Governança: empresas abertas tendem a ganhar com mais transparência e melhorias em seus informes, mostra IBGC (UberImages/Getty Images)
O “G” do ESG tem importância estratégica e os informes obrigatórios de companhias sobre governança corporativa provocam melhorias e amadurecem seu posicionamento no mercado, segundo estudo do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), principal instituição de fomento às boas práticas de governança do país.
O relatório Pratique ou Explique busca revelar a percepção e envolvimento dos profissionais de companhias abertas sobre os informes de governança corporativa. Desde 2018, empresas com ações negociadas em bolsa devem divulgar o documento frequentemente, que segue a premissa “pratique ou explique”, em que as companhias que afirmam não aplicar práticas recomendadas devem justificar quando e por que não o fazem.
O levantamento foi conduzido pelo Grupo de Trabalho (GT) Pratique ou Explique, formado por associações do mercado de capitais, tais como a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima); Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp); Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri) e a própria B3.
A pesquisa contou com a participação de 82 respondentes, entre profissionais das áreas jurídica, relações com investidores, controladoria e auditoria. Destes, 60% fazem parte de empresas listadas no Novo Mercado, segmento da B3 que reconhece empresas com as melhores práticas de governança.
Para 90% dos respondentes, melhorias constantes nas informações prestadas nos relatórios públicos sobre o tema contribui para o amadurecimento da companhia e na definição de práticas mais assertivas. O processo de preenchimento dos relatórios também favorece a aprendizagem contínua.
“A pesquisa confirma a relevância do documento como instrumento de amadurecimento e transparência", disse, em nota, Pedro Melo, diretor-geral do IBGC. "Esses levantamentos nos ajudam, além de identificar pontos de melhoria no preenchimento do informe e de seus impactos no mercado, a entender o cenário da governança corporativa no Brasil e, assim, contribuir para a elevação da transparência e da adoção das melhores práticas".
A maior parte dos profissionais (60%) também acredita que o documento é um importante instrumento de transparência junto a investidores e outras partes interessadas, além de representar um investimento para a companhia, e não um custo (38%). A pesquisa também aponta que, para 79% dos respondentes, a adoção ou não dos princípios e práticas refletidos no informe tem potencial impacto, positivo ou negativo, no valor de mercado da companhia.
Pontos de melhoria
Para ampliar o uso dos relatórios públicos de governança, as empresas devem, segundo os respondentes, ajustar a periodicidade das publicações. Para 37% dos entrevistados, a publicação dos informes deveriam ser sincronizadas à divulgação de outros documentos da companhia, tal como o relatório de sustentabilidade, por exemplo. Cinquenta e oito porcento ainda defendem que o documento poderia ser mais "amigável" em sua estrutura.
"Hoje, temos investidores, reguladores e uma sociedade mais atentos e demandando ações eficientes com foco nas agendas ambientais, sociais e de governança corporativa. Iniciativas que priorizam ESG naturalmente direcionam a companhia para as partes interessadas. As companhias que entenderem isso farão os ajustes necessários e, consequentemente, ganharão mais eficiência", diz Danilo Gregório, gerente de Relações Institucionais e Governamentais do IBGC.