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A participação das startups de tecnologia verde no Brasil, por exemplo, ainda é modesta dentro do ecossistema de inovação (Freepik/Reprodução)
Redação Exame
Publicado em 6 de maio de 2023 às 08h00.
Por Clayton Melo *
A nossa geração tem o enorme desafio de mudar a rota do desenvolvimento econômico. Temos de deixar pra trás urgentemente o modelo baseado em combustíveis fósseis e abraçar a economia verde. Nessa jornada, as startups verdes cumprem um papel importante, pois podem funcionar como aceleradoras da cadeia da inovação, desenvolvendo soluções capazes de resolver – ou minimizar – inúmeros problemas, seja no campo energético, na agricultura, na mobilidade urbana ou na indústria. Mas onde estão exatamente as oportunidades para as cleantechs e o ecossistema de investimentos em startups de impacto no Brasil?
O primeiro passo ao refletir sobre essa questão é entender que a combinação de crise ambiental com transformação digital abre um campo enorme de oportunidades para a economia verde. Isso porque a aceleração digital provocada pela pandemia criou um ambiente favorável para o desenvolvimento e a aceitação de tecnologias voltadas à sustentabilidade.
Só para dar uma dimensão das oportunidades à vista, a adoção de tecnologias verdes no período pós-pandemia pode gerar dois milhões de empregos e acrescentar à economia brasileira R$ 2,8 trilhões até 2030, segundo o estudo “Uma Nova Economia para uma Nova Era”, feito pela ONG WRI Brasil e pela New Climate Economy. O trabalho também mostra que a rápida transição para uma economia de baixo carbono e climaticamente resiliente poderia adicionar R$ 19 bilhões em produtividade agrícola e reduzir em 42% as emissões de gases de efeito estufa até 2025 em comparação aos níveis de 2025.
Transição de modelos
O Brasil tem boas condições, por exemplo, de impulsionar a produção de ônibus elétricos, o que poderia dar um salto na inovação da indústria brasileira. Outro exemplo é o setor florestal. O desenvolvimento econômico dessa atividade, com o plantio em larga escala de espécies nativas (silvicultura de espécies nativas), pode posicionar o país como um dos líderes mundiais na exportação de madeira tropical, além de propiciar novas frentes de negócios por meio de mercados de créditos de carbono e outros serviços ambientais, de acordo com a pesquisa. O estudo argumenta, no entanto, que em nenhum setor no Brasil as condições para uma economia de baixo carbono são tão favoráveis quanto na agropecuária.
Já o estudo “A Onda Verde”, desenvolvido pela Climate Ventures e a Pipe.Labo, procurou detalhar os setores econômicos com maiores chances para empreender e investir com impacto ambiental no país. Segundo a pesquisa, as principais oportunidades são as seguintes:
Agropecuária:
Florestas e uso do solo:
Indústria:
Energia e biocombustíveis
Logística e mobilidade
Água e saneamento
Gestão de resíduos
Como se vê, as oportunidades se espalham por diferentes setores e atividades. Os desafios para os empreendedores, porém, ainda são inúmeros. A participação das startups de tecnologia verde no Brasil, por exemplo, ainda é modesta dentro do ecossistema de inovação. O Mapeamento Cleantech 2021, realizado pela Associação Brasileira de Startups em parceria com a EDP, registra que, das 102 startups mapeadas, apenas 33% receberam investimentos. O futuro para as cleantechs é promissor, mas os investimentos ainda patinam. Está na hora de desatar esse nó e impulsionar as startups verdes no país.
* Jornalista, é articulador urbano, curador de festivais de inovação, criatividade e impacto socioambiental e especialista em estratégias de conteúdo multiplataforma. É cofundador da plataforma A Vida no Centro e finalista do Prêmio Governo do Estado de São Paulo para as Artes 2020. Atuou em redações como Istoé Dinheiro, Meio e Mensagem e Gazeta Mercantil e colaborou para diversas publicações.