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As irmãs Rachel Maia e Márcia Maia, fundadoras do instituto Capacita-me (Leandro Fonseca/EXAME)
Repórter
Publicado em 31 de outubro de 2023 às 15h45.
Última atualização em 31 de outubro de 2023 às 16h38.
O hotel Rosewood São Paulo foi palco para um encontro carregado de significado na manhã desta terça-feira, 31. Organizado pelo Instituto Capacita-me, fundado pelas irmãs Rachel Maia e Márcia Maia, o café da manhã recebeu nomes do empresariado brasileiro para discutir a importância de as empresas olharem de uma forma ampla e inclusiva para a empregabilidade. Um passo relevante na formação de uma sociedade mais inclusiva, segundo o Capacita-me, passa por projetos filantrópicos.
"Os investidores têm cobrado os executivos para que valorizem cada vez mais o social", afirmou Rachel à EXAME. Márcia lembrou que a evolução ficou mais acelerada depois que a bolsa de valores brasileira, a B3, propôs que todas as companhias listadas passassem a aprimorar as iniciativas de diversidade na alta liderança. "Eu acredito que, a partir do momento que há uma possibilidade de perda financeira, o olhar é outro", afirmou.
"Nós do terceiro setor somos pontes. Nosso objetivo é trazer pessoas vulneráveis para o topo. A conformidade e a falta de ambição deixam essas pessoas estagnadas", diz Márcia. O Capacita-me busca quebrar essa barreira por meio da especialização. Para que isso seja possível, o apoio de grandes empresas é imprescindível. "A nós, cabe o papel de garantir que as companhias invistam nessa mobilidade vertical. As empresas precisam ser ousadas em suas metas ESG", afirma.
O café contou com a presença de executivas como Daniela Ota, gerente-geral da LVMH Perfurms & Cosmetiques Brasil. O grupo, dono de marcas como Louis Vuitton, Christian Dior Couture, Fendi e Loro Piana, tem um público que exige sustentabilidade dos produtos que utiliza – e que paga por isso. "A essência do trabalho digno é muito importante para nós, sobretudo na moda e principalmente frente a casos de redes de fast fashion que entraram em polêmicas devido a causas trabalhistas ou ambientais para que produzam em alta escala", afirmou Daniela.
Paula Bellizia, presidente de pagamentos global da Ebanks, também esteve por lá para destacar o acesso à educação de tecnologia. "Temos um projeto chamado Códigos do Amanhã, que oferece bolsas de formação em Web Dev para pessoas em situação de vulnerabilidade social. Empresas têm a responsabilidade e serão cobradas disso, principalmente pelos clientes", opina.
Já Maira Pereira, diretora da Ambipar, destacou que o mercado precisa de pessoas preparadas para o novo. "A economia circular e tecnológica precisa de pessoas prontas. E capacitação e educação são chave para isso. Vamos recriar a economia, a forma de consumir, de se relacionar. A ideia é inserir todas essas pessoas invisíveis na sociedade", disse.
A Procuradora da Fazenda Ieda Cagni evidenciou como é possível ajudar, seja no âmbito público, seja no privado. "Transitei pelas duas esferas. O papel do profissional da área jurídica é de garantir que o ESG de fato aconteça dentro das empresas", afirmou.
Já Luis Henrique Guimarães, presidente da Cosan, reafirma o Brasil como potência verde, e a relevância de projetos sociais para a construção de um futuro mais sustentável. "O problema principal é que somos um país pobre, sem condição de dar incentivos". Mas ele cita o Projeto de Lei nº 5.174/23, do deputado Arnaldo Jardim, que propõe o Programa de Aceleração da Transição Energética (Paten). Com ele, haveria o incentivo gerado por meio dos tributos para um desenvolvimento sustentável no país.
O Instituto Capacita-me é uma organização não governamental (ONG) focada na reintegração de pessoas vulneráveis e jovens no mercado de trabalho por meio de educação e empregabilidade. Em seis anos de existência, o Capacita-me formou mais de 750 pessoas nas áreas de tecnologia, empreendimentos e saúde, contribuindo para o retorno de mais de 500 pessoas ao mercado de trabalho de forma direta e indireta.