Suzano: empresa quer criar "corredores ecológicos" para conectar fragmentos de florestas (Lia Lubambo/Exame)
A Suzano anunciou hoje, 25, a sua mais nova meta ambiental, desta vez relacionada a preservação da biodiversidade. No longo prazo, a intenção da empresa é ampliar o compromisso com a recuperação dos biomas Cerrado, Mata Atlântica e Amazônia, nos quais tem atuação. Para isso, a Suzano criará corredores ambientais responsáveis por conectar meio milhão de hectares de áreas prioritárias até 2030.
Na prática, a empresa pretende conectar, com a ajuda desses ‘corredores de biodiversidade’, cerca de 1.800 áreas florestais fragmentadas e isoladas, unindo essas regiões - hoje sem qualquer tipo de ligação entre si - a um ecossistema maior e que faça parte das áreas conservadas pela fabricante de papel e celulose. O mapeamento destas áreas ficou a cargo da ONG Instituto Ecofuturo.
Chegar a esse resultado não dependerá apenas da Suzano. Como grande parte das áreas de preservação mapeadas estão fora do alcance da fabricante, será necessária uma interação entre diferentes agentes que, em conjunto, compartilhem do interesse em preservar os principais biomas do país.
Segundo Marcelo Bacci, diretor executivo de finanças e relação com investidores da Suzano, o Brasil tem hoje incontáveis blocos (ou fragmentos) de áreas florestais conservadas, mas isoladas. A Suzano, por si só, tem sob sua supervisão mais de 1 milhão de hectares de mata nativa. Desse total, 250.000 hectares fazem parte do total monitorado pelo Instituto Ecofuturo. A outra metade está sob supervisão de outras empresas, fazendeiros e entidades. Com o projeto, a ideia é unir esses pequenos fragmentos e ligá-los entre si.
“Sempre soubemos que a construção deveria ser compartilhada”, diz Bacci. “Nosso propósito é encontrar parceiros e engajar todos eles ao mostrar que todos ganham ao ter um ecossistema mais equilibrado”.
Mais do que incluir esses blocos no monitoramento cotidiano da empresa, a ideia dos corredores ecológicos consiste basicamente no plantio de árvores - em sua maioria eucaliptos - para promover a conexão entre dois ou mais pedaços isolados de floresta a partir do trânsito de espécies antes distantes umas das outras.
No ano passado, a Suzano lançou suas metas ESG para a década. A fabricante se comprometeu a reduzir em 15% suas emissões de CO2 dos escopos 1 e 2 e aumentar em 50% a exportação de energias renováveis até o final da década. Parte desse compromisso ambiental também consiste em não apenas reduzir, mas sequestrar carbono da atmosfera. A meta da empresa é sequestrar, até 2030, 40 milhões de toneladas de CO2.
Há dois meses, a empresa lançou também um programa para descarbonização da cadeia de fornecedores, como uma tentativa de ampliar a mitigação ambiental para o escopo 3 de emissões, que consiste nos emissores indiretos da operação. “Depois disso tudo, era muito natural que, em algum momento, nossas metas também conversassem com a biodiversidade”, disse Bacci.
A nova meta pública a favor da biodiversidade também é estratégica, e surge após uma demanda por parte dos stakeholders, que consideravam o tema um fator decisivo para os negócios. “Sentimos a necessidade de revisitar nossas estratégias e agora fazemos essa chamada aberta para que parceiros sejam atraídos ”, diz Fernando Bertolucci, diretor executivo de tecnologia e inovação da Suzano.
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