Daniella Marques, presidente da Caixa: programa visa combater violência e fomentar o empreendedorismo feminino (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 10 de agosto de 2022 às 07h00.
Última atualização em 25 de agosto de 2022 às 10h25.
A nova presidente da Caixa, Daniella Marques, recebeu nesta terça-feira, 8, lideranças políticas e empresariais para o lançamento do Caixa pra elas, programa de empoderamento feminino que busca conter a violência de gênero. No almoço em São Paulo, lideranças empresariais e políticas, entre elas o presidente Jair Bolsonaro, ouviram relatos de violência de quem menos esperavam: mulheres de seu próprio convívio.
Mulheres executivas, empresárias e esposas de lideranças relataram episódios de violência. Casos de estupro e agressões chocaram os presentes. Em lágrimas, a plateia aplaudiu de pé a coragem delas, de conseguir dar a volta por cima e se expor para conscientizar os homens, principalmente, da urgência e do tamanho do problema.
A violência contra a mulher é uma realidade brasileira. Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, referentes ao ano passado, mostram que uma menina ou mulher é estuprada a cada 10 minutos no Brasil. Entre 2020 e 2021, houve um aumento de 4% nesse tipo de crime. A cada dois dias, uma travesti ou mulher trans é assassinada; diariamente, três mulheres são vítimas de feminicídio; e 30 mulheres sofrem agressões físicas por hora.
Os números mostram a dificuldade de se mudar a cultura machista que promove essa violência persistente. As histórias de coragem e superação contadas no evento da Caixa aproximam essa violência dos centros de poder e da elite. E mostram que casos como o do ex-presidente do banco, Pedro Guimarães, acusado de assédio sexual e moral por funcionárias, não são isolados.
A resposta do banco para o escândalo, que culminou na renúncia de Guimarães, veio de duas formas: na nomeação de uma mulher para o cargo vago, Daniella Marques, e no lançamento do Caixa pra elas, um programa que vai atuar diretamente na contenção da violência, com mudanças culturais e a criação de uma estrutura de atendimento acolhedor e especializado.
Marques, no entanto, pede ajuda ao setor privado para maximizar o impacto dessas ações. A ideia é reunir embaixadores pelo Brasil, que serão responsáveis por formar uma rede de apoio e conscientização. A CEO de uma rede varejista, por exemplo, já questionava como poderia ter um espaço em cada loja para que as mulheres se sentissem seguras para denunciar.
Em outra frente, o Caixa pra elas irá fomentar o empreendedorismo feminino, oferecendo cursos, orientação e linhas de crédito exclusivas. A Caixa conta com 8 mil empregados qualificados para prestar atendimento acolhedor e especializado às mulheres em 4 mil agências da Caixa.
No espaço Caixa pra elas, os clientes receberão informações sobre a Rede de Atendimento às Mulheres em Situação de Violência e as Medidas Protetivas de Urgência e dicas de Educação Financeira. Aos homens, cabe refletir e se colocar no lugar delas.