Plantação de soja: as maiores tradings de commodities agrícolas do mundo se preparam para lucrar com o boom do setor de diesel renovável nos Estados Unidos (José Roberto Gomes/Reuters)
Leo Branco
Publicado em 30 de março de 2021 às 15h55.
Última atualização em 13 de abril de 2021 às 15h29.
As maiores tradings de commodities agrícolas do mundo se preparam para lucrar com o boom do setor de diesel renovável nos Estados Unidos.
Com a agenda verde do presidente dos EUA, Joe Biden, a Cargill decidiu investir US$ 475 milhões para aumentar a capacidade de processamento de soja, essencial para a produção do óleo de cozinha usado no diesel renovável. As rivais Archer-Daniels-Midland e Bunge trabalham para tornar as usinas mais eficientes, e a Andersons planeja uma mesa para negociar matérias-primas para o combustível verde.
As tradings miram o crescimento do mercado quando refinarias americanas, como Phillips 66, Marathon Petroleum, HollyFrontier e Valero Energy, apostam na onda do diesel verde.
O diesel renovável é feito a partir de biomassa com as mesmas propriedades do combustível fóssil e deve se beneficiar da agenda climática do presidente Biden, que sinaliza redução do uso de combustíveis fósseis.
Embora muitas refinarias busquem produzi-lo a partir do óleo de cozinha descartado ou gorduras animais, precisarão recorrer aos óleos vegetais tradicionais de culturas como milho e soja para atender à demanda.
“Achamos que será um grande mercado”, disse Pat Bowe, CEO da Andersons. “É um fator de demanda realmente importante para o complexo de gorduras e óleos que não víamos há muito tempo.”
O aumento da demanda ocorre no momento em que restaurantes começam a reabrir nos EUA, aumentando a demanda por óleo de cozinha.
O movimento nas estradas também se recupera para níveis pré-pandemia. Isso aumentou a concorrência com a indústria de alimentos, que usa os óleos em tudo, desde Nutella - que contém óleo de palma - até hambúrgueres à base de vegetais, muitos dos quais utilizam óleo de soja como ingrediente principal.