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Rumo à COP30, especialistas debatem expectativas e protagonismo brasileiro

Evento EXAME Renováveis colocou na mesa a energia como foco e primeiro painel contou com a presença de um time de mulheres de peso: Izabella Teixeira, Rosana Santos e Maria Netto

Primeiro painel do evento promovido pela EXAME discutiu o que devemos esperar da COP30 no Brasil em 2025  (Eduardo Frazão)

Primeiro painel do evento promovido pela EXAME discutiu o que devemos esperar da COP30 no Brasil em 2025 (Eduardo Frazão)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 29 de janeiro de 2025 às 16h27.

Última atualização em 29 de janeiro de 2025 às 20h13.

Rumo à COP30 e 10 anos após o marco histórico do Acordo de Paris, as expectativas são altas: o Brasil precisa responder à altura do desafio climático, mas não fará milagre. O contexto geopolítico é de fragmentação: o maior emissor global, os EUA, saiu da mesa (há um risco de levar outros países junto) e a crise do multilateralismo escancaram um cenário ainda mais desafiador.

Ao mesmo tempo, o mundo enfrenta o que a ciência já previa há alguns anos: o aumento de temperatura para além do 1.5ºC estabelecido como limite na COP em Paris e eventos climáticos extremos cada vez mais intensos e frequentes.

Neste contexto, especialistas concordam que a 30º Conferência de Mudanças Climáticas da ONU precisa ser de 'implementação', e não de apenas aspiração. Além disso, a questão central para a descabonização global deve ser a mudança no sistema energético.

A unanimidade foi colocada na mesa durante o evento EXAME Renováveis, com foco em energia, e contou com a presença de Izabella Teixeira, ex-ministra do meio ambiente e presidente global do cômite de sustentabilidade da Ambipar, Rosana Santos, diretora executiva do Instituto E+ de transição energética e Maria Netto, diretora executiva do Instituto Clima e Sociedade.

"Não podemos esperar que a diplomacia brasileira resolva tudo sozinha. Por outro lado, o Brasil tem uma oportunidade de se posicionar estrategicamente e apresentar soluções concretas. Temos vantagens comparativas que precisam se tornar competitivas: uma matriz energética limpa e soluções baseadas na natureza em escala como nenhum outro país", destacou Maria Netto, diretora executiva do Instituto Clima e Sociedade. 

Nesta mesma ideia, Rosana Santos diz acreditar que o Brasil talvez tenha seguido demais no reboque de soluções que pareciam milagrosas. "Agora, podemos repensar nossa posição no tabuleiro das emissões. Somos, sim, um país com energia limpa, mas temos muito mais, além de uma série de minerais críticos em abundância", disse.

Rosana também destacou que não devemos ficar presos à inovação, P&D e tecnologia como 'salvadores do planeta'. "Se olharmos com atenção, há muitas soluções já ao nosso alcance. Não podemos perder o foco no futuro, mas o Brasil precisa conduzir essa transição de forma racional e estratégica". 

Além disso, há oportunidades únicas em biocombustíveis, biometano e outros combustíveis sustentáveis, concordam.

Izabella Teixeira lembrou que a discussão climática hoje não é a mesma de 10 anos atrás quando aconteceu a COP21 em Paris, tampouco quando foi criado o regime climático no passado.

"A discussão política, econômica e do setor privado é completamente diferente. Este novo mundo pautará as decisões estratégicas, onde as situações nacionais também são diversas", destacou.

Segundo ela, a única pauta em comum da agenda é que a pergunta-chave da mudança climática é a disposição do mundo em modificar o sistema energético. "O debate central é energia. Não estamos mais falando de transição energética, mas sim sobre segurança energética e climática", acrescentou.

A exemplo, a especialista cita que é equivocado pensar que o uso da terra e combate ao desmatamento irão resolver o desafio da crise climática, visto que as realidades nacionais e a internacional são distintas. "Se o Brasil tem vantagens comparativas e de inovação tecnológica no futuro, a pergunta precisa ser como nós mantemos elas dentro desta arquitetura global e como vamos nos posicionar nos próximos 30 anos", diz.

Papel do setor privado

Além dos governos, as empresas também tem papel fundamental neste cenário, destacam as especialistas. "O setor privado é capaz de estruturar atalhos e novos modelos de negócios para acelerar a mitigação e adaptação, considerando os riscos climáticos", frisou Izabella.

Não á toa, pela primeira vez a crise climática foi considerada um dos grandes riscos a curto prazo em relatório apresentado no Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça. 

"O assunto do clima não é discutido mais apenas na COP, mas também fora desse sistema -- o que representa uma mudança no processo. Belém deve ter um forte traço diplomático para lidar com um novo mundo, que exige novas abordagens e a capacidade de compor interesses", disse Izabella. 

Outra questão crucial é mudar o discurso da "indústria da transição" para a "transição da indústria", com foco na distribuição da riqueza e na igualdade social, disse Rosana. "O Brasil tem uma outra oportunidade única de colocar a pauta na COP30. É o momento de um consenso e de trazermos uma narrativa diferente", concluiu. 

As especialistas acreditam que é preciso de muita ação e em passar uma mensagem positiva de implementação para que o Brasil também crie mais confiança a nível global e avance no combate à crise climática.

Entre os caminhos que podem nos ajudar a chegar lá, está a união em torno de uma agenda de desenvolvimento comum, explorar as possibilidades e potenciais do país e incluir a Amazônia e os povos originários no centro das discussões.

Quanto a uma certeza, não há o que discutir: ou enfrentamos a mudança climática, ou teremos que lidar com suas consequencias drásticas, alertam. 

Acompanhe tudo sobre:COP30Energia renovável

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