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(Bloomberg/Bloomberg)
Rodrigo Caetano
Publicado em 21 de outubro de 2020 às 16h12.
Última atualização em 21 de outubro de 2020 às 19h38.
Nas conversas entre investidores e empresas, o tema sustentabilidade acompanhou a seguinte evolução, segundo a BlackRock, maior gestora do mundo: primeiro, eram conversas esporádicas; depois, passaram a ser frequentes; hoje, são mandatórias. “Os padrões de investimento mudaram”, afirmou Mark Wiedman, chefe de estratégia corporativa da empresa. “Riscos não financeiros se tornaram mais relevantes e as regulações mudam rapidamente no mundo todo.” As melhores oportunidades podem estar nas empresas que fazem a diferença no mundo. Veja como na EXAME Research
A gestora realizou nesta quarta-feira, 21, o Fórum Virtual América Latina, evento voltado para investidores focados na região. Wiedman debateu com Brian Deese, chefe global de investimento sustentável, sobre o futuro dos investimentos no contexto do ESG. “Nossa meta é ter 1 trilhão de dólares em ativos sustentáveis até o final da década”, disse Wiedman.
Para Deese, o ESG causou um choque tectônico no mundo dos investimentos. “Há um novo sentimento no mercado”, afirmou. A própria BlackRock tem sido mais vocal, em suas relações com as empresas investidas, com o objetivo de incentivar a adoção de práticas ESG — incentivo que, dado o tamanho da gestora, que tem quase 8 trilhões de dólares em carteira, funciona como uma ordem.
Essa agenda só deve acelerar daqui para a frente, se tornando absolutamente hegemônica. Para a BlackRock, haverá uma corrida entre os países para aumentar as ambições de redução das emissões, o que implica fomentar a transição a uma economia de baixo carbono. Compromissos realizados pela Europa e, principalmente, pela China, recentemente, comprovam o movimento. A grande dúvida está na direção que os Estados Unidos irão tomar.
“A reeleição de Donald Trump implicaria ter os Estados Unidos fora dessa corrida”, disse Deese. Com o democrata Joe Biden, a expectativa do analista é de um esforço coordenado entre americanos, chineses e europeus para a implementação de mudanças regulatórias que facilitem a transição para a nova economia. “Biden deve promover mudanças regulatórias e diplomáticas importantes”, afirma.
Na América Latina, a agenda tem acelerado rapidamente, segundo a BlackRock. O problema, por aqui, é a falta de dados. As empresas latino-americanas têm dificuldade em demonstrar aos investidores as ações ESG, e isso é um problema que deve ser resolvido, afirma Deese.
A BlackRock é uma potência capaz de influenciar o mercado — não no sentido ruim, da manipulação de preços, mas na habilidade de ditar tendências. E tem sido assim com o ESG. As já notórias cartas de Larry Fink, CEO global da gestora, defendendo o capitalismo de stakeholder moldaram uma geração de investidores. “A cada carta, o Larry adiciona alguma coisa nova”, afirma Carlos Takahashi, presidente da companhia no Brasil, que participou do segundo episódio do podcast ESG de A a Z.
De fato, Fink foi introduzindo o tema aos poucos, mas com grande eficiência. Hoje, a ideia de que as empresas existem para dar retorno a todas as partes interessadas (stakeholder), e não apenas ao acionista, é amplamente disseminada no mercado. E, a cada ano, a BlackRock traz mais uma novidade. Em 2020, por exemplo, ela anunciou o desinvestimento em alguns setores intensivos em carbono, como o carvão térmico.
O que falta para essa agenda dominar de vez o mercado são padrões. Takahashi comenta a corrida para desenvolver um conjunto de métricas universais, que permita aos investidores, grandes ou pequenos, utilizar o ESG como padrão de análise de empresas.
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