ESG

Títulos verdes, azuis e marrons: o arco-íris das finanças sustentáveis

Investidores preocupados com o meio ambiente logo poderão comprar ativos de uma cor diferente todos os dias da semana

Depois dos títulos verdes, que olham para projetos de energia limpa, surgem agora os títulos azuis e marrons (onlyyouqj/freepik/Divulgação)

Depois dos títulos verdes, que olham para projetos de energia limpa, surgem agora os títulos azuis e marrons (onlyyouqj/freepik/Divulgação)

Títulos verdes, títulos azuis, títulos marrons. Investidores preocupados com o meio ambiente logo poderão comprar ativos de uma cor diferente todos os dias da semana.

A demanda recorde por financiamento sustentável dá origem a esse arco-íris de dívidas emitidas por governos e empresas para financiar formas cada vez mais específicas de mitigar as mudanças climáticas. Embora os títulos verdes sejam o tipo dominante - e cujos recursos devem ser usados no financiamento de parques eólicos ou solares, por exemplo -, algumas categorias ainda são relativamente de nicho.

Isso deve mudar, já que esse mercado que agora movimenta mais de 2 trilhões  de dólares se desenvolve rapidamente, e engenheiros financeiros criam formas para classificar esse tipo de dívida. A variedade é uma bênção para o grupo crescente de fundos especializados com mandatos éticos, mas também cria mais diligência prévia em uma classe de ativos onde já faltam padrões uniformes.

“É confuso”, disse Taimur Hyat, diretor de operações da PGIM, acrescentando que mais regras universais e menos fragmentação seriam “extremamente úteis” para a PGIM usar seus 1,5 trilhão de dólares em ativos para apoiar a transição para um planeta mais verde. “Diretrizes claras também evitarão o risco de percepção de qualquer greenwashing na indústria”, disse sobre a prática de maquiar metas ambientais.

O primeiro título de dívida soberana verde do mundo foi emitido há apenas cinco anos pela Polônia, um país dependente do carvão, para ajudar na transição para uma economia de baixo carbono. Agora, as variedades emergentes incluem títulos azuis para financiar projetos marinhos, marrons ou títulos de transição para que setores muito poluentes se tornem verdes, títulos atrelados à natureza para a biodiversidade e neutralidade em carbono para zerar emissões líquidas. Também existem os títulos sociais para ajudar a sociedade e as notas atreladas à sustentabilidade para estabelecer metas organizacionais.

A crescente fragmentação está em desacordo com os pedidos dos reguladores por regras abrangentes para lançar luz sobre as credenciais dos emissores e suas ofertas. O PRI, maior órgão mundial para finanças sustentáveis, disse na quinta-feira que o setor precisa de padrões globais e pediu aos líderes mundiais que tomem medidas neste ano.

Há sinais de que autoridades internacionais vão enfrentar o desafio. O governo Joe Biden planeja uma estrutura de financiamento verde dos EUA que deve começar a tomar forma até junho, de acordo com pessoas a par do assunto. Os EUA e a Europa poderiam ter um conjunto idêntico de regras que determinam o que conta como investimento verde, disse neste mês o ministro das Finanças da França, Bruno Le Maire. 

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