Janaína Dallan e Luciano Fonseca, da Carbonext (Carbonext/Reprodução)
Marina Filippe
Publicado em 11 de julho de 2022 às 11h10.
Última atualização em 11 de julho de 2022 às 11h52.
Em sua segunda rodada de captação de recursos, a Carbonext, desenvolvedora de projetos de geração créditos de carbono REDD+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação), anunciou um novo aporte de R$ 200 milhões em seu capital, por meio de uma parceria com a Shell Brasil, que passa a ser sócia minoritária da companhia.
O recurso será utilizado para investimento em tecnologia embarcada nos projetos de preservação florestal e para o desenvolvimento de novas áreas de negócios, como bioeconomia e reflorestamento na Floresta Amazônica.
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Toda a gestão da Carbonext, que atua no segmento há 12 anos, permanecerá a cargo de seus sócios-fundadores, a engenheira florestal Janaína Dallan, que integra o quarteto brasileiro de especialistas da ONU para Mudanças Climáticas, preside a Aliança Brasil de soluções baseadas na natureza e é a única brasileira a integrar o painel de experts para o Integrity Council for Voluntary Carbon Markets (IC-VCM), e o economista Luciano Corrêa da Fonseca, mestre em ciências políticas e ex-diretor do Pátria Investimentos.
A empresa usará os recursos para expandir a atuação em novos segmentos da bioeconomia e ampliar o time de especialistas florestais para criar e gerenciar projetos de geração de créditos de carbono, cujo objetivo é trazer valor à floresta em pé — uma alternativa economicamente viável à pecuária e à agricultura.
Desde 2021, o compromisso da Carbonext com a preservação da Floresta Amazônica fez com que a empresa aumentasse em 340% a área de vegetação preservada na região mais vulnerável da floresta, o Arco do Desmatamento (um corredor que vai do Acre ao sul do Pará, passando por Amazonas, Rondônia e Mato Grosso).
Nos primeiros cinco meses de 2022, os projetos desenvolvidos pela Carbonext geraram aproximadamente R$ 150 milhões em créditos no mercado voluntário de carbono, comercializando créditos com empresas e entidades, como o BNDES, por exemplo.
A parceria com a Shell possibilitará o acesso a inovações e processos, inclusive nas áreas de biotecnologia e monitoramento. Segundo as empresas, as sinergias devem incrementar os mecanismos de proteção dos mais de 2 milhões de hectares de Floresta Amazônica já protegidos por projetos de crédito de carbono desenvolvidos ou em desenvolvimento pela Carbonext e seus parceiros. O acordo estabelece uma série de ações conjuntas nos próximos 100 dias para que a parceria técnica comece a apresentar resultados.
"Nossos projetos, associados à ação de nossos parceiros, geraram em 2022 o maior volume de créditos de carbono florestais do país, com certificação e auditoria de organismos internacionais como a Verra. Estamos contribuindo para frear o aquecimento global, a partir da preservação das florestas, e também para as discussões essenciais sobre a transição para a economia de baixo carbono, como o desenvolvimento da bioeconomia. Com a nova parceria, a empresa passará a atuar com o que há de mais moderno para o desenvolvimento e suporte à gestão das áreas florestais onde atuam, possibilitando atuação em escala inédita.” afirmam os co-CEOs da empresa Janaína e Luciano.
Para a Shell, que buscou a Carbonext para alavancar a estratégia de transição energética e descarbonização, a parceria demonstra a relevância do Brasil na jornada da companhia rumo ao objetivo de zerar suas emissões líquidas até 2050. O acordo com a Carbonext marca a entrada da Shell no negócio de soluções baseadas na natureza no país.
“O Brasil, por sua localidade e biodiversidade, é fundamental para nossa estratégia Powering Progress, especialmente quando falamos em respeitar a natureza e impulsionar vidas, além de atingir emissões líquidas zero e gerar valor aos acionistas. Não é de hoje que a Shell defende a criação e regulação do mercado de carbono. Associar nossa companhia à Carbonext é um passo importante para nossa meta de compensar 120 milhões de toneladas de CO₂ ao ano até 2030 com soluções baseadas na natureza para o Escopo 3, que são emissões difíceis de se abater, em linha com a hierarquia de mitigação,” afirmou o presidente da Shell Brasil, André Araujo.
Até 2021, a Carbonext gerenciava a parte técnica de três projetos de crédito de carbono em áreas florestais nativas, sob risco de desmatamento, nos estados do Acre e do Amazonas. Neste ano, outros projetos foram viabilizados, totalizando os cerca de 2 milhões de hectares de vegetação protegidos pelos projetos da empresa e seus parceiros. Cada projeto é constituído por uma ou mais terras particulares que, após a atuação da Carbonext, passam a ter uma alternativa financeiramente muito atrativa e que vem revertendo o desmatamento de áreas para usos como a pecuária ou agricultura.
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