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Sintomas da menopausa afetam trabalho das mulheres e apoio na empresa é fundamental, diz Korn Ferry

Mulheres são mais otimista em relação às perspectivas de carreira quando se sentem apoiadas por políticas e colegas de trabalho que compreendem as necessidades desta fase; pesquisa revela a percepção delas sobre os sintomas e impactos

 (Jacob Wackerhausen/iStockphoto)

(Jacob Wackerhausen/iStockphoto)

Marina Filippe
Marina Filippe

Repórter de ESG

Publicado em 26 de fevereiro de 2024 às 10h31.

Até 2025, mais de 1 bilhão de pessoas no mundo terão de lidar com a menopausa. Apenas nos Estados Unidos, mais de 1 milhão de mulheres entram na menopausa a cada ano. Pensando nisto, a consultoria Korn Ferry, em parceria com a empresa de saúde Vira Health, realizou uma pesquisa global com mais de 8.000 mulheres para compreender melhor o papel da perimenopausa/menopausa e os impactos no ambiente de trabalho.

Embora a maioria das mulheres da amostra não tenha apresentado uma visão negativa sobre suas experiências com a perimenopausa/menopausa, quase metade (47%) das mulheres teve sintomas relacionados à perimenopausa/menopausa que afetaram sua vida e seu desempenho profissional. Entre elas, 40% relataram ter seis ou mais sintomas diferentes que impactaram o desempenho profissional.

"Temos visto o aumento do número de pessoas com 50 anos ou mais no mercado de trabalho. Assim, a pesquisa é uma oportunidade de olhar para necessidades específicas das mulheres que, neste período, têm novos desafios e sintomas de algo que é natural. É papel das empresas colocar o tema como parte da discussão de diversidade e inclusão para que elas continuem tendo perspectivas de carreira", diz Adriana Rosa, Korn Ferry sócia e líder da prática de transformação, em entrevista à EXAME.

Menopausa: assunto de corredor

O assunto começa tomar os corredores das empresas, quando a maioria das entrevistadas (70%) afirmam ter conversado com colegas de trabalho sobre o tema, sendo que 27% conversaram com a gerência sênior e somente cerca de 37% conversaram com o pessoal de RH sobre suas experiências.

Apesar disto, menos de 40% das entrevistadas mencionaram que o apoio que receberam atendia às suas necessidades (concordaram ou concordaram plenamente com cada uma das afirmações). A maior fonte de apoio era de fora do trabalho: 39% das entrevistadas relataram ter apoio social fora do trabalho para suas necessidades relacionadas à perimenopausa/ menopausa, ao passo que 26% relataram ter recebido apoio de políticas e programas formais no trabalho.

Além disto, uma maior porcentagem de entrevistadas relatou ter conversado (ou estar disposta a conversar) com seu/sua gerente de linha sobre sua experiência com a perimenopausa/menopausa caso seu/sua gerente fosse uma mulher (46%) em comparação com um homem (33%). No entanto, os níveis de apoio percebidos da parte de gerentes mulheres e homens foram praticamente iguais (37% e 35%, respectivamente). "É interessante observar como o apoio é semelhante por gestores de ambos gêneros, podendo desmitificar algum vies", diz Adriana.

O relacionamento afeta diretamente o impacto nas mulheres em relação ao otimismo ou receio da performance. O dobro das mulheres que estava otimista se sentia apoiada por políticas/programas formais (38% entre as otimistas vs. 18% entre as receosas) e práticas informais no trabalho (42% entre as otimistas vs. 21% entre as receosas). Em ambos os grupos, o apoio percebido de colegas do trabalho e apoio social fora do trabalho foram os mais elevados do que apoio percebido de políticas/programas formais.

Para elas, a menopausa, especialmente, quando não há apoio na empresa, têm impacto negativo na progressão de carreira. "Estamos falando de retenção de talentos sêniores que, quando apoiadas, têm otimismo no trabalho e interesse no crescimento profissional".

De acordo com a executiva, o apoio pode ocorrer de diferentes formas. "Há a possibilidade de oferecer desde rodas de conversa até um apoio mais formal com benefícios dos recursos humanos, plano de saúde que atenda as necessidades, planos para atividades físicas, entre outros".

Impactos negativos na carreira das mulheres após a menopausa

Impactos negativos na carreira das mulheres após a menopausa. Fonte: Korn Ferry (Korn Ferry/Reprodução)

Sintomas da menopausa e impacto no trabalho

Os sintomas da menopausa, que variam desde ondas de calor, insônia e ansiedade até confusão mental e depressão, não apenas interferem na vida diária das mulheres e reduzem sua qualidade de vida, mas também afetam seu desempenho no ambiente de trabalho.

Entre as entrevistadas, os sintomas mais relatados entre os diferentes tipos foram os sintomas físicos, especialmente dificuldade para dormir (61%) e estar cansada ou ter pouca energia (60%), seguidos por ganho de peso (56%) e dores musculares ou articulares (55%). As entrevistadas também relataram que muitos dos sintomas psicológicos eram muito graves, como sentir-se irritada (54%) e ansiosa (50%), além de sintomas vasomotores, incluindo ondas de calor e sudorese noturna (50% em ambos).

Em casos mais extremos, 19% relataram ter faltado ao trabalho por uma semana ou mais, em um determinado mês, por causa de seus sintomas da perimenopausa/ menopausa. Já 13% mencionaram que desistiram de seu emprego por causa de seus sintomas da perimenopausa/menopausa.

Além disto, as entrevistadas com sintomas mais graves em cargos de nível executivo/liderança seniores e de gerência registraram porcentagens mais altas de faltas ao trabalho e desistência de seu emprego, em comparação com aquelas com sintomas menos graves ou contribuidoras individuais, trabalhadoras de linha de frente e trabalhadoras por contrato de prazo determinado/autônomas.

De acordo com a pesquisa, apesar das evidências, muitas organizações ainda falham em reconhecer que os sintomas da menopausa estão impactando a capacidade das mulheres de permanecerno ambiente de trabalho e em dar o apoio necessário para mitigar consequências adversas.

As entrevistadas associaram o maior nível de estresse, e a queda de concentração com o período da menopausa. Ao mesmo tempo, elas também perceberam maior consciência pessoal.

Contudo, Adriana lembra que há pontos positivos apontados. "Não é só tragédia. Para 25% delas, por exemplo, há uma tomada de consciência sobre si, muito importante para o amadurecimento e a realização profissional. As empresas que valorizarem essa experiência tendem a ganhar".

O que melhora e o que piora para as mulheres após a menopausa. Fonte: Korn Ferry (Korn Ferry/Reprodução)

Orientações para as organizações

O estudo apresenta ainda uma série de recomendações para que as pessoas gestoras comecem a entender do assunto e o abordem de forma a auxiliar na qualidade de vida e progressão de carreira das mulheres:

• Necessidade e uma oportunidade de as organizações oferecerem apoio no que diz respeito às necessidades das mulheres em relação à perimenopausa/menopausa. “Entre os vários tipos de apoio avaliados, as entrevistadas apresentaram maior apoio percebido de recursos focados em pessoas (p. ex.: colegas e gerentes) vs. recursos organizacionais (p. ex.: práticas/programas formais e informais), enfatizando a necessidade de criar melhores políticas e práticas formais e informais para apoiar as necessidades das mulheres relacionadas à menopausa”.

• Mulheres em cargos de liderança sênior devem receber apoio relacionado à carreira durante sua transição à perimenopausa/menopausa. “Observamos que as mulheres em cargos de liderança relataram níveis mais elevados de impacto negativo em seus objetivos de progressão de carreira, como contratação, promoções ou bônus e níveis de absenteísmo e rotatividade do que as entrevistadas em cargos que não são de liderança. Encorajamos as organizações a se concentrarem em apoiar a progressão de carreira de mulheres em cargos de liderança”.

• As organizações precisam estabelecer uma abordagem holística para a saúde das mulheres. “Em nossa amostra, observamos níveis elevados de sintomas físicos e psicológicos que afetam as mulheres no trabalho. Há uma relação entre a gravidade dos sintomas, faltar ao trabalho e pensar em desistir, ou até mesmo desistir, do emprego por causa dos sintomas. Refletir sobre os impactos que os sintomas podem ter na experiência e na capacidade de trabalho das mulheres reforça a necessidade de intervenções ou apoio eficazes em relação aos diferentes tipos de sintomas, tanto físicos como psicológicos”.

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