Apoio:
Parceiro institucional:
Hamilton Mourão: Vice-presidente falou sobre oportunidades de financiamento na Amazônia durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos. (World Economic Forum/Divulgação)
Apesar de ter responsabilidade majoritária na proteção da Amazônia, o Brasil só será capaz de salvar a floresta com ajuda internacional e apoio do setor privado. A afirmação foi feita pelo vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, nesta quarta-feira (27), durante painel do Fórum Econômico Mundial, cuja edição acontece nesta semana.
O painel “Financiamento para a transição da Amazônia para a bioeconomia sustentável” também contou com as presenças de Gustavo Montezano, presidente do BNDES; Candido Bracher, presidente do Itaú; Eduardo Bartolomeo, presidente da Vale e Ivan Duque, presidente da Colômbia. A moderação foi da líder do Fórum Econômico Mundial para a América Latina, Marisol Barillas.
Mourão criticou o descompasso entre o interesse internacional na preservação da Amazônia e o recebimento de recursos financeiros e técnicos para ações concretas de proteção do bioma. “Mesmo com o aumento no interesse sobre a situação da Amazônia tenha aumentado drasticamente, o mesmo não pode ser dito sobre a cooperação internacional técnica e financeira para a região”, disse.
Segundo ele, o setor privado tem papel fundamental na preservação da Amazônia, e o foco das empresas daqui em diante deve estar no potencial econômico do bioma e na bioeconomia - modelo que une a exploração ambiental com a conservação e a criação de empregos e valor social. “Sem a parceria com os setores públicos e privados e cooperação internacional, o Brasil será incapaz de atingir o objetivo principal de preservação da Amazônia.”
Durante o evento, Mourão repetiu por diversas vezes que o Brasil está comprometido com o desenvolvimento de políticas e leis que permitam o avanço da bioeconomia na Amazônia e com a proteção da floresta. O governante também reforçou que o Brasil irá liderar um painel da ONU sobre o setor energético, ainda em 2021, e relembrou a novo compromisso do país com o Acordo de Paris, que estabelece a neutralidade em carbono até 2060.
A atração de investidores privados e do setor empresarial é algo válido para o setor de energias renováveis, algo prioritário para o Brasil, segundo Mourão. O governante também afirma que o pagamento por serviços ambientais é vital para que haja “um contínuo trabalho para prevenir ilegalidades na região".
Parte dessas irregularidades serão resolvidas com políticas direcionadas a regularização de terras e o pagamento por serviços ambientais. Para isso, o Ministério da Economia tem trabalhado no projeto “Amazônia Verde”, que pretende trazer mais investimentos privados para a região, ressaltou.
"2020 foi, sem dúvida, o ano mais desafiador da história recente. Não apenas para nossa população e economia, mas para o meio ambiente”, disse.
De acordo com Mourão, o governo brasileiro também voltará a negociar o Fundo Amazônia, projeto criado em 2008 em parceria com os governos da Noruega e Alemanha. "O Governo Federal continuará a mostrar comprometimento contínuo com a agenda sustentável, e com projetos promissores nessa área, e para isso, investimentos internacionais são vitais".
Ivan Duque, presidente da Colômbia, defendeu que a proteção da Amazônia vai além da exploração da bioeconomia, mas define o futuro do planeta em relação às mudanças climáticas. “Para valorizar, é preciso entender os problemas que a Amazônia enfrenta”, disse. Apesar de ter apenas 6% da mata no país, cerca de 35% do território colombiano é composto pela vegetação amazônica.
Há 2 anos, os sete países da América do Sul que compartilham a bacia criaram o Pacto de Letícia, que promove a preservação do bioma e seu reflorestamento e procura mitigar os danos das queimadas e desmatamento na região. O desafio agora, segundo Duque, é unir com eficiência a bioversidade a inovação e engajar o setor empresarial na criação de um mercado que priorize a proteção e acelere a implementação de um mercado de carbono.
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou que a transformação digital tem ocorrido muito rapidamente no Brasil e que o setor de agronegócios precisa estar inserido neste contexto de mudança. O País tem, segundo ela, um dos "mais vibrantes" ambientes de negócios, com mais de 2 mil agritechs - startups do agronegócio. O Brasil, afirmou a ministra, tem ampliado os investimentos nesta frente ao longo dos últimos anos.
"Os investimentos passaram de US$ 4 milhões em 2013 para mais de R$ 200 milhões em 2019. Temos mais de 2 mil agritechs trabalhando em diversas áreas, como rastreabilidade, e diversas tecnologias para entregar produtos mais sustentáveis e seguros", disse a ministra da Agricultura, durante a edição virtual do Fórum Econômico Mundial de Davos.
De acordo com ela, a atuação do agronegócio brasileiro está debruçada em diretrizes claras, com cinco eixos: sustentabilidade, inovação aberta, biotecnologia, agregação de valor e agricultura digital.
Tereza Cristina participa nesta quarta-feira de painel virtual sobre a transformação de sistemas alimentares por meio da tecnologia e inovação, no âmbito do Fórum Econômico Mundial de Davos. Ela dividiu a arena digital com representantes de organizações internacionais ligadas à alimentação, dos governos da Índia e África do Sul e ainda de empresas privadas.
Tereza Cristina disse que a próxima década será marcada por "convergência digital e biológica", principalmente, na agropecuária. "Inovação é imprescindível para adequar a agropecuária à realidade global e é o único vetor capaz de conciliar segurança alimentar e preservação ambiental", disse a ministra.
Tereza Cristina também aproveitou a plateia digital e com participação global para evidenciar a importância da integração dos pequenos produtores no setor de agronegócios. Segundo ela, esse é o passaporte para manter o jovem no campo e impedir que a população fique tão envelhecida no meio rural. Destacou, ainda, a importância de ajudar as mulheres que trabalham no campo.