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A prioridade nos negócios apoiados é por desenvolver mulheres negras moradoras de periferia, trazendo as empreendedoras para o centro do mercado produtivo (Ambev/Divulgação)
Repórter de ESG
Publicado em 30 de julho de 2024 às 07h00.
Última atualização em 30 de julho de 2024 às 10h56.
Desde 2022, quando deu início aos seus programas de inclusão produtiva, a fabricante de bebidas Ambev já investiu R$ 20 milhões para incentivar negócios ligados ao ramo de alimentos, informação divulgada com exclusividade à EXAME.
Em dois anos, mais de 550 mil pessoas foram impactadas, com uma criação de R$ 600 milhões em benefício financeiro, segundo a empresa. As ações foram implementadas a partir do Bora, programa que deve apoiar até 5 milhões de profissionais e pequenos negócios até 2032.
Com mais de 40 iniciativas para diferentes públicos e tipos de negócios, o objetivo por trás do Bora é acelerar negócios e apoiar a educação de trabalhadores ligados ao ramo de atuação da Ambev, como empreendedoras e entregadores de alimentos e bebidas.
De acordo com Carlos Pignatari, diretor de impacto social na Ambev, a prioridade nos negócios apoiados é por desenvolver mulheres negras moradoras de periferia, trazendo as empreendedoras para o centro do mercado produtivo. “Esse pessoal já está dentro da roda. Vamos ajudar a colocar mais gente nela e fazer com que essa roda gire mais rápido”, explicou sobre o incentivo fornecido pela fabricante de bebidas.O diretor aponta que a escolha dos públicos se relaciona com a intencionalidade da atuação social da Ambev. “Desde a pandemia, as mulheres negras são as mais afetadas com desemprego. São quase 28% da população, mas não são 28% da força de trabalho. Por isso, 84% das pessoas atendidas pelo Bora são mulheres, e 69% delas são negras”, afirma.
Além de pensar nos entregadores e empreendedoras negras, o programa também quer aprofundar a atuação regional a partir da gastronomia local. “Falamos desse tema para estar em áreas onde atuamos e podemos aprender muito. Por isso começar onde já temos expertise, nos restaurantes, ambulantes, entregadores, com quem já está com a gente. Assim levamos escala e chamamos mais parceiros para acelerar seus processos”, aponta.
A capacitação também aplica conhecimentos técnicos, para ajudar com a produção em escala e gerar lucro para o negócio. Quanto à remuneração, cada iniciativa do Bora conta com um retorno financeiro diferente, disponibilizado para equipamentos que revertam no seu trabalho, como micro-ondas e fogão.
Já na conexão, Pignatari explica que as turmas possibilitam o networking entre as integrantes. “São mulheres com atuação no mesmo ramo e com um objetivo em comum, então elas conseguem complementar uma a outra. Se tem uma festa e precisam de salgados e doces, dá para unir dois ou três negócios dessas mulheres. Elas colaboram em eventos, entregas, parcerias para festas e se indicam, o que abre mais portas”, conta.
O Bora Zé é um programa voltado para os entregadores do serviço de delivery de bebidas da Ambev, o Zé Delivery. A ideia é fornecer capacitações rápidas, que geram retorno financeiro a partir do tempo de estudo. “Mesmo quem está em cima da moto não está dirigindo o tempo todo. Tem muito tempo do dia parado esperando um pedido ficar pronto nas dark kitchens. Nessa margem de tempo, dá para eles fazerem cursos de profissionalização que nós fornecemos”, explica Pignarati.Entre as carreiras incentivadas está a área de desenvolvimento de programas e tecnologia, benefício que já proporcionou vagas dentro da própria Ambev. “Nós formamos esse profissional como um desenvolvedor, que entende de tecnologia, e conectamos com as nossas vagas e os nossos fornecedores que precisam de profissionais”, explica.
A ação conta com empresas parceiras para aplicar os cursos e promover o desenvolvimento de carreira desses profissionais após a formação. Uma delas é a Stone, de serviços bancários. “Fizemos recentemente uma sessão de apresentação dos projetos finais do curso com os entregadores, que agora se tornam profissionais de tecnologia”, aponta.
Entre as metas elaboradas pelo projeto, que impacta diretamente nos empreendedores e negócios em maior vulnerabilidade econômica, estão a geração de renda e alívio da pobreza, quando se recebe menos de R$ 667 ao mês, e da extrema pobreza, com renda abaixo de R$ 209 mensais. “No final do dia, inclusão produtiva é a inclusão socioeconômica. Incluir mais gente na roda é agir para melhorar a economia do país, que só cresce se todo mundo crescer”, conta Carlos.
Nos próximos passos da Ambev, o Bora deve atingir ainda mais públicos e contar com novos parceiros para as capacitações e contratações. “O ativista Paul Polman fala que o impacto das empresas só é positivo quando se conecta com a estratégia de negócio. Aqui, queremos fazer essa conexão entre os dois, colaborar mais e trazer ainda mais gente com qualidade para dentro do Bora”, explica.As inscrições estão abertas para o Bora Zé, Bora Empreender com Comida e Juntas na Mesa e na Liderança, projeto de incentivo às mulheres chefs de cozinha. Para se inscrever, acesse os links.