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Por que a indústria de energia solar da União Europeia corre o risco de colapsar?

Mais baratos, painéis chineses estão dominando o mercado mundial

A UE produz apenas 3% dos painéis solares instalados no ano passado (Divulgação)

A UE produz apenas 3% dos painéis solares instalados no ano passado (Divulgação)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 6 de fevereiro de 2024 às 09h43.

Última atualização em 6 de fevereiro de 2024 às 12h48.

A indústria de energia solar é uma das mais estratégicas no mundo neste momento em que tanto se fala de transição da matriz energética, fontes limpas e renováveis etc.

De acordo com o site Politico, representantes europeus da indústria de energia solar estão apreensivos com o crescimento da China nesse setor. Eles pedem para a União Europeia intervir contra os produtos chineses, que contam com pesados subsídios. Isso torna os painéis solares do país asiático mais baratos.

A Comissão Europeia, órgão executivo da UE, emitiu um comunicado discreto e burocrático sobre a situação nesta segunda-feira, o que desapontou os executivos da indústria solar, que esperavam algo mais enérgico. Para alguns, o posicionamento de Bruxelas parece um sinal de "já ter entregue os pontos". Na visão mais pessimista de especialistas consultados pelo Politico, a indústria solar europeia pode entrar em colapso em algumas semanas.

Outra corrente é contra a taxação dos painéis chineses, já que restringiriam importações tão necessárias para a economia neste momento.

"A situação é realmente problemática", disse Johan Lindahl, secretário-geral do Conselho Europeu de Fabricantes de Energia Solar (ESMC, siga em inglês), que representa os produtores locais. "Podemos perder a maioria da indústria europeia nos próximos meses se não houver um sinal político forte."

Embora a Comissão Europeia tenha iniciado conversas preliminares sobre opções para ajudar os produtores, ela não firmou compromissos durante um debate no Parlamento Europeu, que muitos esperavam que o bloco estava coeso.

"Os preços baixos são claramente um desafio para os produtores de painéis solares da UE", disse a chefe de serviços financeiros da UE, Mairead McGuinness, aos membros do Parlamento Europeu em Estrasburgo, acrescentando que o órgão executivo da UE "trabalhará em estreita colaboração com a indústria da UE para empregar todos os esforços no nível técnico e político" para ajudar os fabricantes.

"Nosso mercado está sendo atacado por importações mais baratas impulsionadas por enormes subsídios", disse o político de centro-direita Liudas Mažylis, do grupo do Partido Popular Europeu. "Temos que pensar em fornecer apoio imediato aos fabricantes de energia solar."

"Espero mais da Comissão... porque, caso contrário, não conseguiremos alcançar nossos objetivos de política industrial", acrescentou representante de centro-esquerda Matthias Ecke, dos Socialistas e Democratas.

Batalha quase perdida

A indústria solar europeia vem há meses instando Bruxelas a liderar uma compra de ações de fabricantes liderada pela UE para ajudar no financiamento; a relaxar mais as leis de auxílio estatal para iniciativas solares; e a adotar regras que favoreçam os produtores locais para projetos de energia verde.

"Tais iniciativas poderiam sustentar a indústria por dois a três anos", disse Lindahl, da ESMC, pensando em novas leis da UE que possam favorecer as fábricas locais e penalizar produtos estrangeiros feitos com trabalho fruto de abusos. "As regras tornarão os produtores da UE mais competitivos", afirmou Lindahl, dado que Pequim enfrenta acusações de abusos dos direitos humanos em sua cadeia de produção de energia solar.

Entretanto, esse apoio pode ser caro e sem perspectiva de sucesso. A indústria de energia solar da UE não mostra sinais de que pode competir com a China no longo prazo. Pequim controla mais de 80% da capacidade global de fabricação de energia solar, enquanto a UE produz apenas 3% dos painéis solares instalados no ano passado.

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