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O estudo coletou e analisou as informações de nove favelas do interior, capital ou região metropolitana de São Paulo (Bloomberg/Getty Images)
Repórter de ESG
Publicado em 14 de outubro de 2024 às 18h22.
Quase metade das moradias nas favelas mais vulnerabilizadas do Estado de São Paulo são feitas a partir de madeira ou sucata, materiais não duráveis. Cerca de 20% das casas contam com pisos feitos de terra ou madeira.
A informação é de uma pesquisa da TETO Brasil, organização social que constrói moradias emergenciais em comunidades desde 2006. O estudo foi realizado em parceria com o instituto de pesquisas Insper e a Diagonal, consultoria ESG, e busca avaliar a condição social em diferentes favelas de São Paulo.
De acordo com os dados coletados entre 2019 e 2023, 69% dos moradores de comunidades lidam com problemas relacionados ao calor ou frio excessivos, entrada de insetos e roedores e infiltração de água ou umidade. Os problemas evidenciam também o possível impacto das condições de moradia na saúde da população mais vulnerável.
O estudo coletou e analisou as informações de nove favelas do interior, capital ou região metropolitana de São Paulo. Além de trazer um pouco do cenário de cada local, os dados ainda evidenciam as semelhanças no enfrentamento das desigualdades sociais.
Confira alguns dos destaques da pesquisa:
Em Verdinhas, comunidades em São Miguel Paulista, em São Paulo, 1 em cada 4 famílias vive em locais que necessitam de ações para mitigar os riscos e garantir o direito à moradia adequada, como possibilidade de desabamento ou inundações no terreno. A remuneração média por mês é de R$ 1.778,50. O principal motivo estar na comunidade é a impossibilidade de pagar o aluguel.
Na comunidade de Fazendinha, em Osasco, região metropolitana de São Paulo, 3 em cada 5 pessoas empregadas não contam com registro em carteira de trabalho. Apenas 17% da população possui ensino médio completo. As casas de madeira ou sucata são maioria, representando 52% das moradias.
Em Porto de Areia, no município de Carapicuíba (SP), apenas 6,5% da população acima dos 17 anos considera que terminou os estudos. A necessidade de trabalho foi o principal motivo, seguido pelo nascimento dos filhos. A entrada de insetos e roedores, como ratos, é um problema frequente para 1 a cada 5 famílias na região.
Para Camila Jordan, diretora executiva da TETO Brasil, a pesquisa surgiu a partir da indignação da TETO sobre as condições socioeconomias das famílias em favelas e comunidades vulneráveis. “Faltam dados, conhecimento territorial e ações coordenadas com precisão. As soluções emergenciais, que surgem apenas após grandes tragédias, não resolvem o problema no longo prazo”, explica. “Para enfrentar essa realidade de forma efetiva, são essenciais investimentos massivos em políticas públicas.”