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Fogo: "Quando estávamos no combate ao incêndio, o plástico do espelho retrovisor do caminhão-pipa chegou a encolher", relembra agricultor (AFP Photo)
Agência de notícias
Publicado em 16 de setembro de 2024 às 14h07.
Marcos Meloni não esquecerá tão cedo o dia no fim de agosto em que lutou contra as chamas que ameaçavam consumir sua plantação de cana-de-açúcar.
"Quando estávamos no combate ao incêndio, o plástico do espelho retrovisor do caminhão-pipa chegou a encolher" por causa do calor intenso, relata à AFP este agricultor de Barrinha, a 340 quilômetros de São Paulo, no coração de uma importante região produtora.
"Eu achei que ia partir dessa", admite.
Os incêndios incomuns de grande magnitude, que ocorrem da Amazônia até o sul do país há várias semanas, em grande parte de origem criminosa, segundo as autoridades, são favorecidos por uma seca histórica que especialistas atribuem em parte às mudanças climáticas.
O resultado é que as colheitas de cana-de-açúcar, café-arábica, laranja e soja — produtos dos quais o Brasil é o maior produtor e exportador mundial — correm o risco de serem afetadas. Além disso, as chuvas esperadas para outubro podem ser, em algumas regiões, inferiores à média.
Em todo o estado de São Paulo, pelo menos 231.830 hectares de plantações de cana-de-açúcar — dos quatro milhões usados na principal região produtora de açúcar do país — foram atingidos em diferentes graus pelos incêndios, com metade da safra ainda a ser colhida nos próximos meses, segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).
"Onde a cana ficou em pé, prevemos uma redução de metade da produtividade", indica José Guilherme Nogueira, CEO da Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana).
Meloni já havia realizado a colheita, mas sofreu danos significativos. "Queimou onde havia brotos, que não estavam saindo, pela escassez de água. Agora estamos esperando para ver em qual área será necessário plantar novamente".