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Eleitores irão votar para prefeitos e vereadores que estão concorrendo nas 5.569 cidades do país (TSE/Divulgação)
Repórter de ESG
Publicado em 5 de outubro de 2024 às 08h00.
O Brasil já sofre com eventos climáticos extremos e o futuro depende de cidades mais resilientes. De norte a sul, as secas, enchentes e queimadas escancaram a emergência climática e a urgência de líderes e governos investirem e priorizarem políticas de mitigação e adaptação. Os municípios representam 60% das emissões de carbono e a população é a que mais sofre com os efeitos da mudança do clima -- especialmente os mais vulneráveis.
Pensando em fortalecer a democracia e aumentar a participação popular para combater a crise do século, a organização sem fins lucrativos Nossas lançou a plataforma "Vote Pelo Clima" e reúne as principais propostas dos candidatos nas eleições municipais deste domingo (6). O site gratuito está disponível aqui e é possível conferir as políticas da agenda de prefeitos e vereadores que estão concorrendo nas 5.569 cidades do país, filtrando por estado, município, cargo e até por partido. Confira.
Segundo a iniciativa, as eleições são "uma janela de oportunidade" para demonstrar quais são as demandas mais urgentes da população local e garantir os compromissos dos tomadores de decisão nos próximos quatro anos, buscando soluções para um futuro mais sustentável e justo.
Entre as propostas esperadas, estão a adaptação das cidades para amenizar as tragédias, redução das emissões, transição energética, justiça social, racial e de gênero, preservação ambiental, engajamento da juventude, investimentos em pesquisa e inovação e a valorização dos saberes tradicionais das comunidades indígenas para o desenvolvimento de tecnologias sociais.
Um estudo divulgado nesta semana pelo Greenpeace Brasil revelou que capitais das quatro regiões do país — Manaus, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo — não priorizam a crise climática em seus planos de governo.
A análise, realizada em parceria com o Instituto Clima de Eleição com documentos enviados pelas candidaturas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), considerou os quatro candidatos com maior intenção de voto por cidade e concluiu que estes não estão colocando o clima como prioridade em suas propostas.
Mesmo com as tragédias recentes em todo o país, a análise concluiu que o meio ambiente é tratado sem profundidade técnica e a maioria das propostas não descreve ações prioritárias para populações mais vulneráveis, nem medidas de prevenção ou adaptação climática.
Em suma, estas seriam "genéricas e superficiais", sugerindo ações pouco precisas e sem nenhuma meta estipulada ou integração com outras políticas já existentes. Segundo o Greenpeace, isto indicaria "objetivo de marketing político e pouca possibilidade de implementação".
"Dos 20 planos de governo que estudamos, apenas três, de fato, encaram a questão climática de forma prioritária. Não por acaso, os três projetos são de cidades recentemente atingidas por eventos climáticos: Porto Alegre, Manaus e Recife", afirmou o porta-voz de Justiça Climática do Greenpeace Brasil, Rodrigo Jesus.
Em Manaus, capital do Amazonas que sofre com a seca, apenas um dos quatro analisados citou o termo "queimadas" — o candidato Roberto Cidade (União Brasil).
Já em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul fortemente atingido pelas enchentes, os quatro apresentaram algum endereçamento ao critério “adaptação, resiliência e redução de desastres” em seus planos, e o tema de “moradia digna e infraestrutura” foi um dos mais relacionados. Já os termos “economia verde” e “transição energética justa” foram os menos abordados.
Em Recife, capital de Pernambuco com alto risco de inundações e alagamentos, o tema em destaque pelos quatro planos são “moradia digna e infraestrutura”, seguidas de “transporte e mobilidade” e “gestão de resíduos”. Por outro lado, chama a atenção a falta de políticas de adaptação e prevenção a desastres.
No Sudeste, o Rio de Janeiro demonstrou propostas insuficientes para lidar com a crise climática, a com exceção de Tarcísio Motta (Psol), e não citou questões centrais como gestão de resíduos, água e saneamento, enfrentamento ao racismo ambiental e proteção dos povos indígenas e comunidades tradicionais.
Em São Paulo, todos os planos apresentam medidas voltadas para transporte e mobilidade. Os candidatos Boulos (PSOL) e Tabata (PSB) foram os que melhoram pontuaram no estudo, se diferenciando com medidas para o enfrentamento ao racismo ambiental, os direitos indígenas e os mecanismos de participação social.