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(Vice-Presidência da República/Divulgação)
Editora ESG
Publicado em 13 de novembro de 2024 às 16h57.
Última atualização em 14 de novembro de 2024 às 07h15.
*De Baku
Nada de dobrar a meta quando chegar na meta. Nesta COP29, não teve meme brasileiro, só mesmo a formalização de uma meta climática considerada ousada pelo governo brasileiro, mas avaliada como imprecisa e incompleta por ambientalistas. Já na última sexta-feira, 8, quando o governo divulgou a prévia da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, em inglês), especialistas reagiram.
Entre as principais reclamações, estavam a falta de estratégias setoriais e detalhamento a respeito de financiamento, pouco ou nada sobre combustíveis - sobretudo petróleo e um percentual foco para redução de emissões considerado modesto. Hoje, ao lado de Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, o vice-presidente Geraldo Alckmin entregou formalmente a NDC.
Desde a chegada à COP, em Baku, Alckmin e Marina se empenharam em convencer sobre os compromissos. Em todas as ocasiões que falaram publicamente, defenderam a meta como ousada e factível. E levaram a certeza para o novo documento, que não altera os percentuais de redução de emissões previstos: entre 59% e 67% em relação a 2005, o que representa uma entre 1,51 e 1,71 gigatonelada equivalente de CO2,conforme números oficiais.
Combustíveis fósseis abordados pela primeira vez
Embora apresentada de forma genérica, a estratégia contemplou todos os setores, seja falando de planos existentes ou da criação de novos planos. Pela primeira vez, o documento brasileiro abordou a delicada questão de combustíveis - porém, de forma moderada, por assim dizer. O texto falou muito sobre impulsionar a substituição com biocombustíveis sustentáveis e eletrificação, a médio e longo prazo, condicionando os objetivos ao desenvolvimento tecnológico.
Nenhuma linha, contudo, sobre a questão do petróleo. Lembrando que, atualmente, o Brasil é o principal produtor petrolífero da América Latina, gerando aproximadamente 3,5 milhões de barris por dia. E do mesmo modo que o anfitrião da cúpula do clima, o Azerbaijão, tem resistências sobre deixar de explorar seus recursos, uma incompatibilidade com os compromissos climáticos.
Talvez por esta razão, Marina Silva tenha destacado em todas as oportunidades, o fato de o país ser referência mundial em transição energética e ter a matriz elétrica com maior uso de energia renovável entre as nações do G20. A ministra também abordou continuamente a questão de financiamento.
A ONU ficou contente
Pouco depois da cerimônia de formalização simbólica do documento, Simon Stiell, chefe da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), fez uma publicação em uma rede social, saudando o Brasil que, em suas palavras, "está na frente na entrega de ações climáticas, enquanto o país se prepara para sediar a COP30 no próximo ano".
Stiell destacou como "o plano brasileiro abrange todos os setores da economia e gases de efeito estufa, com metas reais de redução e incorpora o que foi acordado na COP28.". E considerou que a NDC brasileira, assim como a do Reino Unido, envia um forte sinal a todas as nações aqui, com duas grandes economias do G20 transmitindo a clara mensagem de que a ação climática está em ascensão.
Nesta quinta-feira, 13, boa parte da delegação brasileira, incluindo o vice-presidente, deixam Baku de volta para o Brasil, onde está prevista a participação do time de representantes na reunião do G20, no Rio de Janeiro, a partir do dia 18.
Colaborou Talita Assis