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No Dia de São Valentim, o chocolate pesa no bolso – e a culpa é das mudanças climáticas

Segundo pesquisa da Climate Central, regiões produtoras de cacau na África Ocidental sofreram seis semanas a mais de temperaturas extremas do que as condições ideais

Os preços do cacau dispararam 400% nos últimos anos, de acordo com estudo da ONG britânica Christian Aid (PicLeidenschaft/Thinkstock)

Os preços do cacau dispararam 400% nos últimos anos, de acordo com estudo da ONG britânica Christian Aid (PicLeidenschaft/Thinkstock)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 13 de fevereiro de 2025 às 15h35.

O romance corre o risco de ficar amargo neste Dia de São Valentim. A tradicional troca de chocolates, um dos rituais mais populares da data celebrada em 14 de fevereiro em diversos países, está sendo diretamente impactada pelas mudanças climáticas, com preços do cacau atingindo níveis históricos.

Dois novos relatórios, divulgados esta semana, revelam um cenário preocupante para o mercado global de chocolate. Segundo a organização Climate Central, em 2024, as principais regiões produtoras de cacau da África Ocidental – responsáveis por 70% da produção mundial – enfrentaram seis semanas adicionais de temperaturas além das condições ideais para o cultivo do cacau.

O impacto já é sentido no bolso dos consumidores globalmente. De acordo com estudo da ONG britânica Christian Aid, os preços do cacau dispararam 400% nos últimos anos, resultado direto de eventos climáticos extremos, como secas e chuvas intensas na África Ocidental.

Aumento dos preços

"Estou pagando três vezes mais pelo chocolate do que há apenas dois anos", revela Simon Dunn, proprietário da Simon Dunn Chocolates, no Reino Unido. A realidade tem forçado pequenos empresários como Dunn a aumentarem seus preços, resultando em uma desaceleração nas vendas, justamente quando a demanda costuma aumentar para as celebrações de São Valentim.

O cenário é ainda mais crítico para os produtores africanos. "Décadas de subinvestimento e comércio injusto tornaram os produtores de cacau da África Ocidental altamente vulneráveis aos impactos climáticos", alerta Ibrahima Coulibaly, presidente da ROPPA, organização que representa milhares de produtores de cacau.

Com prazo apertado, apenas dez países entregam metas para redução de emissões até 2035

A situação é agravada pela distribuição desigual dos lucros na cadeia do chocolate: os agricultores recebem apenas 6% do preço final de uma barra de chocolate. Além disso, apenas 0,3% do financiamento climático global foi direcionado para agricultores familiares em 2021.

Especialistas apontam que a solução passa pela adoção de práticas agrícolas mais sustentáveis. O plantio diversificado, incluindo árvores como manga, caju e banana entre as plantas de cacau, tem se mostrado eficaz na criação de solos mais férteis e resistentes, além de proteger as plantações contra temperaturas extremas.

"Precisamos ver reduções nas emissões e financiamento climático direcionado aos produtores de cacau para ajudá-los a se adaptar", defende Osai Ojigho, diretor de políticas públicas da Christian Aid.

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