ESG

Queremos mais mulheres em gestão de ativos, diz Coelho, da Bloomberg

Capacitar as mulheres a participar plenamente da economia moderna é capaz de gerar um crescimento global que levaria a um aumento no PIB mundial de US$ 20 trilhões, aponta recente estudo da Bloomberg Economics

Unilever lança o Prontidão Júnior após aumento de 15% de pessoas negras na liderança (courtneyk/Getty Images)

Unilever lança o Prontidão Júnior após aumento de 15% de pessoas negras na liderança (courtneyk/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 10 de julho de 2022 às 08h00.

Última atualização em 14 de julho de 2022 às 11h43.

Por Carolina Andraus*

A Bloomberg Women’s Buy-Side Network (BWBN), uma iniciativa liderada por executivas seniores para elevar mulheres no setor de gestão de ativos, é um movimento mundial que visa criar um ambiente de mentorias, eventos de networking e capacitação técnica para fomentar as carreiras femininas em cargos seniores do segmento. O Brasil, que é o maior mercado de gestão de ativos da América Latina, desde o ano passado passou a ser parte do seleto grupo de filiais da iniciativa pelo mundo, que incluem Hong Kong, Índia, Japão, Austrália e Nova Zelândia e Cingapura, além da California nos Estados Unidos.

Capacitar as mulheres a participar plenamente da economia moderna é capaz de gerar um crescimento global que levaria a um aumento no PIB mundial de US$ 20 trilhões, aponta recente estudo da Bloomberg Economics. Segundo relatório escrito pelos economistas Adriana Dupita, Abhishek Gupta e Tom Orlik, se os níveis de educação e emprego das mulheres forem os mesmos dos homens, esse crescimento poderá ser alcançado em 2050

“Quando você prioriza a diversidade e a inclusão, você atrai e retém talentos melhor, melhora a tomada de decisões, inova mais e obtém melhores resultados”, diz Geraldo Coelho, Executivo de Negócios da América Latina da Bloomberg. “Ao valorizar plenamente o conhecimento, a experiência, a percepção e as ideias que as mulheres trazem para a mesa, você não está apenas construindo um negócio mais igualitário; você está construindo um negócio mais bem sucedido. “

O novo capítulo da BWBN no Brasil vem sendo liderado por três sócias fundadores: Flávia Almeida, CEO da Península Participações, Tatiana Grecco, Diretora de Riscos do Itaú Unbanco, e Luciane Ribeiro, fundadora e sócia principal da 3V Capital Asset Management Ltda.

“Estou otimista porque vejo maior interesse de mulheres jovens na gestão de ativos em comparação com a minha geração.”, comenta Grecco, que também afirma que as profissionais serem reparados com habilidades tecnológicas, facilita na redução de barreiras para crescimento profissional das mulheres.

“Nós mulheres, cada vez mais, reconhecemos a riqueza que as interações sociais trazem para nossa formação profissional e pessoal. Mulheres precisam apoiar outras mulheres, e isso gera uma forte rede de suporte que beneficia a todos.” Para Grecco, o networking feminino e a formação de uma rede de apoio entre as mulheres são o grande motor que se torna fundamental para o crescimento profissional das mulheres, tornando possível carreiras de sucesso e a construção de vidas com equilíbrio e realização.

Para Coelho, havia uma percepção que a participação feminina nos treinamentos de capacitação estava muito abaixo do potencial de mercado. “Após termos lançado um programa similar de treinamento com participação de apenas 5% de inscritas mulheres, decidimos investir mais diretamente nas profissionais do buy-side, criando um programa exclusivamente feminino para treinamento em Python e BQuant”. Com 150 mulheres inscritas para as 50 vagas, a primeira edição do programa promete ser um grande sucesso.

Direcionado para gestoras de recursos, e profissionais com posições em tempo integral no setor, o programa deverá incluir mentorias com o time de Global Data da Bloomberg e terá seu kick-off session em 30 de junho próximo. O que o BWBN busca criar, na indústria de gestão de ativos, é construção da próxima geração de mulheres líderes de buy-side. A rede serve como um sistema de apoio para os membros, promove a meritocracia e a inclusão no setor e educa as mulheres sobre possíveis carreiras.

“Na Bloomberg, globalmente, acreditamos que uma empresa diversificada é uma empresa de sucesso”, afirma Geraldo Coelho, Bloomberg Business Executive para a América Latina. “Na Bloomberg, gostaríamos de ver mais mulheres no setor de gestão de ativos porque acreditamos que uma empresa diversificada é uma empresa de sucesso. É importante que os homens desempenhem um papel forte como aliados para ajudar as mulheres a ter sucesso”, completa.

Quantas mulheres participarão do treinamento? Como os profissionais do segmento de gestão de ativos utilizam o Python?

Coelho – Criamos o programa para treinar 50 mulheres em Python e BQuant. Python é hoje uma das linguagens de programação de computador mais usadas no mundo. Python e BQuant são usados para desenvolver programação para Inteligência Artificial (IA), aprendizado de máquina, análise de dados e automação.

A indústria de gestão de ativos é grande e influente globalmente e no Brasil.  Qual o espaço ocupado hoje por profissionais mulheres em gestão de ativos?

Coelho – Globalmente, as mulheres representam apenas cerca de 14% dos 25.000 gerentes de portfólio, em 31 de dezembro de 2020, informou a Bloomberg News. No Brasil, a indústria de fundos de investimento registrou uma entrada líquida de R$ 38,5 bilhões em abril de 2022, segundo a ANBIM. A indústria se beneficiaria com o envolvimento de mais mulheres.

Como incentivar as novas gerações de mulheres a se envolverem mais em suas carreiras?

Coelho – A Bloomberg Women’s Buy-Side Network foi criada para incentivar e ajudar as mulheres a entrar e prosperar no setor de gestão de ativos. Começamos em Cingapura em 2018 e agora temos filiais em Hong Kong, Índia, Japão, Austrália, Nova Zelândia e Califórnia. Criamos o capítulo Brasil em agosto de 2021. Oferecemos treinamento, mentoria, networking e muito mais.

Que tipo de vantagem a formação pode trazer para as carreiras destas mulheres?

Coelho – Há muitas oportunidades de trabalho para pessoas com essas habilidades, então esperamos que isso dê às mulheres uma vantagem na obtenção de empregos no setor de gestão de ativos do Brasil.Q4 - Qual é a proporção atual entre homens e mulheres no lado da compra?

Haverá um programa de treinamento para mulheres que ainda não estão no mercado, mas gostariam de aprimorar suas habilidades e se candidatar a uma vaga?

Coelho – A BWBN e seu capítulo no Brasil estão focados em três etapas: 1) colocar as mulheres no setor de gestão de ativos, 2) apoiá-las no meio da carreira e 3) à medida que buscam/alcançam cargos de nível sênior. A Bloomberg, por muitos anos, oferece programas para aqueles que ainda não estão no setor, incluindo o Bloomberg Market Concepts (BMC), um curso de e-learning individualizado que fornece uma introdução interativa aos mercados financeiros. E trabalhamos com universidades para criar o Bloomberg Finance Labs.

Qual a sua visão sobre o papel da mulher no mercado financeiro hoje?

Coelho Na Bloomberg, globalmente, acreditamos que uma empresa diversificada é uma empresa de sucesso. O Bloomberg Gender Equality-Index (GEI) foi criado para incentivar as empresas a oferecer paridade de gênero, ajuda-as a entender como fazê-lo e reconhece as empresas que o fazem.

Como maximizar o potencial feminino em uma carreira essencialmente masculina? 

CoelhoHoje há uma guerra por talentos e acreditamos que, se ajudarmos as mulheres a aumentar seus conhecimentos e habilidades, as empresas de gestão de ativos as contratarão e promoverão.

Como você vê a influência das mulheres no mundo financeiro nos dias de hoje e como poderíamos aumentar a participação das mulheres nesse setor?

 Coelho Em nossa primeira reunião da BWBN Brasil, a economista da Bloomberg Adriana Dupita falou sobre sua pesquisa que dizia que o PIB global aumentaria US$ 20 trilhões até 2050 ao empoderar as mulheres. Criamos o capítulo BWBN Brasil para ajudar a aumentar o número de mulheres na indústria de gestão de ativos do país.

Que outras iniciativas da Bloomberg chamaram sua atenção nos últimos anos, além do Índice de Igualdade de Gênero, na promoção da igualdade de oportunidades para homens e mulheres no mundo corporativo? 

CoelhoEstamos muito orgulhosos das iniciativas da Bloomberg para incentivar a diversidade das empresas. O Bloomberg Gender Equality-Index (GEI) foi criado para incentivar as empresas a oferecer paridade de gênero, tem a missão de ajudar as empresas a entender como fazê-lo e reconhecer aquelas que o fazem. E o nosso presidente, Peter Grauer, é também presidente do US 30 Percent Club, que incentiva as empresas a ter 30% de seu conselho de administração composto por mulheres.

*Carolina Andraus é formada pela FGV, ex-mercado financeiro, empreendedora, desenvolveu e vendeu diversos projetos no mercado imobiliário e de infra-estrutura. Cursou especializações na Harvard University e Columbia University. Recentemente tem se dedicando a projetos ligados à educação e a questões da igualdade de gênero e os direitos da mulher.

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