são elevadas, mas para gerar reconhecimento de marca e atingir um enorme número de pessoas, nada é tão efetivo. Naturalmente, a responsabilidade dessas companhias se torna maior, pois passará a receber mais atenção por parte da opinião pública a respeito de seus atos, sejam eles positivos ou negativos”, finaliza Pinheiro.
Serão três edições em cinco continentes, com mais de dez países envolvidos. O anúncio do presidente da Fifa aconteceu logo após o encerramento do processo para concorrência das sedes das Copas de 2030 e 2034.