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Michael Bloomberg, ex-prefeito de Nova York e enviado da ONU para as ações do clima. (Andrew Burton/Getty Images)
A Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou na última semana que Michael Bloomberg, bilionário e ex-prefeito de Nova York, será o novo enviado especial para as ações climáticas. Com a decisão, Bloomberg assume o compromisso de conduzir negociações entre governos, empresas e instituições em prol da mitigação das mudanças do clima e do cumprimento das metas do Acordo de Paris.
Michael Bloomberg é um magnata e tem um histórico extenso no mercado financeiro americano. Uma das suas principais aspirações é o grupo de mídia homônimo Bloomberg L.P, do qual é o presidente e principal acionista. Fundado em 1981, hoje o Bloomberg L.P é um dos principais e mais lucrativos conglomerados de notícias e análises do mercado financeiro do mundo.
Formado em engenharia elétrica pela Universidade John Hopkins, Bloomberg decidiu se especializar na área administrativa com um mestrado pela Universidade de Harvard.
Em 1966, ingressou no Salomon Brothers, extinto banco de investimentos, onde permaneceu por 15 anos e tornou-se sócio da empresa. Com a reestruturação do banco e aquisição por uma grande empresa do setor de commodities, Bloomberg foi demitido e decidiu usar a sua participação de 10 milhões de dólares para fundar o que hoje é a Bloomberg L.P, em 1981.
O investimento para a criação de um canal informativo para acionistas e representantes do mercado financeiro foi certeira. Atualmente, a fortuna de Michael Bloomberg é estimada em 48 bilhões de dólares. Apesar de representar uma queda de 7 bilhões em relação a 2019, o valor o define como a 16º pessoa mais rica do mundo, segundo ranking da Forbes em 2020.
Prefeito de Nova York por três mandatos consecutivos, entre os anos de 2002 e 2014, o empresário foi também uma das principais vozes no discurso contra o ex-presidente Donald Trump durante a campanha eleitoral de 2020. Candidato à Casa Branca, Bloomberg acabou desistindo da corrida presidencial em março, depois de índices de popularidade abaixo do esperado. Após renunciar à candidatura, decidiu apoiar publicamente Joe Biden.
O empresário é um dos principais nomes quando se fala em filantropia, setor para o qual destina boa parte de seu patrimônio. Em 2020, Bloomberg foi um dos 50 principais doadores a instituições de caridade e sem fins lucrativos, segundo ranking da revista The Chronicle of Philanthropy. Em terceiro lugar na lista, Bloomberg perdeu apenas para Jeff Bezos e Mackenzie Scott, ex-esposa do fundador da Amazon.
De acordo com a revista, ele apoiou projetos de saúde pública, serviços humanos básicos e destinou 100 milhões de dólares a quatro escolas médicas para a oferta de bolsas estudantis.
Bloomberg é também signatário do The Giving Pledge, organização filantrópica criada por Bill e Melinda Gates e Warren Buffett que incentiva bilionários a cederem parte de suas fortunas para causas sociais, além de ser fundador do instituto Bloomberg Philanthropies, organização sem fins lucrativos que atua nas áreas de saúde, meio ambiente e educação.
Durante o seu mandato como prefeito, ele também desembolsou quantias consideráveis de seu patrimônio para projetos de administração pública, além de ter recusado o salário do cargo e ter assumido para si a remuneração simbólica de um dólar.
De acordo com dados obtidos pelo jornal El País, Bloomberg usou 200 milhões de euros de seu próprio bolso para bancar as três campanhas para a prefeitura da maior cidade dos Estados Unidos. A prática é um tanto quanto comum no cenário político norte-americano, dominado por magnatas e figuras que podem bancar suas próprias despesas de campanha.
Bloomberg é também um ambientalista nato. Até 2019, o empresário havia doado 278,9 milhões de dólares para causas ambientais e contra as mudanças climáticas. Cerca de 15 milhões desse valor surgiram como uma promessa a partir da saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris.
Do ponto de vista da gestão pública, o bilionário é presidente do conselho do C40 (Grupo de Grandes Cidades para Liderança do Clima), rede global com 97 grandes cidades que pretende traçar metas para reduzir a emissão de poluentes. No Brasil, são participantes as cidades de Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador.
A escolha da ONU por Bloomberg endossa o novo posicionamento ambiental da era Biden.
Com a eleição do democrata, as políticas americanas se voltaram a uma extensa lista de exigências de empresas e ativistas por ações efetivas contra as mudanças climáticas.
Uma pesquisa da revista americana Fast Company mostra que 47% dos executivos de empresas estadunidenses acreditam que a definição de uma legislação climática deveria ser a prioridade para o governo do democrata. Atendendo a reinvidicações como essa, em seus primeiros dias de mandato Biden já retornou o país ao Acordo de Paris e sancionou uma série de leis ambientais embargadas pelo governo anterior.
O retorno do empresário ao cargo na ONU após 2 anos também prepara terreno para a conferência das Nações Unidas pelo Clima que acontecerá em Glasgow, em novembro deste ano.