Rodrigo Jobim Roessler criou, em 2017, a startup a Molécoola (Molécoola/Divulgação)
Marina Filippe
Publicado em 26 de julho de 2022 às 11h00.
Última atualização em 26 de julho de 2022 às 13h57.
Ao compreender que apenas 11% dos resíduos no Brasil com potencial reciclável recebem a destinação correta, o empresário Rodrigo Jobim Roessler criou, em 2017, a startup a Molécoola, com o objetivo de incentivar o descarte e reciclagem de embalagens e promover a economia circular.
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“Há uma série de fatores que dificultam a ampliação da cadeia da reciclagem no Brasil e que esse processo se torne inerente ao cotidiano das pessoas. Esbarramos na falta de conscientização, mas também nos entraves do próprio mercado. As pontas estão soltas e nossa proposta é nos relacionar com esses atores e apoiá-los no retorno do resíduo pós-consumo”, diz Roessler.
A operação da Molécoola começa com o consumidor final, que se cadastra gratuitamente no aplicativo da marca e passa a ter acesso a uma série de vantagens. A primeira e uma das mais importantes etapas é o processo de educação para a reciclagem, realizado por meio de vídeos com treinamentos sobre o descarte correto dos mais diversos materiais.
Ao entrar no app, o usuário também se torna membro do programa de fidelidade. Quanto mais ele recicla, mais pontos acumula, podendo trocá-los por prêmios das marcas parceiras. “Estamos falando de economia sustentável, uma vez que a reciclagem do resíduo gerado por meio do consumo possibilita a aquisição de novos produtos”, diz Roessler.
Para contabilizar os pontos, o consumidor deve depositar o material reciclável nas estações automatizadas da Molécoola, instaladas em varejistas e atacadistas parceiros, entre eles as redes Carrefour, Pão de Açúcar, COOP, Makro, St. Marché, D'Avó e Canção Nova em diferentes regiões do Brasil.
O material é convertido em pontos e o consumidor recebe a pontuação no sistema. Os pontos acumulados podem ser trocados por produtos das marcas; doados para as ONGs Viva Moema, Paróquia Nossa Senhora Aparecia Moema/SP e Instituto Center Norte; ou, ainda, convertidos no plantio de árvores na Serra do Mar, área de recuperação ambiental onde foi criada a Floresta Molécoola, e o projeto acontece em parceria com a PlantVerd, empresa de serviços florestais que já plantou mais de 3.200.000 mudas de árvores.
Quem reciclar embalagens dos produtos dos parceiros da Molécoola - Unilever, Pepsico, P&G, Soya, SC Johnson e Heineken – recebem pontuação turbinada. Na etapa final, a Molécoola direciona os materiais para reuso (caso das garrafas de cerveja de 600 ml) ou reciclagem com parceiros, como a Novelis, Wise, Gerdau, ABREE, Green Eletron, entre outros.
“Além da preservação do meio ambiente, nosso objetivo é gerar receita e oportunidades para profissionais e empresas. Pensamos em todo o ciclo da reciclagem”, completa. Fundada há cinco anos, a empresa passou por algumas adaptações para que o modelo ideal entrasse em operação. “As estações automatizadas são nossa grande novidade. Iniciamos a empresa com profissionais responsáveis pelo recebimento em cada estação. Mas com a automação o nível de serviço para o consumidor melhora, com a possibilidade de fazer o depósito todos os dias, incluindo domingos e feriados, e em qualquer horário”, comenta o empresário.
Crescimento da Molécoola e da reciclagem
Atualmente a Molécoola fatura R$ 2,8 milhões ao ano, após crescer 200% entre 2020 e 2021, e conta com cerca de 45 mil usuários cadastrados. A receita da empresa vem, principalmente, de patrocínios das empresas de bens de consumo, que expõem suas marcas nas estações de reciclagem, e da venda dos materiais recicláveis para os recicladores. A expectativa da marca é ampliar o número de estações, das atuais 31 para 100, até o final de 2022.
"Partimos de uma operação com atendimento para uma operação de auto-atendimento, em linha com o próprio movimento que vemos acontecer nos supermercados, com o self checkout, que nos permite mais agilidade na operação e oportunidade de crescimento, além de ser um modo de trabalho mais apropriado em tempos de covid-19", diz Roessler.
Segundo ele, aportes também são esperados. "Mantivemos a atividade de triagem manual dos materiais , mas centralizamos essa atividade de recebimento para ganhar mais controle e confiabilidade na operação. Tivemos um ganho colateral de eficiência, que pode gerar aportes necessários para a evolução do novo modelo".
Alpem disso, a startup está em fase de implantação de um sistema de tokens combinado com a gamificação, que permitirá a conversão de parte dos pontos em criptomoedas. E todas as transações serão garantidas a partir da tecnologia blockchain em uma rede pública, com rastreabilidade realmente 100% garantida.