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Bombeiro monitora um incêndio em uma área da floresta amazônica: para o Santander, salvar a floresta depende da união entre governo, empresas e sociedade (Ueslei Marcelino/Reuters)
Rodrigo Caetano
Publicado em 16 de outubro de 2020 às 06h00.
Última atualização em 16 de outubro de 2020 às 12h06.
Fazer negócios na Amazônia é diferente do restante do país. Por esse motivo, é preciso aprender a operar naquela ecossistema, levando em consideração sua diversidade, suas riquezas biológicas e algumas idiossincrasias da região. Para Karine Bueno, diretora de sustentabilidade do banco Santander, somente uma agenda de estado, que una o setor privado, o governo e todas as partes interessadas, poderá levar desenvolvimento sustentável e prosperidade aos habitantes da floresta.
Os bancos estão preocupados com o que acontece na Amazônia por dois motivos: primeiro, a biodiversidade da floresta oferece inúmeras oportunidades de crescimento na bioeconomia e há uma associação clara entre a Amazônia e a imagem do Brasil; segundo, resolver antigas pendências do estado com os empreendedores amazônicos é uma maneira de fomentar o desenvolvimento econômico, o que, para um banco, significa mais oportunidades de financiar a atividade produtiva e, consequentemente, ganhar dinheiro. “Há uma lógica econômica por trás da proteção da floresta”, afirma Bueno.
É por isso que, em agosto, os três maiores bancos brasileiros, Itaú, Bradesco e Santander, se uniram para produzir um documento com demandas ao governo. As instituições financeiras elaboraram um conjunto de dez medidas de conservação ambiental, desenvolvimento da bioeconomia, investimento em infraestrutura sustentável e garantia dos direitos básicos da população da região amazônica. O plano foi apresentado ao governo federal e, desde então, os três concorrentes trabalham juntos para colocar as propostas em prática.
As equipes de sustentabilidade dos bancos estão se reunindo duas vezes por semana e, uma vez por mês, os três presidentes, Octavio de Lazari Jr. (Bradesco), Candido Bracher (Itaú) e Sergio Rial (Santander) se encontram virtualmente para debater o projeto. Há um componente importante de advocacy (termo que substituiu o impopular lobby) no projeto. A ideia é convencer executivo e legislativo a aprovar leis e regulações que favoreçam o desenvolvimento da economia de baixo carbono.
Um dos pontos mais importantes é a regularização fundiária -- a vasta extensão de terras ainda sem dono no País e, especialmente, na Amazônia, favorece a especulação imobiliária, principal combustível do desmatamento. Dar a posse definitiva a quem, de fato, tem direito sobre as propriedades também permite aos bancos oferecer crédito aos produtores. Três escritórios de advocacia foram contratados para analisar e desenvolver uma proposta de solução para a questão fundiária -- os nomes dos escritórios não foram divulgados por questão contratual.
“O setor financeiro está no centro da atividade econômica. Quanto maior a segurança jurídica, melhor para os negócios”, diz Bueno. “Ninguém vai salvar a Amazônia individualmente. É preciso uma agenda de estado e o compromisso da sociedade para encontrar o tipo de desenvolvimento adequado para a região. Dessa forma, podemos nos tornar a maior potência ambiental do planeta.”