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Queimar lixo é tão grave para o planeta quanto jogá-lo no chão, aponta estudo

Hábito piora qualidade do ar e expõe pessoas que moram nas proximidades a aditivos muito prejudiciais que são liberados quando o plástico é queimado

Contaminação: queima do lixo muitas vezes acontece porque não há serviço de coleta (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Contaminação: queima do lixo muitas vezes acontece porque não há serviço de coleta (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 5 de setembro de 2024 às 12h56.

Queimar plástico em lixões e fogueiras é um problema tão grave para o planeta quanto jogar lixo no chão, disseram cientistas nesta quarta-feira, 4, em uma nova avaliação detalhada de como o plástico se comporta no meio ambiente. O primeiro estudo global de poluição plástica do mundo, publicado na revista Nature, identifica a Índia como a maior fonte desse material e a queima de lixo como um problema muito maior do que se pensava anteriormente.

As descobertas antecedem negociações importantes para um tratado global sobre plásticos, e os pesquisadores esperam que elas informem melhor os formuladores de políticas enquanto eles consideram a melhor forma de lidar com a crise crescente. Plástico já foi encontrado na neve no topo das montanhas mais altas e nas profundezas dos oceanos mais remotos, e pequenas partículas foram detectadas no sangue e no leite materno.

Grande parte da culpa é frequentemente atribuída ao lixo plástico: pedaços maiores, como canudos, que são jogados fora e demoram muito para se decompor, destruindo ecossistemas para as próximas gerações.

Mas pelo menos a mesma quantidade de poluição plástica é causada pela queima irregular, principalmente em regiões pobres, onde não há alternativas disponíveis, disse Costas Velis, da Universidade de Leeds.

"Historicamente, essa não tem sido nossa percepção do lixo marinho ou da poluição plástica", disse Velis, que liderou a pesquisa.

Risco à saúde

A equipe de Velis criou um inventário global detalhado da poluição plástica em cidades usando IA para auxiliar na modelagem da gestão de resíduos em mais de 50 mil municípios. Eles estimaram que cerca de 52 milhões de toneladas de resíduos plásticos entraram no meio ambiente em 2020 — 43% como lixo não queimado e 57% por meio de fogueiras acesas em casas, ruas ou lixões.

Queimar lixo de forma inadequada e deixar o plástico queimando dessa maneira não fez com que ele "desaparecesse", mas apenas espalhou pedaços menores por todo o ambiente, disse Velis. Ele acrescentou que isso também piorou a qualidade do ar e expôs as pessoas que moram nas proximidades a aditivos muito prejudiciais que são liberados quando o plástico é queimado.

"Muitas coisas acontecem muito perto de indivíduos vulneráveis", mas a questão não recebeu nem de longe a atenção que deveria, disse ele à AFP. "É algo que requer nossa atenção total e imediata."

Pesquisadores descobriram que a principal fonte de resíduos plásticos nos países do Sul global eram resíduos não coletados, com quase 1,2 bilhão de pessoas vivendo sem nenhum outro meio de descartar o lixo. Nos países mais ricos do Norte global, o maior culpado foi o lixo.

A Índia, e não a China, como sugerido em estudos anteriores, foi o maior contribuinte para o desperdício de plástico, seguida por Nigéria e Indonésia, todos países com grandes populações e desafios de gestão de lixo. A China ficou em quarto lugar.

As negociações finais para um tratado global sobre poluição plástica começam na Coreia do Sul no final de novembro.

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