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Uso banal de IA generativa acelera a crise climática, alerta especialista

Pesquisadora avalia que a tecnologia usa enorme poder computacional para treinar bilhões de conjuntos de dados, o que requer servidores poderosos e mais energia para responder aos pedidos dos usuários

Preocupação: gerar uma imagem de alta definição com IA consome tanta energia quanto carregar completamente a bateria de um smartphone (AFP Photo)

Preocupação: gerar uma imagem de alta definição com IA consome tanta energia quanto carregar completamente a bateria de um smartphone (AFP Photo)

AFP
AFP

Agência de notícias

Publicado em 16 de setembro de 2024 às 13h24.

A inteligência artificial (IA) generativa consome "30 vezes mais energia" do que um buscador tradicional, alertou a pesquisadora Sasha Luccioni, que busca conscientizar sobre o impacto ambiental desta nova tecnologia.

Reconhecida pela revista americana Times em 2024 como uma das 100 pessoas mais influentes no mundo sobre este tema, a canadense de origem russa vem tentando quantificar as emissões de carbono de programas como ChatGPT ou Midjourney há vários anos.

"Acho especialmente decepcionante que a IA generativa seja usada para pesquisar na internet", lamentou a pesquisadora, entrevistada pela AFP em Montreal, no âmbito da conferência ALL IN, dedicada à inteligência artificial.

Os modelos linguísticos que servem como base para essas tecnologias requerem um enorme poder computacional para treinar bilhões de conjuntos de dados, o que, por sua vez, requer servidores poderosos. Com isso, é necessário mais energia para responder aos pedidos dos usuários.

Em vez de extrair informação, "como um buscador faria para encontrar a capital de um país, por exemplo", as IA "geram nova informação", fazendo com que todo o processo "consuma muito mais energia", observou.

Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), combinando a IA e o setor das criptomoedas, os centros de dados consumiram quase 460 terawatts por hora de eletricidade em 2022, ou seja, 2% da produção mundial total.

Crise climática acelerada

Pioneira na pesquisa sobre o impacto da IA no clima, Luccioni participou em 2020 da criação de uma ferramenta para desenvolvedores quantificarem a pegada de carbono da execução de um código.

Desde então, "CodeCarbon" foi baixado mais de um milhão de vezes. Luccioni trabalha agora na criação de um sistema de certificação de algoritmos.

Semelhante ao "Energy Star", que atribui pontuações com base no consumo de energia de um dispositivo nos Estados Unidos, este programa permitiria conhecer a energia consumida por um modelo, incentivando usuários e desenvolvedores a "tomar melhores decisões".

Embora tenham se comprometido a alcançar a neutralidade carbônica até ao final da década, as gigantes tecnológicas tiveram um aumento em suas emissões carbônicas devido à IA em 2023: +48% para a Google em comparação a 2019 e +29% para a Microsoft em relação a 2020.

Se nada for feito para regular estes sistemas, a IA "estaria acelerando a crise climática", alerta a especialista, apontando que a solução pode ser promovida pelos governos que, até o momento não parecem saber o que existe "nos conjuntos de dados ou como os algoritmos são treinados".

A pesquisadora também defende a necessidade de "explicar às pessoas o que a IA generativa pode ou não fazer, e a que custo".

Em seu último estudo, Luccioni demonstrou que gerar uma imagem de alta definição com IA consome tanta energia como carregar completamente a bateria de um smartphone.

No momento em que cada vez mais empresas querem democratizar a nova tecnologia, adicionando-a em diversos formatos (chatbot, dispositivos conectados, pesquisas online), a especialista defende a "sobriedade energética".

A ideia não é ser contra à IA, enfatizou, mas escolher as ferramentas certas e utilizá-las de forma criteriosa.

Acompanhe tudo sobre:Inteligência artificialMudanças climáticasTecnologiaEnergiaEmissões de CO2Exame na Assembleia GeralGoogleChatGPT

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