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Queimadas: Em 2022, as queimadas nas áreas de florestas cresceram 93%, se comparado com 2021. Enquanto no ano passado, 85% dos incêndios florestais aconteceram na Amazônia. (Bruno Kelly/Amazonia Real/Divulgação)
Na última sexta-feira, 27, o Monitor do Fogo – uma parceria entre MapBiomas Fogo e o IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) – divulgou informações sobre as queimadas no Brasil no mês de dezembro de 2022. No acumulado do ano, uma área do tamanho do estado do Acre foi atingida pelo fogo no país, somando 16,3 milhões de hectares queimados. Do total, a Amazônia e o Cerrado concentram 95% das áreas destruídas pelo fogo do ano.
Se comparado com o ano anterior, 2022 teve uma alta de 93% nas áreas queimadas em florestas. Desse contingente, 85% dos incêndios florestais aconteceram na Amazônia. Quando se considera a área atingida pelo fogo em todos os biomas, 70% estava coberta por vegetação nativa, como as encontradas no Cerrado. Ainda no ano de 2022, a área queimada foi 14% maior que em 2021, com 2 milhões de hectares a mais.
“O Monitor do Fogo permite que possamos ir além, ele nos dá a área atingida pelo fogo e mostra o que está queimando com uma precisão de 5 metros. Assim, podemos constatar que as florestas do Brasil, principalmente as da Amazônia, estão sendo impactadas por incêndios, indicando um claro impacto da ação humana no aumento do fogo e da degradação dessas florestas”, afirma Ane Alencar, diretora de Ciência no IPAM e coordenadora do MapBiomas Fogo.
Quando o Monitor do Fogo levou em consideração todos os biomas, foi observado que o fogo se dividiu praticamente pela metade entre Amazônia e Cerrado, com 49% da área queimada foi da Amazônia no ano passado, com 7,9 milhões de hectares queimados em 2022. Já no Cerrado, foram 45% do total de queimadas com 7,4 milhões de hectares queimados no ano.
Segundo Luiz Felipe Martenexen, pesquisador no IPAM, o fogo na Amazônia está relacionado ao desmatamento no bioma, porque a prática do uso do fogo é utilizada para remover a vegetação mais densa e preparar o solo para atividades agrícolas ou pecuárias. Somente em 2022, cerca de 2,5 milhões de hectares de florestas foram queimados na Amazônia.
“A falta de medidas de proteção eficazes contribuiu para a intensificação dos incêndios e tem provocado graves prejuízos para o meio ambiente, incluindo a emissão de gases de efeito estufa, perda da biodiversidade, além de comprometer a qualidade do ar”, comenta Martenexen.
O estado do Pará foi o que mais queimou na Amazônia em 2022, com 2,9 milhões de hectares atingidos pelas queimadas. Enquanto os estados que mais queimaram no Cerrado de janeiro a dezembro foram Mato Grosso (3,6 milhões de hectares), seguido por Tocantins (2,3 milhões de ha) e Maranhão (2 milhões de ha).
“Apesar do fogo fazer parte da dinâmica do Cerrado, a ação humana é prejudicial para o bom funcionamento do ecossistema. Com as queimadas mais frequentes, a vegetação vai perdendo sua capacidade de recuperação. A situação se agrava com as mudanças climáticas que fazem com que o Cerrado fique mais quente e seco, tornando-o mais suscetível a eventos de fogo em grande escala”, concluí Vera Laísa Arruda, pesquisadora no IPAM responsável pelo Monitor do Fogo.