ESG

Apoio:

logo_unipar_500x313

Parceiro institucional:

logo_pacto-global_100x50

'Rio 40 graus': onda de calor aumenta em 50% risco de morte de idosos com doenças crônicas

Estudo da Fiocruz analisou 466 mil registros de óbitos entre 2012 e 2024 e identificou que 12 das 17 principais causas apresentaram aumento expressivo em dias de recordes nos termômetros

O Rio de Janeiro está em alerta de calor excessivo e bate recordes de temperaturas acima dos 40ºC (Fernando Frazão/Agência Brasil)

O Rio de Janeiro está em alerta de calor excessivo e bate recordes de temperaturas acima dos 40ºC (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 18 de fevereiro de 2025 às 14h31.

Última atualização em 18 de fevereiro de 2025 às 14h38.

Tudo sobreESG
Saiba mais

Aquela clássica "Rio 40 graus" é uma realidade atual preocupante: em alerta nesta semana, o Rio de Janeiro bateu um recorde na segunda-feira (17) e registrou 44 graus em Guaratiba, na zona oeste.

A temperatura é a mais alta registrada desde o início das medições em 2014 e fez a capital fluminense alcançar o Nível de Calor 4 (NC4), o segundo mais elevado na escala do protocolo de enfrentamento que vai até o NC5. A norma foi criada pela prefeitura após a morte de uma fã por exaustão térmica durante um show de Taylor Swift no Engenhão em 2023.

O nível 4 é identificado quando há um registro de temperatura entre 40°C e 44°C por pelo menos 3 dias consecutivos. A onda de calor segue no Sudeste pelos próximos dias e os termômetros podem bater 42ºC ainda hoje (18) na conhecida cidade maravilhosa, um reflexo das mudanças climáticas que vem assolando o Brasil com eventos extremos cada vez mais frequentes e intensos. 

Para além do desconforto, um estudo divulgado pela FioCruz levanta um novo alerta: o recorde dos termômetros no Rio de Janeiro aumenta em 50% as mortes em idosos com doenças crônicas.

A análise considerou 466 mil registros de óbitos naturais entre 2012 e 2024 e identificou que 12 das 17 principais causas apresentaram aumento expressivo em dias que as temperaturas ultrapassaram os 40ºC.

Entre as doenças de maior vulnerabilidade, os pesquisadores destacaram a hipertensão, diabetes, insuficiência renal, Alzheimer e infecções do trato urinário.

Os dados foram cruzados com os Níveis de Calor do Protocolo de Calor da Prefeitura do Rio.  No Nível 4, quando a temperatura ultrapassa 40°C por mais de quatro horas, a mortalidade por algumas doenças aumentou 50%. Já no Nível 5, com calor acima de 44°C por pelo menos duas horas, o risco é ainda maior e cresce conforme a duração da exposição.

Mudança climática e impactos na saúde

O estudo alerta para os efeitos do agravamento das emergências climáticas. Os últimos dois anos foram os mais quentes da história do Rio, e 2024 foi o primeiro a ultrapassar 1,5°C de aumento na temperatura média global, segundo o programa europeu Copernicus.

Diante desse cenário, João Henrique de Araujo Morais, à frente da pesquisa, defendeu medidas de adaptação climática para proteger populações mais vulneráveis, como trabalhadores expostos ao sol, pessoas em situação de rua e moradores de áreas mais quentes -- onde há a presença das conhecidas "ilhas de calor".

“É necessário adequar as atividades e ampliar políticas públicas como pontos de hidratação, adaptar jornadas de trabalho e suspender atividades de risco nos dias mais críticos”, afirmou.

Nova métrica

Os pesquisadores também consideraram a Área de Exposição ao Calor (AEC), um indicador inovador que considera não apenas a temperatura, mas também o tempo de exposição ao calor intenso.

Um exemplo prático foi a onda de calor de novembro de 2023, quando o índice superou 44°C por oito horas no Rio. No dia seguinte, o número de mortes de idosos atingiu um pico de 151 registros.

A nova métrica demonstrou maior precisão do que medidas tradicionais, como temperatura média ou sensação térmica, na previsão do impacto do calor extremo na mortalidade. “Podemos subestimar dias anormalmente quentes ao considerar apenas médias. A AEC permite identificar esses dias e apoiar decisões de saúde pública”, destacou Morais.

Acompanhe tudo sobre:ESGonda de calorRio de JaneiroMudanças climáticasClimaTaxa de mortalidade

Mais de ESG

É retomada a COP16, da biodiversidade, agora em Roma

PIB deve aumentar em US$ 430 bilhões a partir da economia verde, diz pesquisa

Sensação térmica nas alturas: o que está por trás da onda de calor no Brasil

Conheça formas de extração de lítio no Brasil e no mundo