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profissional de ESG (jeffbergen/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 20 de agosto de 2023 às 08h29.
Por Nelmara Arbex*
A Diretiva de Relatórios de Sustentabilidade Corporativa (CSRD) da União Europeia está transformando os relatórios ambientais, sociais e de governança (da sigla em inglês, ESG). A partir de 2024, quase 50 mil empresas estão sujeitas a relatórios obrigatórios de sustentabilidade, incluindo empresas de outros países, mas que têm filiais que operam ou estão cotadas em mercados regulamentados nesta região. Esse é um fato relevante para centenas de empresas no Brasil.
Foi publicado o primeiro conjunto de projetos de Normas Europeias de Relato de Sustentabilidade (ESRS) do CSRD. Estas são muito mais rigorosas em termos de âmbito e profundidade dos requisitos de divulgação do que a atual Diretiva Relato Não Financeiro. As empresas afetadas devem agora relatar de acordo com os ESRSs e apresentar métricas e metas para muitos indicadores
Na mesma direção, recentemente a International Financial Reporting Standards Foundation (IFRS) anunciou um novo conjunto de requisitos, projetado para fornecer aos investidores informações claras e transparentes sobre a sustentabilidade de uma empresa e riscos e oportunidades relacionados ao clima.
A publicação das duas primeiras Normas IFRS para Relatórios de Sustentabilidade (IFRS® Sustainability Disclosure Standards) é um marco importante na visão do International Sustainability Standards Board (ISSB).
Nas últimas duas décadas, os relatórios ESG aumentaram escopo e importância, com cada vez maior integração dessas informações com os dados financeiros convencionais. Isso vai na direção que temos observado de que resultados financeiros serão impactados por aspectos ambientais e sociais e precisam ser tratados quando a performance financeira de uma empresa é avaliada.
As empresas e os profissionais envolvidos com a elaboração de relatórios corporativos financeiros e não financeiros precisam acompanhar essa agenda de forma mais intensa do que no passado. As mudanças serão cada vez mais frequentes e a integração mais clara. Isso exigira de empresas e profissionais conhecimentos e sistemas de gestão muito melhor do que tem sido em geral utilizado pelas organizações.
Apesar de muitas vezes tratados como exercício “secundário” na gestão de aspectos ESG e integração deles com a estratégia de negócios da empresa, são os relatórios corporativos que ficam como documentos preparados pelas empresas e passíveis de verificação e asseguração. Eles são analisados por inúmeros profissionais de mercado, especialistas e formadores de opinião.
Assim, no lado ambiental, além de acompanhar o seu desempenho em matéria de impactos climáticos, economia circular e emissões de gases que causam efeito estufa, as organizações devem ser transparentes sobre a forma como combatem a perda de biodiversidade e gestão cada vez mais crítica de recursos hídricos.
Desafios sociais como a forma como garantem qualidade de vida aos próprios colaboradores, ou dos terceiros, como implementam políticas de inclusão, como mantem diversidade em sua governança, como verificam condições de trabalho em sua cadeia de fornecedores também fazem parte da nova RSC e das novas diretrizes da União Europeia.
Além disso, as divulgações relacionadas a políticas de conduta comercial, incluindo corrupção e prevenção de suborno, atividades de lobby e práticas de pagamento são abordadas nos padrões para relatórios corporativos em várias formas.
No caso do RSC, uma vez que algumas organizações só têm um ano antes do início do primeiro período de referência, é vital estar preparadas, considerando itens-chave, tais como estabelecer um grupo de trabalho, definir uma estrutura de governança liderada pelo conselho para acompanhar e integrar o ESG aos sistemas de gerenciamento de dados assim como no de análise de riscos corporativos.
À medida que o desempenho ESG das empresas está sob crescente escrutínio, os relatórios estão se tornando prioritário. Mesmo as empresas que estão bastante avançadas, elas serão obrigadas a apresentar melhorias significativas na maneira como coletam, processam e relatam dados em tópicos ambientais, sociais e de governança em toda cadeia de valor. Acompanhar e adaptar-se aos regulamentos de sustentabilidade em evolução tornou-se uma demanda estratégica para a organização e para a sociedade como um todo.
* Nelmara Arbex é sócia líder de consultoria em ESG da KPMG Brasil e América do Sul.