A informação aponta que a Apple teria direito para transmitir todos os 64 jogos em sua plataforma (Eva Marie Uzcategui/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 25 de abril de 2024 às 14h59.
Última atualização em 25 de abril de 2024 às 15h20.
A Fifa está negociando com o gigante de tecnologia Apple os direitos de transmissão do Super Mundial de Clubes, que acontece nos Estados Unidos, em 2025. A notícia foi divulgada nesta terça-feira, 23, pelo jornal New York Times, mas as duas partes não comentaram sobre o assunto. Os valores também não foram publicados, mas a estimativa é de que varie entre R$ 4 bilhões e 5 bilhões.
A informação aponta que a Apple teria direito para transmitir todos os 64 jogos em sua plataforma. Por outro lado, alguns executivos da Fifa defendem a forma que é conhecida no mundo todo, com gratuidade ao público. Na plataforma Apple TV+, somente assinantes podem acompanhar as transmissões.
FIFA: entenda como será o formato do novo Mundial de Clubes com 32 equipes"Multiplicando sua aposta em esportes ao vivo, a AppleTV+ depois de alguns experimentos e sucesso com a MLS no mercado americano, a plataforma agora se torna um concorrente pelas principais propriedades esportivas do mundo", diz Ivan Martinho, professor de marketing esportivo da ESPM. "Ainda que o deal de media rights aponte um valor alto para a Fifa, a hipótese de uma audiência menor por ser uma plataforma paga pode ameaçar interesses de patrocinadores e daí que os acordo de transmissão local em mercados que o streaming da maior empresa do mundo não tem um número relevante de assinantes se tornam chave”, explica.
O streaming está virando TV? As mudanças do mercado de entretenimentoIsso já acontece, por exemplo, na Major League Soccer (MLS), que de alguma maneira consolidou a Apple no cenário esportivo, ao ter assinado, em 2022, acordo de dez anos para a transmissão dos direitos globais de streaming da competição — algo que se repeteria com o Super Mundial de Clubes. O acordo por esse contrato ultrapassou os R$ 12 bilhões.
Ainda de acordo com a publicação do NYT, a Fifa esperava um interesse maior de outros grandes conglomerados pelos direitos de transmissão, mas os atrasos dentro da organização do torneio esfriou essa demanda.
"Essa negociação, se documentada, renderia um ótimo curso ou série sobre o que é o negócio do esporte hoje, e os dilemas que a tecnologia de reprodução de conteúdo traz para quem detém os direitos de produção ou comercialização de um evento", comenta Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil, empresa de entretenimento americana, comandada pelo cantor Jay-Z. "O que vamos descobrir ao longo dessa negociação é quem sabe mais sobre o seu público, e de onde chegará mais dinheiro, se de quem busca assinantes com o evento, ou de quem quer patrocinar o evento transmitido com o menor custo possível para o maior número pessoas. Um ótimo problema para se resolver".
Ao todo, 32 equipes vão disputar a competição, com Palmeiras, Flamengo e Fluminense garantidos entre os brasileiros. O campeão da Copa Libertadores também entrará automaticamente na disputa.
Hoje, os direitos de transmissão dos campeonatos de futebol estão divididos em múltiplas plataformas de streaming, que pode ser exaustiva para o consumidor, mas amplifica a oferta de conteúdo fora da TV aberta e por assinatura.
"Estamos vivendo uma revolução nos últimos anos, altamente positiva ao meu modo de ver, não apenas para as instituições e confederações mas também para o fã que passa a ter várias opções de consumir o seu clube do coração. Neste caso específico, resta saber quais serão os acordos para a TV aberta e fechada para o nosso país, e quais seriam as partidas envolvidas nesta negociação", indica Renê Salviano, CEO da Heatmap e especialista em marketing esportivo.
Em 2024, os direitos de transmissão da Copa do Brasil seguem com a Prime Video. A Copa Libertadores da América e a Copa Sul-Americana são exibidas pela Paramount+ e os jogos da Champions League são exclusivos da Max. O Brasileirão, por outro lado, segue com transmissão em múltiplas plataformas, como TV Globo, Premiere, SporTV, TNT, Globoplay, Prime Video e CazéTV.