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Usina de etanol da Raízen (Germano Lüders/Exame)
Rodrigo Caetano
Publicado em 16 de dezembro de 2020 às 16h56.
Última atualização em 17 de dezembro de 2020 às 08h33.
Lucro ou sustentabilidade. Em 2020, esse (falso) dilema chegou ao fim. No ano em que a pandemia paralisou a economia, as empresas que atuam com base em princípios de governança social e ambiental (ESG, na sigla em inglês) tiveram melhor desempenho. À medida que essas companhias medem seus resultados financeiros, fica cada vez mais clara a associação entre sustentabilidade e a melhora dos indicadores.
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A Raízen, maior produtora de etanol do país, é um exemplo. No final deste ano, a Moody’s elevou a nota de crédito da companhia de Ba1 para Baa3, ingressando na categoria de grau de investimento. Ao mesmo tempo, o Carbon Disclosure Project (CDP), entidade que realiza análises da pegada de carbono das empresas para o mercado financeiro, elevou a nota da sucroalcooleira também de B para A-.
Coincidência? “Não”, afirma Claudio Oliveira, vice-presidente de relações institucionais da companhia. “Uma coisa está ligada à outra”. Alguns pontos específicos deixam explicita essa relação. Um dos aspectos levados em consideração pela Moody’s em sua nota é o compromisso dos acionistas com a empresa, o que influencia na manutenção do crédito.
Para que uma empresa seja avaliada pelo CDP é preciso que, no mínimo, cinco investidores qualificados façam essa solicitação à entidade. A redução da pegada de carbono é uma vontade dos acionistas e conquistar essa meta melhora a confiança na empresa, o que se reflete em maiores chances de elevar a nota de crédito.
Outro aspecto importante na avaliação do CDP é a transparência. Esse foi um dos pontos fortes da Raízen este ano. A divulgação de informações estruturadas sobre os riscos climáticos aos quais a companhia está exposta também é uma demanda crescente dos investidores. Como a Raízen aprimorou essa comunicação, houve uma melhor na percepção de risco do mercado e, por conseguinte, na nota de crédito.
Planos para o capitalismo de stakeholder
A Raízen divulgou em setembro uma série de compromissos socioambientais, como parte de um plano de 10 anos visando incutir na empresa o capitalismo de stakeholder, modelo de gestão em que o interesse das partes impactadas pela companhia (stakeholders) está acima do interesse dos acionistas. Essa estratégia foi definida a partir de uma análise das metodologias existentes.
“Primeiro nós decidimos quais seriam as nossas prioridades”, explica Oliveira. “Em seguida, pegamos todos os questionários ESG, desde o Índice de Sustentabilidade da B3 (Ise) até o Dow Jones, e determinamos o que seria mais crítico sob a ótica do investidor. Por último, entrevistamos os clientes”. O resultado é um conjunto de seis metas que devem ser alcançadas até o final da década. Elas incluem desde questões de produção, como a redução das emissões e uso da terra, até aspectos sociais, como direitos humanos.
As novas metas da Raízen
Segundo Oliveira, esse jogo da sustentabilidade vem sendo jogado há anos pela Raízen. O que muda com as novas metas é a publicidade e o estabelecimento de números para guiar os trabalhos. “Definir esses parâmetros é um trabalho complexo”, reconhece o executivo. “Mas, vai ficar mais fácil”. Sair da lógica simples e matemática do lucro e entrar na barafunda de critérios lato-sensu do capitalismo de stakeholder exige certo trabalho.
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