ESG

Apoio:

logo_unipar_500x313
logo_espro_500x313
Logo Lwart

Parceiro institucional:

logo_pacto-global_100x50

Por que é da saúde o recorde de CEOs mulheres?

Na indústria farmacêutica, uma em cada três posições de alto escalão são ocupadas por executivas, em uma média acima dos demais setores. Como o passado explica o presente?

Giovana Pacini, uma das muitas mulheres no alto escalão da indústria farmacêutica, setor onde elas estão em maior número no CLevel. (Foto/Divulgação)

Giovana Pacini, uma das muitas mulheres no alto escalão da indústria farmacêutica, setor onde elas estão em maior número no CLevel. (Foto/Divulgação)

EXAME Plural
EXAME Plural

Plataforma feminina

Publicado em 1 de outubro de 2024 às 08h00.

Última atualização em 1 de outubro de 2024 às 11h29.

Tudo sobreExame Plural
Saiba mais

Por Giovana Pacini*

A inovação, essencial para a sobrevivência humana, é um pilar fundamental da indústria farmacêutica, ao pensarmos sobretudo na garantia de qualidade e expectativa de vida. Porém, como líder nesse setor centenário, aprendi que inovação nem sempre é disrupção, mas a busca constante por soluções também na gestão – muitas vezes não contadas pela história.

Se estou em um cargo de liderança na indústria, é porque outras mulheres vieram antes de mim. O que já foi, sem dúvidas, uma grande inovação, impulsionada pela Primeira Guerra Mundial, quando muitas passaram a ocupar postos de trabalho antes reservados apenas para homens. Até então, enquanto eles iam para a batalha, foram as mulheres que sustentaram atividades essenciais em uma sociedade devastada pela pobreza, insegurança, doenças e fome.

Durante a Primeira Guerra Mundial, mulheres na Inglaterra foram admitidas na Força Aérea Real e em outros corpos auxiliares, somando 100 mil integrantes. Na Rússia, Alemanha e França, atuaram em hospitais militares. Na Segunda Guerra Mundial, o papel das mulheres se expandiu ainda mais, com 225 mil nas forças armadas britânicas, 450 a 500 mil nas americanas e aproximadamente 500 mil nas alemãs.

No setor farmacêutico, dominado por multinacionais europeias e norte-americanas, a Merz foi impactada pelas guerras. Após o bombardeio da sede em 1944, a empresa se reinventou, incentivando mulheres da família a assumirem o negócio e se capacitarem para a sucessão e administração da empresa - um movimento natural, visto que a demanda por medicamentos aumentava enquanto a mão de obra masculina diminuía.

Esse período marcou, portanto, uma grande busca por educação, treinamento e qualificação para mulheres. A percepção social da mulher no mercado de trabalho mudou, e a presença feminina no setor farmacêutico aumentou. E neste contexto, a indústria manteve sua essência, buscando o bem-estar social pós-guerra e reforçando o papel das mulheres com políticas afirmativas.

A história reflete a realidade que vivemos. Quando comparamos o número de mulheres que ocupam cargos de liderança em diferentes setores, vemos que, em média, 17% das empresas são lideradas por elas, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Talenses Group com o Insper. Contudo, na indústria farmacêutica, quase 1 em cada 3 (32%) posições de alto escalão, como presidência, vice-presidência e diretoria, são ocupadas por mulheres, de acordo com a Central de Pesquisas do Sindusfarma, em 2023, a pedido do LeaderShe, grupo de mulheres da indústria do qual faço parte.

Sem dúvida, o caminho ainda é longo para alcançarmos a política 50/50 da ONU, também conhecida como “Por um Planeta 50-50 em 2030: um passo decisivo pela igualdade de gênero”. No entanto, quando pensamos nos resultados tanto para o negócio quanto para o ambiente corporativo, que passa por um processo de necessária humanização, vemos que estamos no caminho certo.

O olhar ‘cuidadoso’ que um dia fez a mulher ser vista limitadamente como uma pessoa feita para administrar somente lares e famílias traz para o mercado de trabalho líderes com uma maior capacidade de entender e se conectar com suas equipes, promovendo um ambiente de trabalho mais colaborativo e harmonioso, além de uma maior flexibilidade e capacidade de adaptação a mudanças, o que é crucial em ambientes de negócios dinâmicos.

Mas é preciso abrir os olhos para ver a realidade e entender que o viés consciente do papel da mulher na sociedade ainda é uma pauta que precisa ser protagonista das discussões no mundo dos negócios. O mercado farmacêutico é um exemplo a ser seguido, mas, mais do que isso, é preciso conscientização de que políticas afirmativas são o primeiro passo para qualquer empresa colher os frutos da equidade de gênero.

*Giovana Pacini é country manager da Merz Aesthetics Brasil

Acompanhe tudo sobre:LiderançaDiversidadeMulheres executivasExame Plural

Mais de ESG

Como as tarifas de Trump podem impactar o mercado energético brasileiro?

Mata Atlântica perdeu 200 mil campos de futebol de vegetação em uma década, diz estudo

Nova iniciativa pode destravar mercado de carbono regulado no Brasil

No Dia de São Valentim, o chocolate pesa no bolso – e a culpa é das mudanças climáticas