Apoio:
Parceiro institucional:
Aquecimento: queimadas no Brasil contribuem para aumentar as emissões de GEE (Sérgio Vale/Amazônia Real/Divulgação)
Jornalista
Publicado em 18 de setembro de 2024 às 14h37.
Relatório “Unidos na Ciência”, divulgado nesta quarta-feira, 18, pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), aponta que se forem mantidas as políticas atuais, há uma probabilidade de 66% de que o aquecimento global chegue, ainda neste século, a 3°C acima dos níveis pré-industriais.
Hoje, como lembra a OMM, as concentrações de gases de efeito estufa (GEE), já atingem níveis recordes em tempos de grandes incêndios registrados no Brasil e em Portugal, além de países da América Latina e da Europa.
Na apresentação do relatório, a secretária-geral da OMM, Celeste Saulo, chama a atenção para o fato de “estarmos longe de alcançar as metas climáticas globais". Ela destaca que 2023 foi o ano mais quente já registrado "por uma margem enorme”, acrescentando que os principais conjuntos de dados internacionais apontam que os primeiros oito meses de 2024 também são os mais quentes já registrados”.
Os reflexos das mudanças climáticas se multiplicam pelo planeta, com secas e os incêndios em diversos países, inundações na Europa Central após a tempestade Boris e países, como a Itália, em alerta máximo, após evacuações em massa na Polônia, República Tcheca, Áustria e Romênia.
Diante da piora do quadro, o relatório, que tem a participação de diversas agências da ONU, assinala o potencial inexplorado das ciências naturais e sociais, novas tecnologias e inovação e faz um apelo pela urgência em uma ação global na Cúpula do Futuro, que acontece nos dias 22 e 23 de setembro.
Recursos tecnológicos podem marcar uma nova etapa na adaptação às mudanças climáticas, redução do risco de desastres e desenvolvimento sustentável.
"Os satélites estão melhorando a capacidade de monitorar as emissões de gases de efeito estufa, o que é crucial para informar os esforços de mitigar as emissões e atingir as metas do Acordo Climático de Paris", avalia a coordenadora científica da OMM.
Ainda segundo a OMM, as tecnologias imersivas, que estão unindo os mundos digital e físico, podem ser aliadas importantes, como no caso dos “gêmeos digitais”, que funcionam basicamente como uma replicação digital da Terra. O sistema virtual serve para simular como responder em qualquer situação de crise e para melhorar a gestão da terra e da água, explica a agência. Já dentro de um metaverso, são reunidos mundos virtuais em um "sistema integrador" que oferece experiências imersivas, desde a simulação de eventos de inundação e seca até a previsão do fluxo de água e impactos na terra, exemplifica a OMM.
As tecnologias, de acordo com o documento, permitem aos especialistas tomarem decisões para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) universalmente acordados.
Celeste Saulo avalia que a Inteligência Artificial (IA) e o aprendizado de máquina também têm potencial para serem transformadores e estão “revolucionando a previsão do tempo”, podendo torná-la “mais rápida, barata e acessível”.
Uma "abordagem transdisciplinar", em uma diversidade de atores, incluindo cientistas, formuladores de políticas, comunidades indígenas e grupos da sociedade civil, criem soluções juntos, é urgente, segundo a chefe da agência da ONU
"A ciência deve ser o mecanismo motriz em todo o mundo para realmente transformar e dar mais oportunidades para as gerações futuras”, diz Celeste, ressaltando que as decisões tomadas hoje “podem ser a diferença entre um colapso futuro ou um avanço para um mundo melhor".