ESG

Apoio:

logo_unipar_500x313

Parceiro institucional:

logo_pacto-global_100x50

Sucesso da bioeconomia depende de união entre ciência, tecnologia e saberes tradicionais na Amazônia

Pesquisa do Idesam destaca o potencial global da bioeconomia e a necessidade de novas formas de governança colaborativa para o protagonismo brasileiro

Facilitar o acesso a mercados e incentivar a transferência de tecnologia e conhecimento entre os setores também são necessidades da bioeconomia (Envato Divulgação)

Facilitar o acesso a mercados e incentivar a transferência de tecnologia e conhecimento entre os setores também são necessidades da bioeconomia (Envato Divulgação)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 25 de fevereiro de 2025 às 09h00.

Última atualização em 25 de fevereiro de 2025 às 10h34.

Tudo sobrebioeconomia
Saiba mais

Em meio à emergência climática e à crescente busca por modelos de desenvolvimento sustentável, um estudo recém-concluído pelo Idesam ressalta que destravar a bioeconomia é fundamental para garantir a preservação da Amazônia – um potencial de mercado que pode alcançar US$ 7,7 trilhões até 2030, segundo o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

A pesquisa, financiada pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS), aponta que a promoção de hubs e arranjos colaborativos, capazes de unir academia, políticas públicas, setor privado e populações tradicionais, é indispensável para superar barreiras e otimizar investimentos na região. "Faltam elos mais fortes de conexão entre academia, demanda de mercado, políticas públicas e populações tradicionais, de modo a catalisar resultados e otimizar investimentos", afirma Carlos Koury, diretor de inovação em bioeconomia do Idesam, que também coordena o Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio).

O estudo evidencia que, apesar de políticas e investimentos já estarem sendo direcionados à região – especialmente com iniciativas vinculadas à COP30, que ocorrerá em Belém – ainda há um grande hiato na integração dos diversos atores do ecossistema. Segundo Koury, "em se tratando de bioeconomia, há uma boa quantidade de conhecimento disponível para potencializar cadeias produtivas, mas ainda são poucas as oportunidades de integrar este conhecimento".

Nesse cenário, a proliferação de "biohubs" – núcleos de coprodução de conhecimento e inovação – tem se mostrado uma tendência promissora. Essa estratégia, que se concretiza em clusters de bionegócios, visa não apenas estimular soluções mais sustentáveis e inclusivas, mas também facilitar o acesso a mercados e incentivar a transferência de tecnologia e conhecimento entre os diversos setores envolvidos.

Investimentos – e resultados – na prática

Uma das iniciativas citadas no estudo é o programa coordenado pelo Idesam em parceria com a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa). Por meio desse mecanismo, empresas que se beneficiam de incentivos fiscais são obrigadas a investir em pesquisa e desenvolvimento (P&D). Até o momento, mais de R$ 146 milhões foram mobilizados, envolvendo 40 empresas investidoras e 76 projetos em andamento ou concluídos nos estados do Amazonas, Amapá, Roraima, Rondônia e Acre.

Lideranças indígenas da Amazônia recebem formação para ampliar participação na COP30

A experiência acumulada em mais de 20 anos de atuação na região tem permitido ao Idesam integrar diferentes setores das cadeias produtivas amazônicas. O objetivo é valorizar tanto o conhecimento tradicional das populações locais quanto as inovações tecnológicas e acadêmicas, criando um ambiente propício para o desenvolvimento sustentável que respeite as especificidades de cada território.

Novos modelos de cooperação

Além dos arranjos produtivos tradicionais, o estudo aponta para a importância das chamadas “metaorganizações” – redes formadas por coletivos que conectam diferentes setores e papéis dentro da cadeia produtiva. Exemplos como o Redário, que reúne coletivos de coletores de sementes para restauração de ecossistemas; a rede Origens Brasil, focada no comércio justo; e o CocoaAction Brasil, que integra produtores e indústrias do cacau, ilustram como a convergência de múltiplos atores pode fomentar uma bioeconomia mais justa e inclusiva.

Yurik Ostroski, coautor do estudo, ressalta que “somente ações colaborativas e bem orquestradas são capazes de superar os incontáveis desafios amazônicos”. Para ele, mobilizar diversos atores – dos bionegócios comunitários a indústrias e centros de pesquisa – exige a criação de novas estruturas e modelos de cooperação que transcendam as fronteiras tradicionais.

Entre os principais desafios identificados estão a necessidade de customização das soluções para cada setor (seja na indústria de alimentos, fármacos ou cosméticos), a superação de barreiras relacionadas à governança local e o alinhamento de interesses em contextos culturalmente diversificados. Ademais, o estudo reforça o papel fundamental dos governos na promoção de infraestrutura básica – como energia, conectividade, transporte, educação e assistência técnica – que são essenciais para a integração dos diversos atores.

Acompanhe tudo sobre:bioeconomiaAmazôniaBiotecnologiaTecnologiaInovação

Mais de ESG

Airbus fecha acordo para financiar estudos de combustível sustentavél de aviação na América Latina

Incêndios florestais aumentam em 30% as emissões da guerra na Ucrânia em um ano, diz estudo

Após revisão de portifólio, Azzas encerra operação da Troc

Descomplicando setor: entenda como funciona o sistema elétrico brasileiro