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O primeiro relatório do sexto ciclo do IPCC, lançado em 2021 já havia destacado o aumento médio de 1,1oC da temperatura global do planeta e evidenciado a influência humana neste aquecimento (Marco Bottigelli/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 15 de março de 2022 às 15h37.
Última atualização em 16 de março de 2022 às 11h24.
O novo relatório do IPCC deixou uma mensagem clara sobre a necessidade e urgência de uma ação conjunta entre todos os setores da sociedade para enfretamento às mudanças climáticas. Segundo o relatório as mudanças já são uma ameaça ao bem-estar humano e à saúde do planeta e, por isso, as ações tomadas na próxima década serão determinantes para a resistência da sociedade no médio e longo prazo.
O primeiro relatório do sexto ciclo do IPCC, lançado em 2021 já havia destacado o aumento médio de 1,1oC da temperatura global do planeta e evidenciado a influência humana neste aquecimento, ressaltando a necessidade de reduções rápidas das emissões de gases de efeito estufa. A partir dessas conclusões, o segundo relatório focou em mostrar os impactos das mudanças climáticas, quem são os mais expostos à essas mudanças e as possibilidades de adaptação da sociedade.
O aspecto central abordado pelo relatório foi o fato de as mudanças climáticas já terem causado impactos adversos generalizados, com prejuízos para a natureza e para as pessoas, muito além daquelas observadas nas variações naturais do clima.
Esses impactos se devem principalmente ao aumento na frequência de eventos extremos de calor, frio, chuva e seca e incluem tanto perdas econômicas e materiais quanto não econômicas. Se por um lado podem afetar, por exemplo, a produtividade agrícola e pesca, por outro pode ocasionar a perda de biodiversidade, afetar locais culturalmente relevantes e ameaçar os modos de vida, a saúde e a vida humana.
Os impactos das mudanças climáticas, por serem múltiplos e simultâneos, são difíceis de manejar, pois colocam em risco o equilíbrio dos ecossistemas. A perda acelerada de biodiversidade, por exemplo, é uma realidade que coloca em risco a saúde humana, podendo favorecer a ocorrência de pragas e o surgimento de novas doenças.
Esses impactos são sentidos de diferentes formas de acordo com as condições sociais e as regiões atingidas e podem ser potencializados por desigualdade, pobreza, moradias precárias ou construídas em locais de risco e alta densidade populacional.
O Brasil está sujeito a impactos distintos de eventos extremos devido à sua grande extensão, como intensificação de seca no Nordeste, perdas na produção agrícola devido à extremos de chuvas e de secas, perda de biodiversidade e impactos na infraestrutura litorânea devido ao aumento do nível do mar.
Os impactos das mudanças climáticas já estão sendo sentidos e a tendência é que continuem se intensificando. Por isso é importante desenvolver ações para que o mundo se adapte a essas mudanças, aliadas àquelas que estão sendo adotadas para conter o seu avanço.
Embora algumas iniciativas para adaptação já estejam sendo observadas, elas estão distribuídas de forma desigual por diferentes setores e regiões, expondo aos riscos climáticos as populações e ambientes mais vulneráveis. Além disso, esses esforços têm priorizado a redução de curto prazo dos riscos climáticos, sem transformações realmente estruturais de médio e longo prazo.
O relatório ressalta, portanto, a necessidade de soluções integradas, abrangendo múltiplos setores, para serem planejadas e implantadas nas próximas décadas, que levem em consideração as diferenças sociais e diferentes responsabilidades frente ao risco climático.
Se o momento é de preocupação e chama a todos para agir, ele é também de oportunidades de inovação. Respostas abrangentes e inovadoras são necessárias para integrar as ações de combate às mudanças climáticas e de adaptação aos impactos que já estão sendo sentidos.
Nas cidades, se por um lado as mudanças em suas estruturas e a exposição aos riscos climáticos podem trazer grandes prejuízos, por outro a tendência global de urbanização oferece oportunidades para promover um desenvolvimento que resista a esses riscos.
No setor de transportes ainda há grandes desafios, como a sua adaptação para resistir a eventos climáticos extremos, que precisam ser endereçados. Na gestão de águas as soluções combinando a engenharia tradicional com soluções baseadas em natureza, já tem se mostrado muito eficientes.
De maneira geral é necessário adaptar as populações, a infraestrutura e os processos econômicos aos impactos das mudanças climáticas. Soluções integradas trarão múltiplos benefícios para saúde e bem-estar e meio ambiente, inclusive para povos indígenas, comunidades marginalizadas e vulneráveis.
Saiba mais sobre mudanças climáticas no site A Amazônia em EXAME