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Camila Valverde, COO do Pacto Global: “Eu me pergunto se já não estamos atrasados. A hora é agora, não é só na COP30” (Monica Silva/Pacto Global/Divulgação)
Repórter de ESG
Publicado em 3 de junho de 2024 às 17h32.
Última atualização em 3 de junho de 2024 às 17h42.
Nesta segunda-feira, 3, o Pacto Global da ONU – Rede Brasil lançou o “Pacto Rumo à COP30”, um programa de metas e iniciativas para mobilizar o setor privado a agir até a realização da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025, que acontecerá em Belém.
O evento foi realizado no Museu da Língua Portuguesa, no centro histórico de São Paulo, e contou com painéis sobre mitigação, adaptação e ações tomadas pelas empresas.
Durante o debate, cujo tema foi a “Responsabilidade corporativa ambiental: impacto e transformação”, o Pacto Global firmou uma parceria com a Agência Nacional de Águas. Por meio de um memorando de entendimento, as organizações concordaram em construir estratégias para o setor empresarial com foco na gestão e resiliência hídrica, tema que deve ser cada vez mais discutido por conta das mudanças climáticas. Também foi firmado uma parceria de longo prazo para debater futuras demandas ligadas ao uso da água.
Com a The Nature Conservancy Brasil (TNC), o Pacto Global da ONU – Rede Brasil, a parceria a longo prazo busca tratar de projetos lineares nas áreas de biodiversidade, resiliência hídrica, mitigação de impactos e transição energética.
Durante o evento, a importância das parcerias foi destacada como um fator essencial para garantir que os debates climáticos não aconteçam apenas durante as Conferências do Clima da ONU. O lançamento contou com a presença de Ana Toni, secretária de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima; Veronica Sanchez, presidente da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e outras lideranças no movimento ambiental brasileiro.
Para Aline Perez, diretora de engajamento corporativo na TNC, criar conexões entre os setores, em especial na busca por tecnologias e inovações, é uma das formas de encontrar soluções para a crise climática. “Estarmos próximos do setor privado é o que vai destravar tecnologias e financiamento para que não precisemos ver outros casos como o do Rio Grande do Sul. Quando mais rápidos e ambiciosos formos, melhor”, contou em referência às enchentes no estado gaúcho.
O programa não conta com metas próprias, mas usa como referências os objetivos climáticos já existentes a partir de outros programas do Pacto Global que buscam a gestão equilibrada dos recursos. O programa conta com uma parceria estratégica com a ONG de comunicação ambiental Carbon Disclosure Project (CDP) e LaClima, associação jurídica voltada para os efeitos climáticos.
O Pacto Global da ONU – Rede Brasil contará com webinars para os trabalhadores do setor ambiental, empresas e ONGs para que se capacitem e engajem no programa. De acordo com Camila Valverde, COO do Pacto Global, o objetivo é de ter 600 empresas engajadas no programa até 2030, em busca de ações coletivas, projetos e capacitações de mitigação e adaptação à mudança do clima.
“O Pacto Rumo à COP30 inclui desde ações de comunicação até programas que nascem agora, como Resíduo NetZero, para que as empresas reduzam suas gerações de lixo, além de outros projetos de adaptação climática. Queremos convidar mais e mais empresas a engajar nessa causa”, contou a executiva do Pacto Global no Brasil.
Em entrevista à EXAME, ela afirmou que apesar de apenas 25% das empresas terem metas ligadas a questões ambientais, o movimento surge para engajar empresas em diferentes níveis de maturidade, desde empresas que ainda não calculam suas emissões na operação até companhias que já possuem metas certificadas em padrões globais. “Reduzir as emissões é um desafio gigante, mas tão grande quanto ele é a articulação e governança desse tema. Entender os efeitos e desafios de cada setor, de financiamento, inovação e tecnologia. O papel do Pacto é esse: gerir os resultados das empresas, combinar como agir e, junto do Ministério do Meio Ambiente, associar diferentes setores e seus objetivos”, explica.
Sobre a COP30, o momento para o diálogo entre setores e empresas é favorável – em especial com a liderança do Brasil no cenário ambiental com a chegada do evento. “Eu me pergunto se já não estamos atrasados. A hora é agora, não é só na COP30”, expõe.
Também participou dos painéis a secretária nacional do clima do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Ana Toni. Ela conta que, apesar da política não conseguir abarcar todas as causas, o Ministério busca incluir temas para ganhar novas perspectivas e fortalecer a política ambiental. “A proposta da ministra Marina Silva é essa. Eu peço engajamento do Pacto Global e das empresas para se adaptarem pela mudança do clima e sairmos mais fortalecidos”, conta.
A secretária conta que o convite do Brasil para sediar uma COP na Amazônia é uma busca pela retomada da liderança climática, mas que exige atitudes. “É absolutamente simbólico ter uma COP na Amazônia, depois da Convenção de 1992 no Rio e da COP em Paris vai ser o movimento global mais importante para o meio ambiente. Mas se a gente encarar a COP30 como um evento, a gente errou. A COP é um processo”, explica ao dizer que o período antes do evento deve ser igualmente decisivo.
Toni afirmou que a definição do presidente da COP30 deve ser anunciada ainda neste ano.