Organizações divulgam resultados da Trilha de Direitos Humanos em 2022 (Prostock-Studio/Getty Images)
Marina Filippe
Publicado em 8 de dezembro de 2022 às 07h01.
O Pacto Global da ONU no Brasil e a consultoria Proactiva apresentaram os resultados da Trilha de Direitos Humanos, por meio da ferramenta Termômetro de Direitos Humanos, em evento realizado em Genebra, na Suíça, durante o 11º Fórum de Direitos Humanos e Empresas da ONU.
As 107 empresas participantes afirmam estabelecer e comunicar padrões de respeito aos direitos humanos a serem seguidos por fornecedores por meio de cláusulas ou anexos contratuais e Código de Conduta. No entanto, apenas 49% possui algum processo para identificar fornecedores com maior potencial de risco de desrespeito aos direitos humanos.
Quase 90% das respondentes adotaram um compromisso público de respeitar os direitos humanos internacionalmente reconhecidos. Mas somente 26% têm uma política específica para endereçar as questões de direitos humanos na organização. As empresas analisadas são de 12 setores, como serviços, agronegócio e florestal, indústria, infraestrutura, tecnologia, transportes, energia, alimentos e bebidas, extrativa, entre outras, sendo que 87% delas têm matriz brasileira.
A Trilha de Direitos Humanos permite que as empresas obtenham um autodiagnóstico inicial sobre governança e temas críticos como trabalho decente, igualdade, inclusão, saúde e segurança ocupacional, incluindo saúde mental, impactos na comunidade, meio ambiente e clima.
Os três temas em que as empresas estão mais avançadas na gestão de riscos e impactos são: meio ambiente (92%), saúde e segurança ocupacional (78%) e trabalho forçado e análogo à escravidão (75%). Por outro lado, as agendas que geram mais desafios na adoção de medidas para endereçar os riscos e impactos são: salário digno (20%), clima (27%) e impactos adversos a comunidades locais, povos indígenas e comunidades tradicionais (41%). Em igualdade, diversidade e inclusão, as empresas adotam mais medidas em relação às mulheres (62%).
“A Trilha de Direitos Humanos nos mostra o caminho que o setor privado brasileiro tem adotado dentro dessa agenda. Precisamos cada vez mais cuidar das pessoas, e as empresas têm entendido isso, visto que 90% das companhias possuem compromissos públicos. Agora o desafio é atingi-los", disse Camila Valverde, COO do Pacto Global da ONU no Brasil, em evento em Genebra.
Para Tayná Leite, Gerente Sênior de Direitos Humanos e Gênero do Pacto Global da ONU no Brasil, trabalhar com direitos humanos no setor privado, de forma propositiva, ainda que crítica, requer criatividade e resiliência. "É trabalho de formiguinha. O tema do 11 Fórum de Empresas e Direitos Humanos da ONU nos relembrou isso, ao colocar as e os “detentores de direitos ao centro” e isso só será possível se, antes, nos reapropriarmos da noção de direitos humanos e da centralidade de se olhar para os sujeitos e sujeitas nesta reconstrução".
"A iniciativa é um marco, pois é a primeira vez que temos dados e informações práticas em escala, que permitem visualizar as áreas de desafio e de oportunidade das empresas participantes", diz Rafael Benke, CEO e fundador da Proactiva
Os Resultados da Trilha de Direitos Humanos em 2022:
• 107 empresas de 12 setores, responderam, com uma boa distribuição entre diferentes setores de serviços, agronegócio e florestal, indústria, infraestrutura, tecnologia, transportes, energia, alimentos e bebidas, extrativa.
• Ainda que mais da metade das respondentes sejam grandes empresas (tanto por faturamento quanto por número de colaboradores e colaboradoras), obteve-se boa amostragem de micro, pequenas e médias.
• 87% das empresas respondentes tem matriz brasileira.
• A média de aderência geral das empresas aos quesitos do Termômetro de Direitos Humanos Proactiva foi de 52%.
• Quase 90% das respondentes adotaram um compromisso público de respeitar os direitos humanos internacionalmente reconhecidos. Mas apenas 26% têm uma política específica para direitos humanos.
• Apenas 27% das respondentes afirmaram estabelecer incentivos de desempenho financeiros para a alta liderança com base em metas e/ou KPIs relativas aos direitos humanos.
• 60% do total de empresas possui procedimentos estruturados para identificar e avaliar os riscos e impactos aos direitos humanos. Dessas, quase 100% identificam e avaliam riscos nas próprias operações, aproximadamente 70% nas cadeias de suprimentos e menos da metade identificam e avaliam riscos relacionados a clientes e/ou consumidor e consumidora final.
• Apenas metade (51%) do total de empresas possui um processo para integrar as conclusões da avaliação de riscos e impactos aos direitos humanos em seus processos de gestão, com estabelecimento de medidas para prevenção e mitigação de riscos.
• Apenas 8% das empresas não possuem um mecanismo de denúncia próprio para receber, processar e resolver manifestações/denúncias internas enquanto para denúncias externas, a quantidade de empresas que não possuem um mecanismo de denúncia próprio mais que dobra (20%).
• Metade (50%) das empresas respondentes não possui um processo formal para comunicar externamente como realiza a gestão dos riscos e impactos aos direitos humanos.
• 81% das empresas definem padrões de respeito aos direitos humanos para sua cadeia de suprimentos. A maioria das respondentes estabelecem e comunicam esses padrões por meio de cláusulas ou anexos contratuais e Códigos de Conduta de fornecedores e fornecedoras.
• 80% das empresas de matriz brasileira definiram padrões esperados/expectativas em relação ao respeito aos direitos humanos para suas cadeias de suprimentos em comparação a 93% das empresas de matriz estrangeira.
• No entanto, apenas metade das respondentes (49%) possui uma abordagem sistemática para identificar as áreas e fornecedores e fornecedoras com maiores riscos e que devem ser priorizados para implementação de medidas de prevenção e mitigação de riscos.
• E apenas metade (52%) possui um sistema de gestão de fornecedores e fornecedoras nos quais os dados da avaliação de riscos aos direitos humanos informam as decisões comerciais.
• Os três temas em que as empresas estão mais avançadas na gestão de riscos e impactos são: meio ambiente (92%), saúde e segurança ocupacional (78%) e trabalho forçado e análogo à escravidão (75%).
• Os três temas em que as empresas apresentam mais desafios na adoção de medidas para endereçar os riscos e impactos são: salário digno (20%), clima (27%) e impactos adversos a comunidades locais, povos indígenas e comunidades tradicionais (41%).
• Na gestão do tema de igualdade, diversidade e inclusão, as empresas adotam mais medidas em relação às mulheres (62%).