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Somente 2% das empresas Brasileiras são bem avaliadas por todos os stakeholders

Em um mundo cada vez mais transparente, empresas não podem mais ignorar as reais demandas do mercado. É essencial uma abordagem integrada que gere valor para todos

Reputação: 61% das empresas não possuem boa avaliação do público interno e 85% não são bem avaliadas pelos públicos externos (Nuthawut Somsuk/Getty Images)

Reputação: 61% das empresas não possuem boa avaliação do público interno e 85% não são bem avaliadas pelos públicos externos (Nuthawut Somsuk/Getty Images)

Pedro Paro
Pedro Paro

Colunista

Publicado em 16 de julho de 2024 às 07h00.

Última atualização em 17 de julho de 2024 às 13h14.

Um Olhar Integrado

Em 2017, no Grupo de Gestão de Mudanças e Inovação da USP (EESC/USP), iniciamos o primeiro estudo de avaliação multistakeholders do país. O objetivo era mapear a percepção das empresas brasileiras por diferentes grupos de interesse, avaliando a qualidade das interações e o impacto de suas ações. Na época, mapeamos 1.115 empresas do país, e, após validarmos os dados via consulta direta aos stakeholers, reconhecemos as 22 melhores empresas em parceria com o Capitalismo Consciente Brasil, replicando pela primeira vez a abordagem do Prof. Raj Sisodia no país, fundador do movimento Capitalismo Consciente Internacional.

O lançamento do livro "Empreendedorismo Consciente" em 2019, do qual sou coautor, detalha os casos de empresas que participaram deste primeiro estudo, exemplos como Natura, Boticário, ClearSale, Elo7, Hospital Albert Einstein e Grupo Jacto. Essas empresas se destacaram por integrar práticas sustentáveis em seus modelos de negócios, aliando desempenho financeiro com responsabilidade social e ambiental.

Expansão do Estudo

Em Julho de 2024, na Humanizadas, uma spin-off da Universidade de São Paulo (EESC/USP), revisitamos e expandimos o estudo inicial. Utilizando uma metodologia aprimorada e novas abordagens de análise de dados. Dessa vez, identificamos inicialmente mais de 26 mil empresas (resultado 23x superior ao anterior).

Este novo levantamento revelou padrões e tendências significativas. 

Padrões nas Análises de Dados

Identificamos quatro grupos de empresas:

  • Grupo 1: Bem avaliadas pelo público interno e externo (“Top Performance”).
  • Grupo 2: Bem avaliadas pelo público interno e mal pelo externo.
  • Grupo 3: Mal avaliadas pelo público interno e bem pelo externo.
  • Grupo 4: Mal avaliadas por ambos os públicos.

Conforme ilustrado no Gráfico 1, apenas 2% das empresas brasileiras estão no Grupo 1. Cerca de 61% das empresas não possuem boa avaliação do público interno (Grupos 3 e 4) e 85% não são bem avaliadas pelos públicos externos (Grupo 2 e 4). Faz parte do público interno conselheiros, lideranças e colaboradores. Faz parte do público externo consumidores, clientes, parceiros e sociedade em geral.

Níveis de Satisfação

No Gráfico 2, podemos observar que as empresas bem avaliadas pelos públicos interno e externo (Grupo 1) possuem 75% de satisfação, enquanto as mal avaliadas por ambos os públicos (Grupo 4) têm apenas 41%. Quando uma empresa foca apenas em um público, esse índice sobe para 55% (Grupo 2) ou 52% (Grupo 3). Por exemplo, este resultado indica que não basta gerar valor para o cliente OU do colaborador, é preciso gerar valor para todos os públicos para se destacar, afinal de contas, os públicos conversam entre e ajudam a formar a reputação de uma marca no mercado, influenciando decisões de compra, trabalho e investimento.

Desafios e Soluções

Um dos principais desafios para as empresas é a complexidade das fontes de dados e a falta de comunicação entre projetos e pesquisas. É comum ver pesquisas de clima, cultura, satisfação, engajamento ou reputação que não dialogam entre si.

Com o crescente aumento da influência dos stakeholders, muitas empresas abriram pesquisas e projetos que não se comunicam, gerando problemas de comunicação, desalinhamento interno e perda de recursos. Isso resulta não apenas em perda de tempo, recursos e energia, mas também na perda de oportunidade para endereçar as reais necessidades dos stakeholders e as prioridades estratégicas do negócio.

Para solucionar esses desafios, as empresas devem integrar suas abordagens e focar naquilo que realmente importa para os stakeholders e o negócio, adotando um olhar realmente estratégico e sistêmico sobre a empresa. No Relatório Melhores Para o Brasil, destacamos empresas que geram valor para todos os stakeholders. Essas empresas têm 70% maior retorno financeiro e 235% maior capacidade de inovação.

Conclusão

A criação de valor sustentável exige que as empresas adotem uma abordagem integrada, considerando as necessidades de todos os stakeholders. Isso não implica em atender a todas as demandas indistintamente, mas em identificar e priorizar projetos que tragam maior valor para os stakeholders e para o negócio de forma estratégica.

Empresas que equilibram a satisfação dos stakeholders tendem a melhorar sua reputação, obter melhores resultados financeiros e aumentar a capacidade de inovação. O estudo evidencia a importância de uma abordagem holística, onde a geração de valor é maximizada ao atender as necessidades de todos os grupos de interesse.

Na Humanizadas, em parceria com Google e Fapesp, estamos desenvolvendo uma Inteligência Artificial para auxiliar as empresas na implementação de uma visão integrada. Essa tecnologia será fundamental para fortalecer a reputação corporativa e garantir o sucesso a longo prazo.

O Relatório Melhores Para o Brasil pode ser acessado neste link.

Acompanhe tudo sobre:Gestão de pessoas

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