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"Quando o petróleo acabar, a Petrobras precisa produzir energias para atender ao mundo”, diz Lula

O presidente brasileiro participou de uma coletiva de imprensa em Nova York e destacou o Brasil como 'celeiro' da transição energética, além da possibilidade de petrolíferas abrirem mão de combustíveis fósseis no futuro e proverem fontes limpas

Lula, presidente do Brasil: "Nenhum país do mundo tem as condições que temos para ser exemplo de como fazer a energia mais limpa do planeta" (Rodrigo Caetano/Exame)

Lula, presidente do Brasil: "Nenhum país do mundo tem as condições que temos para ser exemplo de como fazer a energia mais limpa do planeta" (Rodrigo Caetano/Exame)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 26 de setembro de 2024 às 12h28.

Última atualização em 26 de setembro de 2024 às 13h53.

Um país que vem exercendo sua democracia mesmo em meio ao extremismo, dando uma chance a si mesmo após um período de muita incerteza e com um potencial gigantesco que "não pode ser jogado fora" na transição energética mundial: "é deste Brasil que estamos falando", destacou o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante coletiva de imprensa com jornalistas na Assembleia Geral da ONU, em Nova York.

"Temos uma chance fantástica neste século. O Brasil tem que ser o celeiro da energia renovável. Isso nos dará a grandeza que precisamos para nos transformarmos em uma economia justa, sustentável e com qualidade de vida para o seu povo", disse.

Com 90% da sua matriz energética renovável, uso de etanol há pelo menos 5 anos e biodiesel desde 2013, o presidente relembrou o forte potencial das hidrelétricas, o crescimento extraordinário da eólica e solar, assim como a possibilidade de produção do hidrogênio verde. "Nenhum país do mundo tem as condições que temos para ser exemplo de como fazer a energia mais limpa do planeta", reiterou.

Questionado sobre um encontro com a gigante petrolífera Shell durante sua agenda nos EUA e a possível exploração da Margem Equatorial brasileira, Lula disse não ver nenhuma contradição. "Só vai para a Margem Equatorial se o Brasil autorizar a Petrobras a fazer pesquisas. O que precisamos ter consciência é que não estamos num mundo em que podemos simplesmente acabar com os combustíveis fósseis. É preciso apontar como vamos viver sem energia fóssil, até nos adaptarmos a fontes limpas".

Embora o hidrogênio e o carro elétrico sejam ótimas alternativas para um futuro mais sustentável, ainda são muito incipientes, exemplificou. Ao mesmo tempo, haveria um uso e desenvolvimento local de anos em etanol e biodiesel. "Vamos utilizar o potencial de exploração do petróleo para que possamos transformar a Petrobras em uma empresa de energia. Quando o petróleo acabar, ela precisa produzir outras energias que o mundo precisa", frisou.

Além disso, Lula falou sobre as perspectivas positivas para o G20 no Rio de Janeiro, uma série de encontros que terão como foco o combate à fome, pobreza e desigualdade — as três dimensões do desenvolvimento sustentável — e a reforma da governança global.

"Para minha alegria, a aliança global contra a fome e a pobreza tem sido um sucesso, e todos os países têm aceitado participar. O que o Brasil pode oferecer no G20 é apresentar eventos e políticas que deram certo. É preciso colocar o povo pobre no orçamento. Não é só quando tivermos dinheiro, é de forma prioritária. O mundo produz alimentos suficientes, o que precisamos é criar condições para que as pessoas tenham recursos", destacou.

O presidenta também falou sobre a importância de fazermos um G20 social, com representatividade, para mostrar a todos que "conseguimos exercer a democracia em sua plenitude, mesmo em condições adversas".

Outra pauta em cheque foi a necessidade de restabelecimento da paz, com uma proposta em jogo envolvendo a China. Lula lamentou o fato de hoje termos mais conflitos do que em qualquer outro momento da história — golpes de Estado, guerras civis e dramas vividos em Israel, Líbano e no caso da Ucrânia, há mais de dois anos. Para reverter a situação, o Brasil defende uma nova geopolítica e reforma na ONU, visando alcançar a totalidade de continentes representados — inclusive no Conselho de Segurança — e aumentar o poder para que restabeleça seu papel.

"Deixamos claro a necessidade das Nações Unidas voltarem a ter o protagonismo tão importante que tiveram quando a organização foi criada em 1945, sendo fundamental para a criação do Estado de Israel, mas que agora não consegue fazer o mesmo para a criação do Estado palestino", concluiu.

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