ESG

Poluição do setor elétrico global já supera níveis pré-pandemia

As emissões do setor elétrico voltaram a aumentar no primeiro semestre e agora estão 5% maiores do que no mesmo período de 2019

Combustíveis fósseis: o futuro do petróleo encabeça preocupação do Observatório do Clima (Alexandros Maragos/Getty Images)

Combustíveis fósseis: o futuro do petróleo encabeça preocupação do Observatório do Clima (Alexandros Maragos/Getty Images)

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Bloomberg

Publicado em 25 de agosto de 2021 às 13h12.

Última atualização em 25 de agosto de 2021 às 13h33.

As geradoras de eletricidade do mundo inteiro estão poluindo mais do que antes da pandemia, colocando em risco as metas de zero emissões líquidas.

As emissões do setor elétrico voltaram a aumentar no primeiro semestre e agora estão 5% maiores do que no mesmo período de 2019, antes da pandemia de covid-19, segundo relatório da firma de pesquisas Ember, de Londres. Isso ocorre porque as empresas elétricas estão usando mais carvão para atender à demanda de eletricidade, que também avançou 5%.

O carvão está ganhando espaço em um momento em que os países defendem a ampliação da energia limpa para cumprir ambiciosos compromissos de redução das emissões de carbono. A transição elétrica terá mais peso na definição do aumento da temperatura global do que qualquer outro setor nesta década, de acordo com o relatório. Projetos eólicos e solares supriram a maior parte do acréscimo da demanda global no primeiro semestre, mas não o suficiente para eliminar a necessidade adicional de carvão, especialmente na Ásia.

Energia eólica e solar ultrapassa a nuclear pela primeira vez (Bloomberg/Bloomberg)

“O salto nas emissões em 2021 deveria alarmar o mundo todo”, afirmou Dave Jones, líder global da Ember, em comunicado. “Não estamos nos reerguendo de forma melhor, estamos nos reerguendo mal.”

Estados Unidos, Japão, Coreia do Sul e União Europeia reduziram as emissões do setor elétrico em comparação com os níveis pré-pandêmicos, principalmente devido à contenção do crescimento na demanda de eletricidade.

O relatório foi divulgado um mês depois de a Agência Internacional de Energia prever que as emissões de carbono do setor aumentarão 3,5% neste ano e 2,5% no próximo ano, batendo recorde. No entanto, para atingir as metas climáticas de zero emissões líquidas, essas emissões precisam diminuir 4,4% ao ano, segundo a agência.

“O aumento nas emissões de CO2 agora é uma grande bandeira vermelha para alertar que o mundo está no caminho errado”, afirmou o relatório da Ember, divulgado em 25 de agosto.

Nenhum país teve maior demanda de eletricidade e emissões significativamente mais baixas na geração de energia, acrescentou a firma de pesquisas.

Pela primeira vez, projetos eólicos e solares geraram mais de 10% da eletricidade mundial, ultrapassando a energia nuclear. Globalmente, a energia renovável atendeu 57% do aumento da demanda por eletricidade no primeiro semestre, enquanto o carvão cobriu o resto.

Novas fontes de geração de eletricidade na primeira metade de 2021 (Bloomberg/Bloomberg)

Somente o crescimento do uso do carvão pela China foi maior do que toda a geração da União Europeia a partir dessa fonte poluente no primeiro semestre. Assim, a participação da China na geração global a carvão se ampliou de 50% há dois anos para 53%. A nação mais populosa do mundo promete ser neutra em carbono até 2060.

A Ásia dominou o crescimento da demanda de eletricidade, puxado por Mongólia, China e Bangladesh. Esses três países juntamente com Vietnã, Cazaquistão, Paquistão e Índia supriram esse aumento queimando mais carvão.

A Ember analisou dados de 63 países responsáveis por 87% da produção mundial de eletricidade.

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